O reflorestamento é uma das formas mais eficazes para evitar que florestas nativas, como a Amazônia e os remanescentes da mata Atlântica, sejam usadas para produzir papel, móveis, carvão vegetal e chapas de madeira. Hoje, a maior parte da madeira utilizada na produção desses itens vem de áreas reflorestadas, principalmente de plantações de pinus e eucalipto.
Além do reflorestamento manter florestas nativas ilesas também evita a necessidade da criação de uma estrutura para a extração de árvores de uma mata, como estradas e trilhas. Na natureza uma árvore boa para corte geralmente está muito distante uma da outra. Já em florestas cultivadas a matéria prima é homogênea e ordenada, tendo uma produtividade melhor, com a espécie apropriada.
A situação atual do mundo mostra que as florestas plantadas ocupam apenas 3% da área florestal total e representam 22% da madeira consumida para fins industriais. No Brasil a área plantada corresponde a 4,8 milhões de hectares, o equivalente a 0,6% do território. Nessa área são produzidos 300 milhões de metros cúbicos de madeira por ano, o que representa um terço da madeira consumida no Brasil. A maior parte é voltada para o setor de papel e celulose. Os estados com maior participação em áreas replantadas são Minas Gerais, com 35% e depois São Paulo, com apenas 16%. Em seguida vêm o Paraná (14%), Bahia (9%), Santa Catarina (8%), e Rio Grande do Sul (5%). Para atender às necessidades da indústria de base florestal o percentual no Brasil deveria ser o dobro para que a situação seja sustentável.
O Brasil é altamente desenvolvido na prática de cultivo de florestas (silvicultura). Graças ao clima favorável, às diferentes árvores e aos pesquisadores – que criaram diferentes métodos de cultivo e melhoraram geneticamente as espécies cultivadas – a produtividade brasileira é superior à média mundial. Enquanto em outros países considera-se 25 metros cúbicos por hectare um bom índice, no Brasil os números são de 45 metros cúbicos em ciclos de corte bastante curtos (de 7 a 10 anos), enquanto na Europa as árvores para os mesmos fins tem ciclos em torno de 10 vezes maior.
No Brasil , a destruição das florestas costuma seguir um roteiro previsível. Primeiro são retiradas as madeiras nobres, em seguida as espécies menos cotadas. Depois é feito um corte raso para o plantio de mandioca ou pastagens. Por fim, o solo se esgota e a área é abandonada. Para reverter esse quadro, centenas de pesquisadores brasileiros têm procurado formas de recuperar as áreas degradadas. O país tem tradição no reflorestamento, mas, curiosamente, sabemos tudo sobre o pinus europeu e o eucalipto australiano, mas sabemos muito pouco sobre o plantio de espécies nativas.
A maior parte dos trabalhos em pesquisa sobre biodiversidade não contemplam a importância dos recursos genéticos florestais, tampouco das potenciais conseqüências que a perda desses recursos possam ter sobre o setor florestal. Paradoxalmente, os próprios recursos florestais, apesar das perdas crescentes que sofrem, são também altamente demandados, tanto do ponto de vista de fornecimento de material genético para uso em florestas de rápido crescimento, como para fornecimento de um grande número de produtos diretos e indiretos, principalmente no caso de florestas nativas.
As principais dificuldades inerentes às espécies arbóreas nativas e exóticas são: ciclo longo, baixa produção de sementes ou sementes com baixa viabilidade, baixa densidade populacional das espécies, custos elevados de instalação e manutenção de experimentos.
As estratégias clássicas de conservação genética, in-situ e ex-situ são amplamente utilizadas no Brasil, porém verifica-se cada vez mais a necessidade do uso de estratégias complementares que definitivamente promovam a conservação dos recursos genéticos florestais brasileiros. Espera-se que a conservação e uso dos recursos genéticos florestais possam, através de programas de melhoramento genético, contribuir para a diminuição das pressões sobre os ecossistemas florestais e, ao mesmo tempo, aumentar a capacidade de inserção e relevância do setor florestal no Brasil e no cenário mundial, seja pela produção de fibra a partir de florestas de rápido crescimento, seja pela contribuição das florestas nativas, a partir de produtos madeireiros e não-madeireiros.
O mundo científico começa a tomar contato, nesta última década, com a potencialidade de novas ferramentas proporcionadas pela genética molecular. A disponibilidade de organismos geneticamente modificados - OGM's, resistentes a um tipo de herbicida, começam a despertar o interesse do setor florestal em obter florestas clonais formados com OGM's mais produtivas, mais resistentes a fatores bióticos (doenças/pragas) e abióticos (geadas, déficit hídrico), que produzam melhor qualidade da madeira (maior rendimento em celulose, menor teor de lignina, etc).
Apesar do desconhecimento das reais possibilidades de retorno do investimento a curto e médio prazo, os recursos já escassos na área de melhoramento florestal passaram a ser divididos com esses novos interesses, principalmente pelo setor público, que tem priorizado o apoio a essa área na formação de recursos humanos e capacitação de laboratórios em nível nacional.
O desenvolvimento florestal ecologicamente sustentável é entendido como a habilidade da floresta fornecer benefícios múltiplos a longo prazo, seu papel central nos processos de sustentação da vida e seu valor para meio ambiente.
No caso de florestas nativas, existe a expectativa que o manejo sustentável possa garantir a perpetuação dos valores econômicos, ambientais e espirituais, sem causar mudanças na estrutura e função do ecossistema florestal. No entanto, há grupos que defendem que as plantações florestais devem seguir a estrutura e função das florestas naturais, e outros mais pragmáticos, onde a plantação florestal é vista como um agro-negócio que tem que ser economicamente competitivo em relação a outras alternativas de investimentos. O Brasil segue esse último modelo. As altas produtividades observadas nas plantações florestais nesses países resultam da combinação de material genético selecionado (ações de melhoramento genético) e condições ambientais favoráveis (disponibilidade de água, nutrientes e luminosidade). Alguns programas de melhoramento genético já estão incluindo a seleção de material genético mais eficiente na utilização da água e nutrientes do solo, menos sensíveis às mudanças climáticas (mais estáveis).
Entre os aspectos observados nessa última década e que tem contribuído para obtenção de melhores resultados nos programas de melhoramento florestal, participação de diferentes especialistas na discussão e definição das estratégias de melhoramento, onde são considerados desde as variações climáticas e de solo, a produção de mudas, a conservação do solo, o método de plantio, o manejo do povoamento, a proteção contra pragas e doenças, a colheita e as demandas qualitativas do mercado ou consumidor final estão a integração de aspectos de manejo e de melhoramento para a produção de um produto final específico, com base no desenvolvimento de projetos multidisciplinares.
O método clássico de melhoramento de plantas baseia-se no cruzamento entre duas variedades, de maneira a promover uma recombinação de caracteres (hibridação), com a finalidade de aumentar a variabilidade genética. Nas gerações seguintes, faz-se uma seleção dos indivíduos portadores de caracteres desejáveis. Os especialistas elegem plantas com características desejáveis e separam as que não exibem tais características ou as exibem em nível insuficiente. Selecionando repetidamente, ao longo de várias gerações, a característica desejada o leva à população vegetal para a direção que deseja. Após o melhoramento de espécies é possível então, efetuar-se a clonagem.
A partir de estudos efetuados visando o desenvolvimento de técnicas que permitissem a propagação vegetativa de espécies florestais exóticas de rápido crescimento, a clonagem de genótipos promissores vem possibilitando um considerável avanço na silvicultura intensiva de Eucalyptus e Pinus no Brasil. Apesar de caracterizar-se por ser um processo de multiplicação em que não há recombinação genética entre indivíduos, impossibilitando o surgimento de novas combinações de genes na descendência e variabilidade, o uso racional da técnica compatibiliza os possíveis riscos biológicos com os benefícios inerentes da uniformidade.
Para isso, como primeira providência é imprescindível que os programas de melhoramento genético florestal mantenham um criterioso controle de seleção de genótipos que minimize a escolha de indivíduos aparentados massivamente, aspecto que fatalmente levaria a aumento dos riscos caso seja desconsiderado. Também são medidas importantes o controle espacial e temporal da área plantada com clones, procurando-se até certo ponto imitar uma floresta formada a partir do plantio de mudas obtidas por sementes.
Do ponto de vista silvicultural as principais vantagens advindas da clonagem são: otimização do aproveitamento dos fatores de crescimento (luz solar, água e nutrientes dissolvidos na solução do solo), conseguido através do plantio de clones previamente selecionados e adaptados para crescerem em uma determinada condição ambiental; maior facilidade para a adoção de práticas silviculturais, como decorrência do comportamento uniforme das plantas e produção de produtos florestais mais uniformes e de melhor qualidade para industrialização, face à homogeneidade das árvores do povoamento.
Como os métodos de clonagem em escala comercial são constituídos por uma série de etapas, ora mais simples, ora mais complexas, mas que geralmente implicam em consideráveis gastos com infra-estrutura, energia, mão-de-obra qualificada ou especializada, equipamentos e materiais, é de vital importância a otimização das mesmas e uma adequada compatibilização com o cronograma operacional de estabelecimento de florestas clonais.
A clonagem no meio florestal, enfim, é uma técnica altamente eficaz para viabilizar o aumento de produtividade e de qualidade de produtos florestais obtidos a partir de reflorestamento e que também desempenha um papel estratégico para a preservação do potencial de espécies arbóreas nativas.