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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°136 - JULHO DE 2013

Madeira Tropical

Madeira tropical certificada está em alta

O funcionamento das relações já existentes, as demandas e as possibilidades para os produtos florestais manejados por comunidades foram analisados no estudo “Acertando o alvo 3: desvendando o mercado brasileiro de madeira amazônica certificada FSC”, do IMAFLORA, que foi coordenado pela engenheira florestal Patrícia Cota Gomes, coordenadora de projetos e mercados florestais, pelo engenheiro florestal Leonardo Sobral, gerente de certificação florestal, ambos do IMAFLORA e pelo consultor independente Marco Lentini.

O estudo é repleto de indicadores positivos, que apontam o potencial de crescimento do mercado para a madeira amazônica certificada no País. A expectativa de aumento no consumo para os próximos 3 anos é de 67%: Isso é explicado pela vontade de acessar novos mercados, resposta de 50% dos entrevistados. A segunda razão, citada por 35%, é a preocupação com a imagem da empresa. O crescimento de concessões florestais para particulares e obras como a construção de estádios para os eventos esportivos previstos para o próximo biênio também são citados.

A base de dados utilizada é de 2011, e os números parciais de 2013 confirmam a tendência apontada, indicando que pode até ser superada. Foram contatados todos os empreendimentos florestais certificados, incluindo empresas e comunidades proprietárias de florestas, serrarias e indústrias consumidoras de madeira amazônica, com um surpreendente índice de participação nas entrevistas: 80%.

Entre as empresas que acreditam no potencial de mercado do selo FSC e pretendem buscar a certificação florestal está a Batisflor Florestal. É a única empresa no Brasil licenciada para a exploração do mogno. São 190 mil hectares de floresta, em três municípios: Boca do Acre e Piauini, no Sul do Amazonas e Manoel Urbano, no Acre. Pronto para iniciar a derrubada do segundo lote da espécie, que deve render cerca de 40 mil m3 de madeira, Luis Rogério Oliveira, engenheiro florestal da Bastisflor, explica que a certificação FSC se insere em uma estratégia empresarial para ampliação de mercados. “também queremos dar ao nosso consumidor a garantia de que a madeira que ele compra respeita o meio ambiente, o trabalhador e tem uma origem legal”, diz ele.

O Brasil responde pela sexta maior área de florestas com o selo FSC do mundo, somando-se as nativas e as destinadas à indústria de papel e celulose. O estudo mostra que o comportamento do mercado de madeira certificada difere significativamente do mercado de madeira Amazônica. Enquanto a maior parte da madeira tropical certificada, é exportada (68%), o inverso acontece com o mercado de madeira Amazônica, que em sua maioria é consumida no Brasil , segundo dados do Imazon. Da pequena fatia com o selo FSC que fica em território nacional, 14% é comercializada no estado de São Paulo, seguida pela região Nordeste, com 9%.

O Pará é o maior produtor de madeira certificada FSC, representando 48% do total. Rico em comunidades que vivem da extração do comércio das toras e dos produtos florestais não-madeireiros, a região pode ser beneficiado por outra conclusão do estudo do Imaflora: a de que existe grande mercado potencial para o selo FSC comunitário. Sessenta por cento das empresas entrevistadas demonstram interesse na compra de produtos comunitários certificados.

O reconhecimento do diferencial do produto comunitário pelo mercado é a aposta da Comflona, a Cooperativa Mista da Floresta Nacional do Tapajós, que está buscando a certificação. A Comflona reúne 135 associados, que trabalham com a extração da madeira, dos óleos de andiroba, copaíba, látex , com a coleta do piquiá e do sacaca, comercializados in natura.

Kolbe Soares, engenheiro florestal que trabalha para a Cooperativa, explica que os comunitários querem ganhar competitividade para seus produtos, já que há três anos vendem seus produtos para uma única empresa, que exporta os produtos. A motivação da compra dos produtos comunitários é a mesma, a melhoria de imagem junto ao consumidor. Por enquanto, esses produtos representam uma fatia pequena da madeira tropical certificada: 1,4% do total produzido.

Com esse estudo, o Imaflora fecha um ciclo: Em 1999,queríamos saber para onde estava indo a madeira amazônica brasileira e, em parceria com o Imazon e com o Amigos da Terra-Amazônia Brasileira trabalhamos no primeiro levantamento, o, “O Acertando o Alvo”. Para nossa surpresa, identificamos que a maior parte dela ficava no Brasil, ao invés de ir para fora. Isso motivou o segundo estudo que investigou o mercado nacional de madeira Amazônica. E agora, com o Acertando o Alvo 3, queríamos aprofundar no mercado de madeira certificada FSC, identificar as oportunidades e os gargalos desse mercado, uma vez que os compradores estrangeiros se queixavam da pequena oferta da madeira certificada, enquanto as empresas nacionais certificadas reclamavam da falta de espaço para seu produto.