O Brasil destaca-se no setor mundial como maior produtor e consumidor de carvão vegetal, sendo o único país no mundo no qual este insumo tem uma aplicação industrial em grande escala .O presente estudo destaca o uso do carvão entre os indígenas misturados às gorduras animais no tratamento de tumores e úlceras malignas. Outro uso do carvão vegetal é como briquete onde se destaca a briquetagem, que consiste na compactação do resíduo em forma de cilindros ou retângulos, por meio da geração mecânica de elevadas pressões e temperaturas, com o objetivo de aumentar a sua densidade, facilitando seu transporte, armazenamento e otimizando as características energéticas dos resíduos vegetais.
Atualmente, outro uso do carvão vegetal é como enriquecedor de solos, baseado na tradição dos povos antigos da Amazônia que, com a queima de biomassa, deixaram a terra preta muito mais rica que os demais tipos de solos da região. A este produto denomina-se de biocarvão ou “biochar”. Uma das respostas da potencialidade de enriquecer solos com o biocarvão está na justificativa que o carvão vegetal é poroso, de modo que age como uma esponja ao reter água e os nutrientes dissolvidos em água, algo que os solos pobres não fazem muito bem. Diante dessa carência dos solos, é necessário que sejam desenvolvidos estudos para potencializar suas características. Assim, buscou-se identificar a relação ótima entre temperatura de pirólise e porcentagem de porosidade do carvão vegetal a partir de resíduos agroflorestais para contribuir com o estudo de caracterização destes materiais com diversos usos tecnológicos.
Como forma de viabilizar o estudo de verificação de resíduos foram feitas visitas nas feiras de Manaus para nomear os estabelecimentos com maiores números de resíduos, e posteriormente a solicitação para coleta. Os resíduos foram coletados para a fim de determinar características físicas, volume e teor seco.
A carbonização de cada matéria prima foi feita em retorta com aquecimento elétrico, com capacidade de 20 litros em temperaturas a serem estabelecidas de acordo com as características granulométricas do material. . A análise química imediata do carvão seguiu a Norma ASTM D-1762-64-1973, a fim de determinar a densidade relativa verdadeira.
RESULTADOS
Inicialmente foram coletados açaí e tucumã para análise, no entanto somente o açaí foi analisado. Nesse espaço de tempo foi feito a análise de serragem para comparações, e foram obtidos os seguintes dados: o tempo de 55 minutos, temperatura de 200°C, um rendimento de 68,21%.
Os rendimentos do carvão possuem relação direta com o tempo e a temperatura de carbonização. Os dados da amostra de açaí foram: temperatura a 400°C, com o tempo de 149 minutos foi de 43,34%%; a 600°C, 190 minutos, foi de 24,46%. Para a análise química imediata foram obtidos os seguintes dados: temperatura de 400°C, umidade: 0,1%, materiais voláteis: 1,89%, cinzas: 97,25%, carbono fixo: 1,72%. E, a uma temperatura de 600°C: umidade: 0,005%, materiais voláteis: 0,82, cinzas: 96,27%, carbono fixo: 2,80%. O resultado das amostras da densidade relativa verdadeira (400°C e 600°C) e densidade aparente (600°C) foram respectivamente: 1,42g/cm³, 1,37 g/cm³ e 0,78 g/cm³, posteriormente a da porosidade foi de: 43%.
CONCLUSÃO
As feiras da cidade de Manaus, AM, apresentaram um grande potencial para a produção, diagnóstico e distribuição de resíduos agroflorestais, por mais que não exista um centro de tratamento do lixo.
O resíduo de açaí analisado no estudo apresentou características aceitáveis para pesquisas tecnológicas posteriores, visto que, não há literatura de anatomia e silvicultura relacionadas ao açaí. O resíduo apresentou uma densidade aparente de 0,78 g/cm³ e porosidade de 43% em relação a uma temperatura de 600°C, indicando um ótimo potencial para o resíduo, pois quanto menor a temperatura maior o rendimento, uma vez que o rendimento a 400°C (43,34%) foi superior a 600°C (24,46). Porém, dados da carbonização de serragem (carvão vegetal): rendimento de 68,21 % a temperatura de 200°C mostraram que seu rendimento ainda é superior ao biocarvão de resíduos agroflorestais.
Autores:
Renan Coelho Redig, Bolsista PAIC/FAPEAM; Marcela Amazonas Cavalcanti, Orientadora INPA/COTI ; Nelson Silva dos Santos, Colaborador Técnico INPA/COTI |