A forte crise mundial, que afetou bruscamente o segmento exportador brasileiro em 2009, começa a dar sintomas de recuperação. Os setores de madeira e móveis, embora distante dos valores exportados em 2008, mostram crescimento em 2010. O grande salto, entretanto, foi dado pelo setor de papel e celulose, que obteve volume recorde histórico de exportações.
No conjunto, o setor de base florestal ( madeira, móveis, papel e celulose) atingiu em 2010 US$ 9, 47 bilhões em exportações, valor próximo ao de 2008 ( US$ 9,58) considerado o mais expressivo até hoje. Em relação ao ano anterior o crescimento foi de 27%.
A recuperação, mesmo que lenta nas áreas de madeira e móveis está relacionada diretamente a uma mudança no perfil dos produtos exportados. As indústrias exportadoras estão focando seus negócios em produtos de maior valor agregado, o que permite “driblar” o câmbio desfavorável.
O ponto favorável, diante da crise mundial, é o fato da economia interna ter se mantido aquecida, e permitir que muitas empresas migrassem parte de sua produção, voltada a exportação, para o mercado interno. Já no caso de celulose aconteceu o oposto. O preço internacional disparou e compensou a queda cambial, permitindo aumento na produção e nas vendas.
As exportações de madeira chegaram a US$ 1,91 bilhão em 2010, volume 14,2% maior que o mesmo período de 2009, quando atingiu US$ 1,68 bilhão, mas ainda distante dos US$ 2,75 bilhões atingidos em 2008. Os itens de móveis também tiveram crescimento. Em 2010 totalizaram US$ 787,8 milhões, um aumento de 11,6% sobre o volume de 2009.
O volume exportado pelos itens papel e celulose atingiu recorde histórico. As exportações totalizam US$ 6,7 bilhões em 2010, o que representou um aumento de 35,3% em relação ao volume exportado no ano anterior.
Nas exportações de madeira praticamente todos os itens de maior valor agregado aumentaram, incluindo artefatos de madeira, molduras, ferramentas. As vendas externas de madeira compensada chegaram a US$ 418,2 milhões, representando um aumento de 21,8% em relação ao ano anterior; a madeira serrada atingiu US$ 418,1 milhões em vendas externas, ou seja, um aumento de 4,8% em relação ano anterior, e a madeira perfilada totalizou US$ 505 milhões, um incremento de 29,8%.
Outros itens também cresceram como lâminas de madeira com 18,4% ( US$ 30,2 milhões ); painéis de madeira, com aumento de 42% ( US$ 23,7 milhões ); cavaco de madeira com aumento de 21% ( US$ 110 milhões); e molduras com incremento de 34% (US$ 14,4 milhões ).
Queda de 16% nas vendas de painéis de fibra (US$ 57,9 milhões ) e no item portas e janelas, com -4,7% ( US$ 225 milhões)
O maior estado exportador dos itens de madeira continua sendo o Paraná, com US$ 647 milhões (US$ 531 milhões no ano anterior) , vindo a seguir Santa Catarina, com US$ 410 milhões , e o Pará, com US$ 386 milhões.
Dos paises importadores os Estados Unidos continuam sendo o principal comprador, com US$ 576 milhões, um aumento de 15% em relação ao ano anterior (US$ 497 milhões ) . A França é o segundo principal mercado comprador com US$ 147 milhões, e também com aumento de 16%, e a Bélgica com US$ 120,4 milhões, e um aumento de 37% em relação ao anterior. As vendas ao Reino Unido também aumentaram 5,9%, chegando a US$ 108 milhões, Quedas somente na Espanha, Porto Rico, México e Venezuela .
Móveis
No segmento de móveis as exportações reagiram, mas com mudança no perfil de produtos exportados e países compradores.. Em 2010 as vendas externas do setor atingiram US$ 787,8 milhões, valor 11,6% maior que os US$ 705 milhões conquistados no ano anterior. O estado de Santa Catarina é o mais exportador, com US$ 261 milhões vendidos ao exterior em 2010, vindo a seguir o Rio Grande do Sul, com US$ 211 milhões e São Paulo, com US$ 132 milhões.
Móveis para quarto é o maior item exportado, com US$ 251,8 milhões, um aumento de 7,7% em relação ao ano anterior (US$ 233 milhões). Móveis para cozinha totalizou US$ 45,3 milhões, ‘valor muito próximo ao exportado no ano anterior (US$ 43 milhões ), e móveis diversos de madeira chegou a US$ 205 milhões.
A grande inversão veio dos mercados importadores. O maior mercado comprador por muitos anos sempre foi os Estados Unidos, mas em 2010 importou US$ 87 milhões, representando uma nova redução de 8,8% em relação ao ano anterior. A Argentina, passou a ser a maior importadora dos produtos de móveis brasileiros, comprando US$ 130 milhões, um aumento de 78%. A França comprou US$ 73 milhões e o Reino Unido, US$ 69 milhões.
O segmento de papel de celulose é o mais expressivo em valor, com exportações de US$ 6,77 bilhões em 2010. O valor, elevado, foi 35% maior que o realizado em 2009. O item pasta e celulose atingiu US$ 4,7 bilhões, e papel e papelão somaram US$ 2 bilhões.
Nas exportações de celulose a Bahia é a maior exportadora, com US$ 1,54 bilhão, e o Espírito Santo chegou a US$ 1 bilhão. Minas Gerais vem a seguir com US$ 713 milhões. Já em papel e papelão São Paulo exportou US$ 1,14 bilhão, e o Paraná US$ 419 milhões.
Como paises importadores de celulose o grande salto foi dado pela Holanda, que aumentou suas compras em 108%, totalizando US$ 945 milhões em 2010. A China, entretanto, continua sendo a maior importadora, com US$ 1,12 bilhão comprados em 2010. Os Estados Unidos importaram US$ 850 milhões (aumento de 61%) e a Itália totalizou US$ 520 milhões em importação ( aumento de 75%).
Já nos países importadores de papel e celulose a Argentina continua sendo a mais importante com US$ 400 milhões em 2010 ( aumento de 31%) , vindo a seguir os Estados Unidos, com US$ 201 milhões ( queda de 10%). Por outro lado, o Reino Unido, que já havia importado US$ 94 milhões em 2009 (aumento de 42%) saltou em 2010 para US$ 144 milhões, um incremento de mais 52% . |