O geoprocessamento é um conceito cada vez mais atual e necessário para a tomada de decisões do setor florestal. Por meio do processamento informatizado de dados extraídos de imagens retiradas de áreas pré-determinadas, é possível hoje extrair informações bastante precisas que podem mostrar, por exemplo, o desenvolvimento de uma espécie plantada, a influência do clima sobre florestas, áreas de desmatamentos e queimadas, ou ainda o potencial de biomassa atingido no espaço analisado, entre outros. Com esses dados em mãos, o empresário pode tomar suas decisões e planejar o futuro de uma floresta, seja ela um reflorestamento ou não.
Para isso, é preciso gerar imagens, dados e cruzar todas essas informações por meio de ferramentas, conhecidas como Sistemas de Informação Geográficas (SIG, na sigla em inglês), aliando a digitalização de imagens, fotogrametria, o sensoriamento remoto e o GPS.
As primeiras experiências na área do geoprocessamento datam das décadas de 50 e 60. No entanto, as limitações tecnológicas da época impediam que os dados gerados tivessem viabilidade técnica e financeira para que fossem utilizados de forma comercial. Foi na década de 70 que os projetos nesta área começaram a ganhar mais força, com a evolução de recursos na área de informática, tanto de hardwares, como de softwares.
Na medida em que computadores (na época eram apenas um “luxo” que grande corporações podiam sustentar) foram ficando mais acessíveis, e que o desenvolvimento de programas crescia nas áreas de desenho e engenharia, novas soluções foram sendo criadas com o foco no geoprocessamento. Tanto que foi na década de 80 que o segmento deu seu salto evolutivo, e teve uma grande aceleração nas análises, pesquisas e geração de imagens. Hoje, o geoprocessamento é acessível a empresas de qualquer parte do mundo e, mesmo em regiões de difícil acesso, é possível retirar informações e planejar ações com o foco no desenvolvimento florestal.
No Brasil, há atualmente diversos projetos sendo executados na área, tanto para áreas de florestas nativas, como para reflorestamento. A rápida evolução das técnicas e tecnologias disponíveis para o geoprocessamento, as dimensões do território brasileiro e o aprimoramento cada vez maior de empresas e profissionais ligados a esta área criam um mercado de enorme potencial no segmento.
Ferramentas
A utilização correta dos Sistemas de Informação Geográficas podem determinar a precisão das informações geradas em uma determinada área. Entre as ferramentas disponíveis hoje, o sensoriamento remoto é um dos mais utilizados, sendo composto por um conjunto de técnicas que permite a obtenção de informações sobre alvos na superfície por meio do registro de informações geradas por satélites ou por aviões dotados de sistemas de coleta de dados.
Os dados recebidos são transformados em imagens que, cruzadas a outras imagens, ou a dados analógicos, analíticos ou digitais, são interpretados seguindo a orientação que se deseja na análise. Atualmente é comum ainda utilizar de tecnologias avançadas como o GPS (Global Positioning System), que permitem que toda a área seja avaliada com precisão
Todas essas tecnologias ganham, a cada dia, novas soluções específicas para todo tipo de florestas, e para as mais diversas necessidades de análise florestal. Hoje é viável fazer um estudo de geoprocessamento em áreas de grandes dimensões, ou mesmo em terrenos com uma área de alguns hectares, devido à uniformidade nos processos de coleta e análise de dados. São elas a Digitalização, Fotogrametria, Sensoriamento Remoto e o GPS.
1 - Digitalização – é o processos mais utilizado para a aquisição de dados já existentes. Trata-se da transferência das informações gráficas em papel (mapas ou fotos já existentes) para a forma digital. Pode-se utilizar o processo manual, por meio de uma mesa digitalizadora ou instrumento fotogramétrico, ou o processo automático, através de um scanner.
As técnicas usadas para essa transformação são a digitalização manual, que gera mapa na estrutura vetorial, e digitalização automática, também chamada de rasterização, que resulta em mapas na estrutura matricial (raster). A estrutura de dados escolhida para a manipulação não é, no entanto, condicionante. A maior parte dos programas de geoprocessamento atuais permite a transformação entre formatos matricial e vetorial, e vice-versa.
2 - Fotogrametria – a fotogrametria pode ser definida como a obtenção confiável de objetos físicos e do meio ambiente por meio de fotografias, por medidas e interpretações de imagens e objetos. Ela é muito utilizada para a geração de dados cartográficos e foi, durante décadas, a única forma de mapeamento para grandes áreas. Com a evolução da informática e com o desenvolvimento de novas tecnologias para o processamento digital de imagens, surgiu a fotogrametria digital. Hoje, é possível fazer a tomada de fotografias por câmeras localizadas na superfície terrestre, ou ainda a partir de câmeras de alta definição, instaladas em satélites, balões ou aviões.
A fotogrametria pode ser dividida em duas áreas: métrica (envolvendo medidas precisas para determinar formas e dimensões) e interpretativa (direcionada ao reconhecimento e interpretação de objetos).
3 - Sensoriamento remoto – por definição, o sensoriamento remoto é a aquisição de informações sobre um objeto por meio de um sensor posicionado a certa distância deste objeto. Inicialmente considerado um ramo da fotogrametria, o sensoriamento remoto ganhou importância extrema para o geoprocessamento por sua imensa capacidade para geração de dados. Satélites girando na órbita da Terra com sensores de alta resolução, combinados com o processamento de imagens, oferecem às análises atuais inúmeras possibilidades de extração de informações. Vale destacara aqui a diferença entre fotografia e imagem de satélite: a fotografia é gerada pela sensibilização química do papel fotográfico; já na imagem de satélite, há um sensor que detecta (quantifica eletronicamente) a quantidade de energia enviada ou refletida pelos objetos (no caso as florestas).
4 - GPS (Global Position System, ou Sistema de Posicionamento Global) – vem sendo uma tecnologia não apenas eficiente, mas indispensável para mapeamentos, apoiando a a viabilidade de fotogrametrias e o sensoriamentos remotos. Criado para fins militares, ganhou força no uso civil com a evolução da tecnologia, que ofereceu ao sistema grande precisão a custos acessíveis. O GPS, aliados às demais tecnologias, é hoje indispensável na forma de gerar dados para o geoprocessamento.
Análises
Se há várias formas e técnicas para se retirar dados a respeito de uma determinada floresta, é preciso também transformar esses dados em informações de interesse. Para isso, utiliza-se o Sistema de Informação Geográfica (SIG) que, difere-se dos demais pela capacidade de estabelecer relações espaciais entre elementos gráficos. Os SIGs reúnem as seguintes características:
- Ter capacidade de coleta e processamento de dados espaciais obtidos a partir de fontes diversas, como levantamentos de campo (incluindo GPS), mapas existentes, fotogrametria, sensoriamento remoto, entre outros.
- Permitir que dados sejam armazenados, recuperados e atualizados
- Viabilizar que os procedimentos de análise dos dados armazenados sejam flexíveis, com a possibilidade de executar diversas ações
- Exibir os dados necessários tanto de forma gráfica, como na forma descritiva |