O Brasil perde o equivalente a US$ 83,2 bilhões por ano com custos logísticos em função de problemas que vão desde a elevada burocracia até a limitada infraestrutura de estradas, ferrovias, portos e aeroportos. O prejuízo representa em torno de 5,6% do Produto Interno Bruto (PIB).
Atualmente as empresas buscam ofertar seus produtos e serviços de maneira rápida, barata e melhor que seus competidores. Para tanto, exige-se uma boa infra-estrutura dos modais de transporte, pois são estes que determinam o tempo de entrega e até mesmo diferenciais de custos finais.
A falta de infra-estrutura no Brasil é algo visível. Há precariedade de equipamentos, estradas, escassez de mão de obra especializada e falta de políticas publicas eficientes. Hoje, empresários já reconhecem a logística como um dos principais fatores de competitividade, pois muitos perderam espaço no mercado por falta de eficiência logística.
Neste sentido, algumas iniciativas estão sendo adotadas através do Plano Nacional de Logística e Transporte (PNL), onde há projetos de melhoramento dos modais, principalmente das rodovias e ferrovias. Além do governo, empresários estão investindo em novas tecnologias e numa maior integração da cadeia de suprimentos, para que assim possam reconquistar seu espaço.
O presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo observa que o déficit de infraestrutura não é o único problema a tornar ineficiente a logística de transporte de bens no Brasil.
A concentração do transporte de mercadorias por rodovias, a idade dos caminhões e o excesso de cargas transportadas por eles; além da extensa jornada diária dos caminhoneiros são problemas que também precisam ser solucionados
Como exemplo existe o fato que no Brasil parte dos caminhões circula há mais de 20 anos. Nos Estados Unidos, a idade limite é de seis anos. Essa frota velha é antieconômica, e os preços do transporte de cargas são formados a partir de práticas insustentáveis, como motoristas trafegando muitas horas por dia e levando excesso de cargas.
Os investimentos em portos, aeroportos, ferrovias e rodovias ficaram paralisados por quase 30 anos, e só foram retomados com o PAC - Programa de Aceleração de Crescimento
O Brasil está entre os principais países em desenvolvimento que apresentam maior potencial de crescimento do mundo. Atualmente está entre os vinte maiores exportadores mundiais e só não possui melhor desempenho por falta de infraestrutura física. Neste sentindo, o grande freio de crescimento é a falta de qualidade dos modais de transporte. O país possui uma boa infra - estrutura de informação, mas deixa a desejar na infra-estrutura física, principalmente no que diz respeito ao sistema ferroviário, rodoviário e marítimo.
O quadro atual da estrutura dos transportes de cargas do país tem apresentado muitas limitações à expansão do crescimento econômico. Com problema de transporte existente, o país vem desperdiçando bilhões de reais, com roubos de cargas, ineficiências operacionais, acarretando em significativa perda de competitividade. O uso inadequado dos modais acabou gerando uma enorme dependência do modal rodoviário, em função dos baixos preços dos fretes. Apesar da enorme costa e dos rios navegáveis, as rodovias tem papel de destaque. De acordo com o Mistério dos Transportes cerca de 60% das cargas nacionais são transportadas pelas rodovias.
RODOVIAS
No Brasil, o uso excessivo das rodovias esta relacionada à simplicidade de funcionamento, pois transporta diversos tipos de cargas, além de poder oferecer serviço de porta a porta.
As rodovias estão lotadas de caminhões cortando o país, e se as estradas ainda fossem boas a defasagem de tempo não seria tão grande como é. Apenas, 11% das estradas brasileiras são pavimentadas, ficando atrás da China, Rússia e Índia. As condições das estradas brasileiras provocam um aumento no tempo de entrega e uma redução na qualidade de serviços, que muitas vezes tem reflexo no cumprimento de contratos, pagamentos de multas por atraso e ate mesmo perda do negócio.
Além, dos problemas com as estradas, os empresários brasileiros ainda enfrentam outro problema: o roubo de cargas. Estudos revelam que só no estado de São Paulo onde circulam mais de 50% das cargas transportadas, os roubos cresceram mais de 20% do ano passado pra cá. Por esse motivo muitas transportadoras não apresentam nenhum interesse de crescimento e estão escolhendo seus clientes
“O Brasil não investe o suficiente para recuperar nem o que perde”, afirma Paulo Resende, coordenador do Núcleo CCR de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral. Se o Brasil investisse, veria os ganhos imediatamente na competitividade das empresas, na melhoria do transporte de cargas e na fluidez da mobilidade urbana. Mas isso significaria ter que aplicar 5,6% do PIB. Nosso patamar atual de investimentos em logística fica em, no máximo, 1,5%.
Na economia do País como um todo, os custos de logística consome de12% a 17% do faturamento das empresas Em alguns setores como o de bens de capital e o de construção os transportes levam 22,7% e 20,9% da receita, respectivamente. A reclamação das empresas fabricantes é de que a malha brasileira não é capaz de transportar produtos com preços competitivos.
As estradas em más condições são o maior entrave. As empresas reclamam das deficiências das rodovias como o aspecto que mais encarece o custo logístico. A carga brasileira é transportada principalmente por rodovias, e os traslados de longa distância são maioria.
Outro problema é a informalidade do transporte rodoviário. Há falta de capacitação de motoristas e riscos de segurança no transporte, e a informalidade reflete-se em acidentes – o que custa caro às empresas. Os acidentes matam em torno de 8 mil motoristas por ano nas estradas, sem contar aqueles que acabam indo para os hospitais e não entram nessa conta.
Nesse cenário, as empresas se esforçam para tentar baixar seus custos com transportes. Terceirizar a frota e serviços logísticos para outros operadores é a ação mais importante para redução de custos O caminho é a empresa saber como agregar valor aos seus transportes. A grande maioria das empresas priorizam o cumprimento de prazo das entregas, o preço do serviço e a confiabilidade nesse tipo de trabalho.
CUSTO BRASIL
Um dos grandes motivos da falta de competitividade das organizações brasileiras no mercado mundial é o alto custo, o chamado custo Brasil. Este custo abrange desde problemas estruturais – infra estrutura - até as burocracias. A carga tributaria brasileira é de aproximadamente 40% do PIB, sendo uma das mais altas do mundo. O mesmo produto agrícola que é produzido no Brasil tem um preço de 35% a mais do que se fosse produzido na Alemanha ou Estados Unidos.
Apesar dos empresários brasileiros investirem nos avanços tecnológicos, na qualificação da mão de obra e no aumento da produtividade, a competitividade brasileira ainda é pequena por causa desse custo Brasil
A crescente globalização da economia apóia-se em sistemas logísticos bem desenvolvidos, que permita que os custos de comercialização de produtos em regiões distantes sejam cada vez mais competitivos. De acordo com os dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), o custo da logística representa em média 12% do PIB mundial e no Brasil os custos logísticos representam 17% do PIB brasileiro. Em geral, a logística é responsável por uma porção significativa do custo final do produto, superada apenas pelos custos com matéria prima e produção. A logística reflete uma preocupação com a necessidade de se obter vantagem competitiva em mercados que estão sujeitos a mudanças rápidas.
Hoje somente serão premiadas aquelas empresas que forem capazes de proporcionar valor adicionado em escala de tempo cada vez menor. Não há duvidas que o problema brasileiro seja estrutural, este por sua vez apresenta conseqüências negativas a toda sociedade. Se o governo não adotar conceitos de planejamento visando o futuro, os investidores deixarão de aplicar recursos no país. O que determina volume de investimento estrangeiro é a expectativa gerada pelo estado no que se refere a medidas políticas e de planejamento. As incertezas de prosperidade -falta de investimento em infra-estrutura- reduzem a possibilidade de manter e ampliar o investimento estrangeiro. Sendo assim, criar condições de competitividade para o setor produtivo nacional é de primordial importância para a economia do país. |