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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°127 - MARÇO DE 2011

Tendência

Desafios do mercado brasileiro de produtos florestais para 2011

O período de virada de um ano para outro traz consigo a natural ansiedade dos vários setores produtivos a respeito do que se pode esperar para o ano que se aproxima. O contexto de mudanças cada vez mais rápidas e, muitas, com pouco grau de previsibilidade e antecipação, aumentam esta ansiedade de executivos e tomadores de decisão nos vários setores econômicos nacionais e mundiais.

Recentemente, O Centro de Inteligência em Florestas submeteu aos seus leitores a tarefa de jogar quais seriam os maiores desafios para o setor em 2011. Aos leitores foi oferecido as seguintes opções: o câmbio, a crise nos países importadores, as barreiras comerciais, o custo Brasil, os avanços tecnológicos e a escassez de mão-de-obra especializada.

Dentre esses desafios, os mais citados pelos leitores do Centro de Inteligência em Florestas (CIFlorestas), foram o elevado custo Brasil, cambio desfavorável e avanço tecnológico e mão de obra especializada. Em menor percentual foi citado crise nos países importadores e barreiras tarifárias e não tarifárias.

No que diz respeito ao Custo Brasil, este compromete a competitividade a eficiência das indústrias nacionais, uma vez que encarecem os produtos brasileiros em relação aos produtos estrangeiros. No caso do mercado de produtos florestais o custo Brasil envolve os custos com infra-estruturas deficientes, burocracia, processos de licenciamento ambiental onerosos, elevadas taxas de juros e elevada carga tributária. O grande desafio ligado a esta questão é o fato de que muitas das medidas necessárias dependem da contribuição, negociação e aprovação de vários segmentos políticos e produtivos da nossa sociedade e, ou demandam um período de tempo relativamente longo para serem realizados. Este último aspecto, especialmente preocupante quando se considera que muitas ações essenciais e necessárias que ultrapassam os períodos de mandatos políticos, são relegadas ao segundo plano ou simplesmente ignoradas pelas nossas autoridades.

Na esfera cambial, para setores exportadores como é o caso do setor florestal a apreciação do real é insuportável. A criação do Eximbank, como subsidiário do BNDES, atende em parte aos anseios dos exportadores, porém não resolve a questão do valor do real diante de outras moedas. Algumas medidas do Banco Central sinalizam para uma desvalorização do Real frente às moedas estrangeiras, mas o setor econômico ainda se mostra em dúvida sobre a eficácia das mesmas.

Por outro lado, com a consolidação do crescimento da economia mundial, é possível que a indústria de base florestal brasileira não consiga suprir o aumento da demanda devido às questões tecnológicas e de escassez de mão de obra especializada.

O desafio no âmbito da tecnologia e da mão de obra especializada será o de maiores investimentos em na área florestal para garantir a oferta produtos florestais braileiro0s para o mercado nacional e internacional em 2011, assim como o desenvolvimento de cursos para treinamento ou formação de profissionais na área florestal. Nestes aspectos, os incentivos governamentais são importantes, mas muitos esforços podem e devem se originar do setor privado que precisa investir em pesquisa, desenvolvimento e refino de tecnologias e em treinamento de mao de obra.

Uma questão é a crise nos países importadores de produtos florestais brasileiros como países da Europa, Ásia e Estados Unidos. Apesar de mentos citada pelos usuários do CIFlorestas, tais crises não devem ser desconsideradas pelos formuladores de políticas econômicas, haja visto a vulnerabilidade do Brasil nesse aspecto. Um exemplo disso foram os impactos negativos no setor florestal brasileiro devido à crise econômica mundial ocorrida em meados de 2008 e 2009.

No âmbito das barreiras comerciais, o mercado brasileiro de produtos florestais vem sofrendo com barreiras tarifárias às exportações e com barreiras não tarifárias como restrições técnicas, sanitárias, de certificação, etc. Para contornar esses problemas, sugere-se que às autoridades relacionadas ao setor florestal e as responsáveis pelas negociações bilaterais e multilaterais de comércio do Brasil, se atentem para as taxas cobradas pelas exportações brasileiras e para a possibilidade de reduzi-las nos fóruns pertinentes. O governo brasileiro pode também incentivar a certificação independente de produtos florestais no país.

Sintetizando, além de todos os desafios pontuais mencionados neste texto, o maior de todos será manter o setor florestal funcionando e em crescimento nos próximos anos, como todos esperam. E, sobretudo, conservando bons resultados sócio-ambientais.

Autores:

Naisy Silva Soares, Economista. DSC. Em Ciência Florestal. Pesquisador do CIFlorestas.
Altair Dias de Moura, Eng. Agrônomo. Ph.D. em Gestão do Agronegócio. Especialista em agronegócio do CIFlorestas.
Márcio Lopes da Silva, Eng. Florestal. DSc. Em Ciência Florestal. Coordenador geral do CIFlorestas.
Alberto Martins Resende, Eng. Agrônomo. M.Sc. em Economia Rural. Especialista em agronegócio do CIFlorestas