A vespa-da-madeira (Sirex noctilio) é um inseto originário da Europa, Ásia e norte da África e,no Brasil, atingiu, aproximadamente 350.000 ha de Pinus taeda nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, até o ano 2002. As iniciativas para o controle desta praga, no Brasil, foram tomadas pela Embrapa Florestas, com estudos bioecológicos desse inseto. Os danos provocados são severos, podendo acarretar prejuízo estimado em U$6,6 milhões anuais.
Os insetos adultos variam de 1,0 a 3,5 cm de comprimento, apresentam coloração azul escura metálica; os machos apresentam partes alaranjadas em seu corpo e as fêmeas, ovipositor em forma de ferrão de até 2 cm de comprimento, partindo do abdômen.
As larvas de S. noctilio apresentam coloração geral branca, formato cilíndrico, fortes mandíbulas denteadas e um espinho supra-anal. As pupas são de cor branca e apresentam tegumento fino e transparente.
Durante a postura, além dos ovos, a fêmea introduz na árvore os esporos de um fungo simbionte, Amylostereum areolatum e uma mucosecreção. O fungo e o muco, juntos, são tóxicos à planta, causando clorose nas acículas.
As larvas eclodem cerca de 20 dias após a postura e logo iniciam a sua alimentação, construindo galerias no interior da madeira. A secreção salivar e os nutrientes são ingeridos e os fragmentos de madeira, em forma de serragem, são regurgitados e depositados em forma compacta, obstruindo as galerias.
Na fase de transformação em pupa, as larvas dirigem-se para próximo à casca. Na maioria dos casos, o ciclo biológico dura um ano. Entretanto, em árvores muito estressadas ou quando o ataque ocorre em uma bifurcação, pode ocorrer um ciclo curto, de 3 a 4 meses.
As árvores atacadas pela vespa-da-madeira apresentam os seguintes sintomas:
• respingos de resina que surgem das perfurações feitas pelas fêmeas para depositar seus ovos; em alguns casos observa-se o escorrimento de resina;
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• amarelecimento da copa após o ataque, variando desde um tom amarelado, em um estágio inicial, passando pelo marron-avermelhado e seca, até a queda das acículas;
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• orifícios de emergência facilmente visíveis na casca, por onde os adultos emergem;
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• manchas azuladas em forma radial na madeira atacada, causadas por um fungo secundário, Botryodiplodia;
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• galerias no interior da madeira, construídas pelas larvas.
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A vespa-da-madeira é atraída para árvores estressadas que apresentam condições ideais para o desenvolvimento das suas larvas. As preferidas são as árvores de menor diâmetro e as dominadas.
O dano principal é provocado na ocasião da postura. O fungo e o muco injetados desencadeiam várias reações nas árvores, culminando com a sua morte. A madeira das árvores atacadas torna-se imprópria para uso.
O ataque da vespa-da-madeira ocorre, geralmente, da segunda quinzena de outubro até a primeira quinzena de janeiro. A partir do mês de março, grande parte das árvores já apresenta os sintomas de ataque.
Medidas preventivas
A vespa-da-madeira é, essencialmente, uma praga secundária e a prevenção contra ela pode ser feita mediante vigilância e tratos silviculturais. Assim, é importante a observação das seguintes recomendações:
• desbastar os povoamentos de Pinus nas épocas adequadas para evitar a ocorrência de plantas estressadas;
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• remover do povoamento as árvores mortas, dominadas, bifurcadas, doentes e danificadas, bem como restos de poda e desbaste com diâmetro maior que 5 cm;
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• intensificar o manejo em sítios de baixa qualidade, onde haja solos rasos e pedregosos;
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• não efetuar poda e desbaste dois meses antes e durante o período de revoada (segunda quinzena de outubro à primeira quinzena de janeiro);
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• evitar o plantio em áreas declivosas, onde seja difícil realizar tratos silviculturais;
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• tomar medidas de prevenção e controle de incêndios florestais;
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• treinar empregados rurais, de serrarias e de transporte de madeira na identificação da praga;
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• manter e intensificar a vigilância de rotina;
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O transporte de madeira das regiões infestadas para outras aumenta a probabilidade de dispersão do inseto. Assim, as medidas de quarentena são importantes.
O monitoramento da vespa-da-madeira é realizado instalando-se árvores-armadilha. Como a vespa é atraída para árvores estressadas, aplica-se herbicida para promover esse estressamento, tornando-as atrativas ao inseto. Isso facilita a detecção precoce da praga, auxiliando na tomada de medidas rápidas como a liberação de inimigos naturais. As árvores-armadilha devem ser instaladas em povoamentos com nível de ataque de até 1%. Em áreas com níveis maiores que este, deve-se interromper a instalação das árvores-armadilha e investir mais nas medidas de controle.
O monitoramento aéro-expedito é uma técnica muito eficiente, usada, rotineiramente, nos Estados Unidos, no monitoramento de danos causados por pragas e doenças em florestas. Esta técnica, agora disponível no Brasil, através da Embrapa Florestas, auxilia no monitoramento da vespa-da-madeira.
O controle biológico da vespa-da-madeira é feito utilizando-se o nematóide Deladenus siricidicola e os parasitóides Ibalia leucospoides, Megarhyssa nortoni e Rhyssa persuasoria.
O nematóide é o principal inimigo natural da vespa-da-madeira. Ele é criado, massalmente, no laboratório da Embrapa Florestas. Ele parasita as larvas da vespa-da-madeira e se instala no aparelho reprodutor de machos e das fêmeas da vespa-da-madeira. Assim, uma fêmea parasitada, ao emergir, faz posturas em outras árvores mas seus ovos estarão inférteis, podendo conter de 100 a 200 nematóides cada um.
Para o controle biológico, os nematóides são inoculados em tronco de árvores atacadas para que infectem as larvas da vespa-da-madeira que estiverem nesse tronco. A quantidade de troncos a serem inoculados é determinada após um levantamento da intensidade de ataque.
A vespa-da-madeira pode ser controlada mediante uso de parasitóides que são, também espécies da vespas. As fêmeas perfuram a madeira, com o seu ovipositor, até encontrar uma larva da vespa-da-madeira que recebe uma picada e é paralisada. Um ovo é colocado sobre a larva hospedeira e, quando eclode, sua larva inicia a alimentação sobre o corpo do hospedeiro, destruindo-o totalmente. As espécies utilizadas como parasitóides são Rhyssa persuasoria e Megarhyssa nortoni. Após atacarem as larvas da vespa-da-madeira, as larvas de Rhyssa e de Megarhyssa permanecem nas galerias construídas pelas larvas da vespa-da-madeira.
Rhyssa persuasoria que é uma espécie de vespa, de corpo preto, com manchas brancas localizadas na cabeça, tórax e abdômen. As pernas são de cor marron-avermelhada e as antenas totalmente pretas. O comprimento do corpo varia de 9 mm a 35 mm. As fêmeas apresentam ovipositor ligeiramente mais longo que o corpo. O abdômen do macho é alongado e levemente alargado na região posterior;
Megarhyssa nortoni, também, uma vespa, de coloração marrom, preta e amarela, com uma fileira de manchas ovais ao longo de cada lado do abdômen. O comprimento do corpo varia de 15 a 45 mm, com pernas amarelas ou levemente marrons e antenas pretas. As fêmeas apresentam ovipositor semelhante ao de R. persuasoria. No entanto, de comprimento duas vezes maior que o comprimento do corpo. O abdômen do macho é geralmente longo e estreito mas, nos espécimens muito pequenos, este é levemente alargado;
Ibalia leucospoides, também, é uma espécie de vespa, cujas fêmeas adultas, de tamanho variando de 7 a 14 mm, apresentam cabeça preta com antenas quase tão longas quanto o abdômen. Seu tórax é preto e alongado. As asas apresentam coloração cinza e as pernas escuras, tendendo para cores avermelhadas. O abdômen, em vista dorsal, é semelhante a uma lâmina. A principal distinção nos machos, que medem entre 6,5 mm a 12 mm de comprimento, está no abdômen. Este, em vista lateral, apresenta um contorno distinto, com a porção posterior menos aguda. Este parasitóide é um endoparasitóide que coloca os ovos em larvas da vespa-da-madeira de primeiro e segundo estágios de desenvolvimento. Ele passa por quatro estágios de desenvolvimento larval, sendo três dentro das larvas da vespa e o último, externamente, quando saem da larva, destruindo-a. Nesta fase, permanecem nas galerias construídas pela vespa-da-madeira para empupar próximo à casca e emergir, normalmente, um ano após a postura.
Fonte: Susete do Rocio Chiarello Penteado; Edson Tadeu Iede; Wilson Reis Filho , Embrapa Florestas |