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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°64 - MAIO DE 2002

Mercado

Novos mercados ampliam oportunidades

O desenvolvimento brasileiro, frente a outros países da América Latina, vem chamando a atenção de mercados externos não convencionais. Em todo o mundo mercados alternativos mostram-se favoráveis a negócios com o Brasil, especialmente em segmentos promissores como o madeireiro e mobiliário. Países do Oriente Médio e da Ásia vem se tornando importantes consumidores e querem ampliar as relações comerciais com empresas de nosso país.

Apesar dos países árabes terem ampliado significativamente as negociações com o Brasil no último ano, principalmente no segmento moveleiro e papeleiro, é com a China que surge o maior otimismo para o setor de base florestal, hoje grande importador de madeira, compensados e, principalmente, celulose. O governo chinês é rigoroso nas questões ambientais e as florestas existentes na China têm o corte proibido, levando à exportação.

Com uma população média de 1,3 bilhão de pessoas e um PIB per capita de US$ 850, o país sinaliza oportunidades para o setor. Apesar de seus 9.600.000 km² de extensão territorial, a China não possui muitas florestas porque 1/3 das terras é destinada à agricultura.

O governo da China previu investimentos da ordem de US$ 1,4 bilhão, de 2001 até 2005. A verba incentivará o comércio com o Brasil, segundo o cônsul geral da República Popular da China em São Paulo, Zhang Jisan. O intercâmbio comercial entre os dois países cresceu 28,5% de 2000 para 2001, atingindo US$ 3,6 bilhões. “Apesar da evolução do intercâmbio nos últimos anos e considerando que os dois paises lideram o ranking dos países em desenvolvimento, há espaço para melhorar esses números”, afirma o cônsul.

Além dos investimentos do governo chinês a atual política do país, focada na captação de investimentos externos, proporcionará incentivo adicional para negócios com empresas brasileiras. As áreas onde os investimentos externos são permitidos vão ser ampliadas na China e a assessoria para viabilizar os investimentos externos também será melhorada. O governo chinês está voltado principalmente para os investimentos em indústrias de transformação e de alta tecnologia. Jisan informou, ainda, que o governo chinês está disposto a ajudar empresas estrangeiras a obter vistos ou facilitar outros processos burocráticos.

Na China, está se desenvolvendo uma idéia chamada de Wuxi – Projeto Cidade Brasil, onde o governo disponibilizará uma área entre 14 e 20 km² para receber empresas brasileiras de diversas áreas. Wuxi está localizada na província de Jingsu, no leste da China, às margens de um grande lago. É uma das 12 cidades turísticas e a região tem uma população de 200 milhões de pessoas. Embora o setor seja bem-vindo naquela região, a preferência é por importar madeira ao invés de ter estas empresas instaladas lá, porque a reserva de madeiras chinesas é escassa.

A região Centro-Oeste da China – dez províncias com 5,4 milhões de quilômetros quadrados e 280 milhões de habitantes (20% da população total) – está tendo toda a atenção do governo chinês para receber empresas estrangeiras por meio de parcerias, fusões, aquisições. As regras locais que não estiverem de acordo com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) terão as mudanças providenciadas. Depois de um processo de negociação que durou 15 anos, a China ingressou na OMC, em dezembro de 2001.

Nas últimas décadas, o mais populoso dos países vem atraindo um número expressivo de investidores estrangeiros. Em 1980, por exemplo, tinha apenas uma empresa do exterior, hoje são 370 mil estrangeiras com um total de US$ 216,5 bilhões de investimentos externos.

O interesse de estrangeiros na China se deve ainda pelo aumento do poder aquisitivo da população. Em 1950, logo após a revolução cultural chinesa, o Produto interno Bruto (PIB) era de 70 bilhões de RMB (moeda local – 1 dólar equivale a 8 RBM), no ano passado o PIB atingiu 95, 933 trilhões de RMB. O total de reservas cambiais do país é de US$ 200 bilhões.

Entidade orienta setor

O presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Tang, recomenda as empresas de base florestal, interessadas em importar para a China, que entrem em contato com o escritório da Câmara Brasil-China, no Rio de Janeiro, para informações. Ele afirma que “existe uma demanda gigantesca por madeira na China, principalmente madeiras duras como ipê, cumaru, maçaranduba e outros”. As madeiras menos nobres a China importa da Indonésia e Malásia, com baixo custo de frete.

A relação comercial Brasil - China tem crescido muito nos últimos anos, passando de US$ 1.54 bilhões em 1999 para 2.5 bilhões em 2000 e 3.23 bilhões em 2001.Um dos motivos é a prioridade que o atual governo brasileiro está dando para as exportações. “Apesar do esforço do governo, as medidas adotadas ainda não são suficientes para transformar o Brasil num país exportador”.

Tang sugere, ao Brasil, a criação de zonas de processamento de exportações (ZPE). A China possui oito ZPEs. Somente a cidade de Xenzen, próxima a Hong Kong, que há 22 anos era um vilarejo de pescadores, hoje exporta 50% do que produz para o Brasil.

Com a entrada da China na OMC, Tang acredita que o valor das exportações podem ultrapassar US$ 5 bilhões. Atualmente o comércio entre os dois paises representa 1 % do comércio bilateral chinês e cerca de 4,5 % do Brasil.

Existe por parte da China uma política oficial de incentivar suas empresas a investirem mais no exterior. Quanto aos novos países investidores, o governo oferece facilidades como redução de impostos e financiamentos.

A Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China (CCIBC) vem promovendo também outras ações para aproximar os dois países. Nas metas consta um programa de feiras brasileiras na China a cada ano par e chinesas no Brasil a cada ano ímpar; a montagem de um showroom do Brasil em Shanghai e em Beijing e showrooms da China em São Paulo e Rio de Janeiro e outros.

Em abril último foi realizada, em Xangai, a Brasil-China Trade Fair, que despertou o interesse de oito delegações de empresas que devem visitar o Brasil nos próximos meses, visando comprar, vender e analisar investimentos e parcerias. Há 16 anos não era realizada uma feira de negócios brasileira naquele país.

O evento foi realizado com os objetivos de reconstruir a imagem do Brasil no mercado chinês e recuperar o espaço pela longa ausência brasileira naquele mercado bem como aproveitar a entrada da China na OMC, que deve abrir ainda mais o leque de negociações. Outra pretensão da Câmara é atrair para o Brasil investimentos da China que hoje possui (incluindo Hong Kong) a soma de US$ 300 bilhões em reservas de divisas. Isso não é tão difícil se considerar que o governo chinês incentiva as empresas de seu país a investirem em outros países.

Esta iniciativa da CCIBC contou com o apoio do governo brasileiro que, através dos departamentos de comércio exterior, organizou uma comitiva de 120 empresários brasileiros para a Trade Fair. Na programação do evento foram promovidas ações como rodadas de negócios setoriais, palestras e seminários. Associações comerciais de várias regiões do Brasil também participaram da feira, que contou, também, com o apoio do governo chinês.

Outro evento importante foi a Feira Internacional de Móveis – Index, realizada em outubro do ano passado, em Dubai, nos Emirados Árabes. A organização ficou a cargo da Câmara Árabe, contou com 17 empresas além de entidades e sindicatos ligados ao segmento moveleiro e recebeu a visita de 27 mil pessoas. Até 2003, a indústria moveleira nacional quer saltar de US$ 485 milhões em vendas externas para US$ 1 bilhão. O mercado Árabe é visto como grande potencial para se atingir essa meta.

Entre os países árabes, a Síria é o que mais compra do Brasil, apresentando um incremento de 173% nas importações brasileiras, até agosto do ano passado em relação ao mesmo período do ano anterior. Em agosto de 2001, foi realizada a 48º Feira de Damasco, na Síria, contando com 3.705 expositores. O Brasil foi representado pelo estande da Câmara Árabe. Entre os produtos brasileiros que mais despertaram o interesse dos visitantes estava o papel e seus derivados. O produto apresentou um crescimento de 214% nas exportações para Arábia, até agosto de 2001, em comparação com o mesmo mês de 2000.

Maio/2002