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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°134 - MARÇO DE 2013

Mercado

Mercado de produtos florestais mostra evolução

A cadeia produtiva do setor brasileiro de florestas plantadas caracteriza‑se pela grande diversidade de produtos, compreendendo um conjunto de atividades que incluem a produção, a colheita e a transformação da madeira até a obtenção dos produtos finais.

Um estudo da ABRAF – revela que no Brasil há basicamente três grandes grupos de produtores florestais quanto ao porte e tipo da atividade desenvolvida:

• Empresas verticalizadas: empresas consumidoras de matéria‑prima florestal própria, geralmente inseridas nos setores de papel e celulose, painéis de madeira industrializada, lâminas e compensados, serrarias e siderúrgicas a carvão vegetal. Possuem equipe própria para as operações florestais, de modo a garantir a qualidade da matéria‑prima que será consumida na fábrica. Os excedentes de produção florestal geralmente são comercializados no mercado.

• TIMos (Timberland Investment Management Organizations): empresas de gestão de investimentos florestais vinculadas ou não a fundos de pensão estrangeiros (principalmente nos Estados Unidos e Canadá) que adquirem ativos florestais para atuar como reflorestadoras independentes no mercado. Fazem a intermediação entre investidores e os investimentos florestais a partir da concentração de recursos (fundos), da análise das potencialidades do mercado e da operacionalização/gerenciamento de plantios. Possibilitam maior rentabilidade aos investidores ao reduzir a imobilização do capital decorrente da aquisição de ativos. A madeira produzida é comercializada mediante contratos de fornecimento aos consumidores, em geral grandes empresas que processam a madeira, transformando‑a em produtos de maior valor agregado.

• Proprietários independentes: proprietários de terras (pequenos e médios produtores) que investem em plantios florestais como fonte de renda a partir da comercialização da madeira em tora. Podem estabelecer contratos de suprimento, sistemas de parceria operacional (fomento, principalmente) ou atuar independentemente no mercado.

O processamento da madeira ocorre de quatro formas distintas, que caracterizam os seguintes tipos de indústria:

• Indústria primária: realiza apenas um processamento sobre a matéria‑prima (madeira), transformando‑a em madeira laminada, serrada e imunizada, além de carvão vegetal e cavaco.

• Indústria secundária: utiliza produtos obtidos do desdobramento da matéria‑prima (processo primário) para obter o produto final (processo secundário), destinado ao consumidor final ou outras indústrias do setor terciário.

• Indústria terciária: gera inúmeros produtos de maior valor agregado, altamente especializados, para atender às diversas necessidades do consumidor final.

• Indústria integrada (verticalizada): possui dois ou mais níveis de agregação industrial (primária, secundária e/ou terciária) na fabricação de seu produto final, como as indústrias de celulose e papel integradas, que compreendem uma fase primária de produção de cavaco, a fase secundária de produção da celulose, e a fase terciária de produção do papel. Já as indústrias de painéis de madeira industrializada possuem a etapa primária de produção de cavaco, e a secundária de transformação em painéis de MDP, MDF, HDF, OSB.

No Brasil, 37,5% de toda a madeira produzida é utilizada para a produção de celulose. A produção de serrados, painéis e compensados consome 15,8%, 7,8% e 3,5%, respectivamente. O restante (35,4%) é destinado à produção de lenha, carvão vegetal e outros produtos florestais

Ressalta‑se que com exceção da lenha, do carvão vegetal e dos painéis de madeira industrializada, cujo consumo está basicamente concentrado no mercado interno, os demais produtos destinam‑se, prioritariamente, ao mercado externo.

Boa parte dos produtos secundários (móveis, papel, pisos, molduras, ferro e aço, etc.) também é exportada, demonstrando, assim, a importância do cenário internacional para o setor florestal brasileiro.

Principais produtos

As dimensões continentais do Brasil favoreceram o desenvolvimento do parque industrial de base florestal ao longo de todo o seu território. Entretanto, as empresas tendem a se concentrar em regiões onde aspectos regionais e logísticos favorecem a geração de economias de escala. As regiões onde ocorrem as concentrações de empresas ligadas ao setor de base florestal (clusters).



Produção e Consumo



No Brasil, existem cerca de 220 empresas operando no segmento de papel e celulose. O país, em âmbito mundial, é líder na produção de celulose de fibra curta (Eucalyptus), sendo o 6º maior produtor de celulose e o 11º maior fabricante de papel. Há 10 anos, a indústria de celulose cresce em média 5,9% a.a. Em 2010, a produção nacional de celulose totalizou 14,1 milhões de toneladas, crescimento de 4,4% em relação a 2009. No mesmo período, o consumo interno atingiu 6,1 milhões de toneladas, 8,9% superior ao registrado em 2009 (



A produção brasileira de papel é de aproximadamente 9,8 milhões de toneladas,e retomou o crescimento observado no período pré‑crise ao registrar uma elevação de 5,4 % . O consumo superou em 9,5% , totalizando 9,2 milhões de toneladas, reflexo da melhoria do mercado interno e da retomada das importações pelo mercado asiático .

O Brasil é o maior produtor mundial de carvão vegetal. Os principais consumidores são os setores de ferro‑gusa, aço e ferros‑liga e, em menor escala, o comércio e o consumidor residencial. O carvão vegetal apresenta inúmeras vantagens em relação ao carvão mineral. É renovável, menos poluente (tem baixo teor de cinzas), praticamente isento de enxofre/fósforo e a tecnologia para sua fabricação já está amplamente consolidada no Brasil.

Para a economia florestal, a gama de empresas mais relevante no quesito consumo de carvão vegetal faz referência aos produtores independentes de ferro‑gusa, os quais são fornecedores de matéria‑prima para a indústria do aço. A produção chega a 11,6 milhões de m³ de carvão vegetal a partir de florestas plantadas, dos quais 66,2% foram consumidos pelos “guseiros” independentes.

Atualmente, aproximadamente 55,0% da produção brasileira de carvão vegetal ainda é proveniente de florestas nativas. A tendência é que a cada ano o consumo de madeira nativa diminua, sendo substituída por madeira de florestas plantadas, em função do maior controle exercido pelos órgãos fiscalizadores e também pelo aumento das pressões sociais na preservação dos recursos naturais.

Já com relação aos painéis de madeira industrializado, nos últimos 10 anos a produção anual cresceu de 2,7 milhões de toneladas para 6,4 milhões, ou seja, um crescimento médio de 8,2% a.a., consolidando sua participação em determinados segmentos consumidores, principalmente na indústria de móveis de madeira. Da mesma forma, o consumo por painéis de madeira industrializada também cresceu de 2,6 milhões de toneladas, em 2000, para 6,5 milhões, em 2010, um incremento de 8,7% a.a.

O mercado brasileiro de compensados é composto por aproximadamente 300 empresas, as quais, em sua maioria, estão concentradas na região sul do país. Esse mercado é caracterizado pelos altos custos operacionais e pela grande dependência do mercado externo. A produção de compensado chega a 2 milhões de toneladas produzidas



Com relação a madeira serrada estima‑se que existam aproximadamente 600 serrarias destinadas ao desdobro de madeira de plantios florestais, que juntas produzem, 9,0 milhões de toneladas de madeira serrada. Considerando o período dez anos , a produção brasileira de serrados cresceu a uma taxa média anual de 1,7% .

Apesar do forte crescimento da produção de madeira de Eucalyptus, o volume de serrados desse gênero ainda é pequeno. Entretanto, em médio prazo, estima‑se que essa tendência seja revertida.

Nesse mesmo período, o consumo de madeira serrada diminuiu 21,8% em relação ao total consumido, alcançando total de 6,1 milhões de toneladas de madeira serrada.



Em escala menor, a produção de outros produtos florestais, tais como, briquetes, pellets, palanques, pallets, postes e mourões continua a ser realizada. Todavia, a ausência de estatísticas referentes ao mercado desses produtos impede a real mensuração e a análise da potencialidade desses mercados.



Com relação a madeira em tora estima‑se que a produção potencial de Pinus e Eucalyptus seja da ordem 258,6 milhões de m³/ano, ao considerar a atual área de plantios florestais e o incremento médio anual (IMA) para cada região. Do total estimado, 74,9% correspondem à madeira de Eucalyptus e 25,1% à madeira de Pinus .

Entretanto, essa estimativa não representa uma oferta de madeira efetivamente disponível para o período considerado, mas sim uma oferta potencial estimada, uma vez que a idade dos plantios é variável.

A produção de madeira concentra‑se nas regiões Sudeste e Sul do Brasil. No Sudeste, há predomínio do Eucalyptus (93,8%) em relação ao Pinus (6,2%). No Sul, o Pinus predomina em 71,9% da área plantada, enquanto o Eucalyptus representa apenas 28,1% .

Grande parte da concentração dos plantios de Eucalyptus na região Sudeste (60,3%) advém do significativo número de empresas de papel e celulose e siderurgia a carvão vegetal localizadas nessa região. Da mesma forma, a maioria dos plantios de Pinus continua a ser cultivado próximo às indústrias de painéis, serrados, compensados e produtos de madeira sólida, localizadas na região Sul (87,1%) do país .



Segundo o IBGE , a produção anual de toras a partir de plantios florestais totalizou 158,4 milhões m³. Desse total, 68,7% (108,8 milhões de m³) foram direcionados ao uso industrial, 27,0% (42,8 milhões de m³) à produção de lenha e 4,3% (6,8 milhões) ao carvoejamento.

Nos últimos dez anos a produção anual média de madeira de toras no Brasil foi de 139 milhões de m³ e o crescimento médio anual de 3,9%.

Fonte: ABRAF