Uma nova praga exótica originária da Austrália que foi descoberta em Israel no ano 2000, começa a preocupar. Trata-se da Vespa-da-Galha. . No Brasil, ela é ainda mais recente e foi reconhecida pela primeira vez em 2008, na Bahia. O adulto é uma minúscula vespa marrom escuro brilhante e mede 1,2 mm de comprimento. Segundo estudos do Ipef (Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais), o inseto é partenogenético, ou seja, por enquanto só foram encontradas fêmeas que dão origem a novas fêmeas, tornando o seu crescimento populacional enorme.
A praga ataca as folhas, formando galhas nas nervuras centrais, pecíolos e ramos finos. Depois, o fluxo normal da seiva é bloqueado levando à queda das folhas. Esses danos podem levar à parada de crescimento de mudas e árvores. Em poucas palavras, a praga causa desfolhamento, deixa a planta suscetível ao ataque de outras pragas e provoca redução de crescimento e vigor da planta, podendo até mesmo levá-la à morte. Para piorar, segundo especialistas, os sintomas são identificados de 70 a 135 dias após o inseto colocar seus ovos nas folhas. Essa é uma informação que pode interferir na comercialização da madeira, mas a Embrapa informa que caso isso aconteça as mudas devem ser devolvidas ao viveiro logo depois de serem adquiridas.
Como outras pragas epidêmicas, a Vespa-da-Galha pode se tornar um problema para qualquer ser vivo. O importante é evitar que ela se propague e que ocorra em situações que permitam controle efetivo e rápido. “Isso já aconteceu com outras pragas do eucalipto e não será diferente com essa”, explica o professor e pesquisador Celso Foelkel.
A Embrapa já discutiu estratégias de combate à praga. São várias as medidas analisadas, como limitar acesso de pessoas a viveiros infectados, já que a praga pode se alojar em roupas e bolsos. Mas por ser nova, a melhor medida encontrada e recomendada aos produtores, foi a destruição imediata das mudas sintomáticas. A incineração de árvores infectadas das florestas e de mudas atacadas dos viveiros não é a solução para se controlar a praga, trata-se apenas de uma medida para evitar que a praga se espalhe e se estabeleça de forma muito rápida.
Assim, os pesquisadores podem ganhar tempo para testarem espécies e clones resistentes à praga, tipos de tratamentos químicos com inseticidas e ainda predadores para controle biológico, o que leva um pouco mais de tempo. Estratégias que detectam a presença da vespa através de um sistema de monitoramento e a seleção de materiais genéticos resistentes também estão sendo testados. Pesquisadores estão atentos e trabalhando com determinação para que em alguns anos mais essa praga possa ser dominada por inimigos naturais e por árvores resistentes a ela.
O Programa de Proteção Florestal (PROTEF / IPEF), juntamente com a Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp, Universidade Federal de Viçosa e Embrapa estão mapeando as ocorrências da praga. No final do ano passado, o monitoramento já estava presente em nove estados: Maranhão, Tocantins, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. |