Podar árvores é uma prática comum, tanto na arborização urbana, como na silvicultura. Essas duas situações possuem finalidades distintas. Na arborização, a poda visa a dar forma às árvores para que elas possam oferecer sombra de maneira segura e com beleza estética. Já na silvicultura com fins comerciais, a poda tem o objetivo de melhorar a qualidade da madeira formada pelas árvores, sem prejudicar o crescimento da floresta. Com isso, os plantadores de florestas poderão aumentar seus resultados com a venda dessa madeira, desde que exista um mercado para ela. Trata-se de uma operação silvicultural complexa e relativamente onerosa, que tem por meta agregar valor ao produto madeira formado pelas árvores podadas, sem perder a requerida produtividade florestal.
Todas as árvores possuem ramos em suas copas. Conforme elas crescem, elas vão descartando alguns ramos improdutivos, que morrem. Com o tempo, eles secam e caem ao solo. Essa é a chamada desrama natural das árvores. Nas florestas plantadas, a competição entre as árvores é acelerada e esse processo de morte de ramos laterais mais baixos ocorre bem cedo nas plantas. Acontece que as árvores crescem também em diâmetro, pois vão formando novos tecidos por ação do meristema chamado de câmbio. Os tecidos de xilema formados pelo câmbio vão circundando a base dos ramos, que ficam englobados e cercados de xilema do fuste. Essas regiões de galhos revestidas por xilema de fuste dá origem aos chamados "nós da madeira". Conforme os ramos estejam vivos ou mortos, ocorre a formação de "nós vivos" ou de "nós mortos". Ambos são defeitos graves das madeiras, mas o nó morto é muito mais problemático, pois ele fica relativamente solto dentro da estrutura da madeira, enfraquecendo-a e podendo se soltar. Também serve para a penetração de agentes patogênicos que depreciam a madeira, apodrecendo-a, alterando sua cor e resistência. Nessa região, a árvore do eucalipto tende a formar extrativos e gomas que têm o objetivo de defender a mesma desses organismos intrusos. A cicatrização ocorre, mas deixa um nó frouxo e cercado de bolsas de gomas, que são denominadas de "kinos".
Quando o ramo morre, ele com o tempo se quebra e cai ao solo, mas deixa sempre um toquinho residual próximo ao tronco. A árvore não tem a capacidade de expulsar esse toquinho. A tendência é que novas camadas de xilema vão sendo criadas, até que consigam finalmente recobrir esse toquinho e cicatrizar a região. Associado a isso, a casca fica deformada e espessa, forma-se ainda madeira de reação nas proximidades da ferida. O resultado é que a qualidade da madeira é das piores. Em uma tábua serrada, em um poste, em uma lâmina de madeira, essa presença do nó tenderá a trazer problemas de qualidade e ao seu uso.
A poda ou desrama é feita com a finalidade de reduzir ao mínimo a incidência de nós na madeira. Apesar de ser impossível se eliminar os ramos das árvores e sempre se ter que conviver com alguns nós, pode-se conseguir que eles se concentrem em uma região central no fuste, mais próximo da medula. É o chamado "núcleo ou cerne nodoso" ("knotty core"). Existe tecnologia e conhecimento para se deixar esse cerne nodoso com o menor diâmetro possível e o mais centralizado ao longo das toras obtidas na parte podada das árvores. Quando a região podada das árvores cresce em diâmetro, ultrapassando esse núcleo nodoso, forma-se madeira isenta de nós, que é conhecida por "clearwood" nos mercados. Por essa razão, a poda deve ser a mais rente possível ao fuste, deixando o mínimo de toquinhos residuais. A madeira "clear" é extremamente valiosa e muito desejada para laminação, tábuas para produção de móveis, esquadrias, estruturas de madeira, etc. Enfim, toda vez que a madeira deva ficar aparente e mostrar seu desenho natural, é interessante que esteja isenta de nós. Cabe ao plantador de árvores avaliar se há mercado para essa madeira em sua região e balancear de forma criteriosa a relação benefício/custo que terá nessa prática.
Cuidados a observar
Podar árvores não é uma mera operação mecânica. Ela exige treinamento especializado e técnicos muito cuidadosos para sua execução. Em primeiro lugar, o técnico precisa decidir quais árvores ele vai podar, a que altura e de que forma vai cortar os ramos. Por isso, podar árvores não é apenas uma operação de corte de galhos da maneira mais rápida possível para se ter produtividade nesse corte. Infelizmente, muitos produtores e técnicos pensam e agem assim na busca pelo baixo custo dessa operação.
O podador de árvores deve ter ferramentas adequadas e afiadas, deve ser muito cauteloso com o corte para não injuriar a casca. Quando o ramo for muito grosso e pesado, ele deve fazer o corte em duas etapas. Primeiro, cortando a galharia até cerca de 30 cm do fuste, depois, sem o peso do ramo, acertar e ajustar o corte do raminho que ficou para o mais rente ao tronco que puder sem machucar a casca. Ramos pesados cortados sem critério, quebram e arrancam casca da parte de baixo da sua inserção. A ferida fica enorme e difícil de cicatrizar.
Outro cuidado a ser tomado é para não machucar o "colar de cicatrização", que é uma região mais protuberante da casca, logo abaixo da região de inserção do galho. Esse colar de casca é que vai iniciar o processo de cicatrização da ferida, revestindo-se de xilema (internamente) e de casca (externamente) por ação do câmbio. Por essa razão, mesmo que se deseje uma poda de galhos o mais rente possível do fuste, isso deve ser feito sem injuriar esse colar, entendido?
Em geral, usam-se serrotes afiados e tesourões especializados, como o conhecido tesourão neozelandês. Também são utilizadas hastes e escadas de alumínio para as podas mais altas, acima do alcance do operador, quando ele está no solo. Lembrem-se ainda que a área deve estar relativamente limpa de mato, para facilitar o deslocamento desse operador com seus equipamentos. Uma roçada prévia à poda é interessante para se ganhar rendimento e qualidade na operação.
Efeitos da poda ou desrama
A poda dos ramos não apenas melhora a qualidade da madeira, como afeta a própria árvore e sua fisiologia. Com a remoção parcial de galhos com folhas vivas, há uma redução do IAF - Índice de Área Foliar. O IAF é a relação entre área total de folhas vivas por área de terreno ocupado pela floresta. Para os eucaliptos varia entre 2 a 5 m² folhas/m² de terreno. Com a remoção de folhas, diminui a capacidade da planta para realizar a fotossíntese. Gera-se menor quantidade de fotoassimilados para serem convertidos em tecidos da planta. O resultado pode ser desastroso se a poda for excessiva: as árvores ficarão com menor diâmetro e poderão perder a competição para plantas piores que são suas vizinhas e que não foram podadas. Por essa razão, a intensidade de poda é uma decisão vital nessa prática silvicultural. Admite-se que ocorra alguma perda de crescimento em diâmetro por ação da poda, mas praticamente não se nota perda do crescimento em altura. Com isso, as árvores podadas perdem um pouco de sua conicidade, ficando exatamente por isso, um pouco mais cilíndricas. Há portanto, um ligeiro acréscimo no fator de forma das árvores podadas.
A madeira isenta de nós também é ligeiramente afetada em sua densidade básica. Isso porque a poda está em geral associada a desbastes. Com isso, com mais luz disponível, as plantas formam mais madeira de lenho inicial em relação a lenho tardio. A madeira "clear" pode então ter sua densidade básica ligeiramente diminuída.
Esses são fundamentos importantes que o plantador de florestas precisa conhecer para balancear suas operações de forma a agregar e não destruir valor em sua floresta. Infelizmente, conheço inúmeros casos, onde técnicos despreparados acabaram por reduzir o valor da floresta, por desconhecimento das necessidades para uma poda bem sucedida.
Intensidade da poda
Existe alguma polêmica e desencontros acerca da proporção da copa das árvores que pode ser removida pela desrama artificial sem causar problemas no crescimento da floresta. Em geral, o principal motivo para essas dúvidas é exatamente o parâmetro balizador para a poda: seria melhor se referir à proporção da altura total das árvores ou então à proporção do volume de copa verde a remover? Tradicionalmente, o plantador de florestas prefere relacionar a poda à altura das árvores, para se ter entre 40 a 60% da altura podada a partir da base da árvore. Sabe-se que na ocasião da primeira poda (realizada até o segundo ano de idade) a altura de 50% corresponde a cerca de 35 a 45% da área foliar presente. Quando podamos mais de 60% da altura total, corremos o risco de estar podando mais do que 50% do volume total de folhas produtivas. Há muitas indicações de que esse é um limite perigoso e que pode afetar a produtividade da floresta, especialmente o crescimento em diâmetro. Por sorte, os ramos inferiores são galhos sombreados, com baixo nível de produção fotossintética líquida. Muito provavelmente, são ramos que produzem fotossíntese, mas consomem muito fotoassimilados para engrossar e respirar. Dessa forma, a tradição tem sido a de podar até cerca de 40 a 60% da altura total da árvore. Há alguns autores que demonstram que podas mais severas, de até cerca de 70% da altura total, permitem recuperação da floresta, após um pequeno período de declínio do crescimento diamétrico.
Nas situações de poda não tão drastificada, a floresta tem uma copa remanescente verdejante e ativa e logo recupera sua capacidade de crescimento. Como mais ramos improdutivos são retirados em relação aos ativos e eficientes, a proporção de fotossimilados líquidos pode até mesmo ser melhorada. Isso as pesquisas ajudam a apontar os caminhos.
Um grande inconveniente da redução momentânea do crescimento da árvore podada é que ela pode sofrer a ameaça maior de competição de árvores vizinhas não podadas. Por essa razão, muitos técnicos optam por podar todas as árvores da floresta na ocasião da poda baixa (primeira poda). Com isso, esperam ganhar mais produtividade do operador já que ele não terá que pensar sobre quais árvores escolher para podar. Esse operador passa a atuar mais de forma mecânica, podando todas as árvores a uma altura fixa do solo (em geral variável de 3,5 a 5,5 metros do nível do solo). Eventualmente, deixa de podar apenas algumas árvores muito dominadas e sem chance alguma de sucesso.
A poda reduz bastante a folhagem viva da floresta, deixando que mais luz penetre na mesma. Por essa razão, alguns ramos mais baixos passam a gerar mais fotoassimilados, aumentando sua eficiência para provocar crescimento na árvore. Isso tudo ajuda na recuperação da floresta no pós-poda. É muito importante que o técnico conheça esses conceitos para melhorar sua técnica e planejamento de operações.
Seleção das árvores
A poda das árvores é uma operação associada necessariamente ao desbaste de árvores da floresta. Isso porque o objetivo final é a produção de altíssimo volume de madeira de qualidade nas árvores remanescentes da floresta, quando da última e final colheita. Entretanto, entre o plantio e a colheita final, existirão produtos de desbastes (um ou dois, no caso dos eucaliptos). Será madeira de árvores não selecionadas e até mesmo podadas ou não. Essa madeira irá para produtos menos demandantes em madeira tipo "clear", tais como: celulose e papel, carvão vegetal, painéis de madeira tipo MDF, chapas de fibras, lenha, etc. No caso dos eucaliptos no Brasil, o manejo por alto fuste é orientado para colheita final entre 16 a 20 anos, com produção de cerca de 500 metros cúbicos de madeira "clear" em toras removidas da base (até 6 a 9 metros de altura) das 250 a 350 árvores finais remanescentes. A parte superior dessas árvores (que não recebeu poda) e com menor diâmetro, também oferecerá madeira para fins menos exigentes, tais como os já mencionados. O resultado final desse manejo é surpreendente: o plantador de florestas colhe entre 300 a 350 m³ de madeira para fins diversos (não "clearwood") e mais 500 m³ de madeira "clear" por hectare. Tudo somado representa mais de 800 m³ de madeira por hectare em 20 anos, ou seja, cerca de 40 m³/ha.ano.
Como na colheita final teremos apenas 250 a 350 árvores por hectare para uma população original de 1100 a 1600 árvores, a questão que muitos silvicultores fazem é a seguinte: vale a pena podar todas as árvores na primeira poda, já que elas perderão algum crescimento e muitas irão para produtos que não exigem madeira "clear" ? Afinal, porque gastar recursos e tempo podando árvores que serão destinadas para produção de celulose, painéis MDF, carvão vegetal, etc.? O pequeno produtor de florestas e o agrossilvicultor costumam podar todas as árvores. Eles simplificam suas operações e seus mercados. Já o grande produtor de produtos madeireiros tem segmentação maior de mercados e maiores volumes a gerenciar. Por essa razão, ele planeja sua poda de outra maneira: fraciona a poda em diversas operações e seleciona as árvores a serem podadas a cada poda.
A primeira poda costuma ocorrer exatamente no momento em que as copas começam a se tocar e a competir por luz e demais recursos. Nesse momento, as plantas praticamente não possuem ramos mortos, existindo quase que exclusivamente ramos vivos na sua copa. Esse é o momento ideal para a primeira poda. Caso deixemos passar esse momento, vamos encontrar ramos mortos que são mais prejudiciais à qualidade da madeira. Por outro lado, caso se decida por fazer uma poda precoce, antes do fechamento do terreno pelas copas, estaremos perdendo produtividade da floresta. Isso porque todos os ramos ainda são efetivos em realizar fotossíntese. Remover galhos com fotossíntese líquida positiva é prejuízo certo na produtividade. Além disso, uma poda precoce muito cedo, favorece que ocorra o crescimento em diâmetro dos galhos remanescentes, que ficam mais abertos e livres para colocar crescimento neles mesmo.
As árvores a serem podadas devem ter ramos vivos e com não mais que 15 mm de diâmetro na base do ramo. Isso tudo é conseguido pelo uso de bons genótipos, boas mudas e adequado manejo florestal. Podar árvores de crescimento ruim e de baixo potencial de crescimento volumétrico é um erro, que infelizmente é ainda bastante praticado. Só se justifica comercialmente uma operação onerosa e trabalhosa como é a poda, quando o potencial de crescimento da floresta é bom e com árvores de boa forma, vigor e sanidade. Não podemos esquecer que tudo isso é muito afetado também pelo espaçamento (população original de plantas por hectare); e pelo nível de qualidade da silvicultura empregada (adubações, controles fitossanitários, combate à matocompetição, etc).
É relativamente comum se plantar cerca de 1100 plantas por hectare em povoamentos clonais de adequada tecnologia no Brasil. A primeira poda (poda baixa) costuma acontecer quando o povoamento tem cerca de 1,5 a 2,5 anos de idade, com árvores tendo entre 7 a 9 metros de altura. A alternativa mais usual é se podar 50% das melhores árvores (entre 500 a 600 árvores) de forma bem distribuída no talhão. Em geral, poda-se a uma altura fixa, correspondente a 50% da altura total das árvores mais altas. As melhores plantas serão desramadas, as piores não.
A segunda poda (poda média) costuma ocorrer um ano depois, quando as árvores já estarão com 10 a 12 metros de altura. Podam-se cerca de 400 a 450 árvores (daquelas já podadas) até uma altura de 6 metros. Finalmente, a terceira poda (poda alta) exige o uso de escadas de alumínio e hastes longas. Podam-se cerca de 250 a 350 árvores até uma altura de 9 metros. Nesse momento, a floresta apresenta árvores com altura entre 15 a 20 metros. Isso possibilita obter diversas opções de dimensões de toras na colheita final: o usual são toras de 5,5 e 3,5 metros de comprimento.
Existem técnicos que preferem realizar apenas duas podas:
• uma poda baixa até 5,5 metros de altura do solo, quando as árvores possuem 10 a 12 metros de altura total;
• uma poda alta até 9 metros de altura de poda, aos 4 a 5 anos de idade do povoamento (árvores com cerca de 20 metros de altura).
De qualquer maneira, ao término desse manejo, cada árvore remanescente deverá render entre 1,5 a 2 m³ de "clearwood" na colheita final. Nessa idade, apenas um cilindro nodoso reduzido próximo à medula das toras tipo "clear" é que mostrarão os resíduos dos primeiros galhos da árvore.
O manejo da desrama implica em se manter a menor proporção possível desse "cerne nodoso". O bom silvicultor estabelece em função das características de sua floresta, um "diâmetro guia" que ele pré-fixa para realizar a poda. Com isso, ele busca minimizar a presença e a distribuição desse cerne nodoso. O que ele objetiva é que esse cilindro nodoso defeituoso seja o menor e mais uniforme possível ao longo de fuste das árvores.
Do que foi exposto até agora, pode-se concluir que a poda é uma operação silvicultural muito mais complexa do que muitos pensam ser. Levando em conta que o operador da poda necessita de algum tempo para deslocamentos e para tomar decisões, ele toma em média 1 a 2 minutos por árvore para a poda baixa; 2 a 3 minutos para a poda média e até 5 minutos para a poda alta. Por planejamento, o número de árvores a podar também vai diminuindo conforme sobe a poda em altura.
Além disso, em algumas situações, o operador precisa usar de algum artifício para ajudar na cicatrização, em caso de feridas mais graves. Ele pode se valer de alguma pomada de cera cicatrizadora e anti-patógena, mas isso não é tão comum. A cicatrização da ferida deve ocorrer entre 3 a 5 meses após a poda. Se tomar mais tempo do que isso, acelera-se a perda de qualidade da madeira. O tempo e a efetividade da cicatrização dependem de: diâmetro do ramo, tamanho da ferida, posição no tronco, idade e estado fisiológico da árvore, vigor e sanidade, ferramentas adequadas, cuidados e qualificação do operador, etc. Quando se poda um ramo vivo, a ferida cicatriza logo e é rapidamente circundada por madeira e casca sadias. Ficará um pequeno defeito no início, mas ele logo será encoberto por madeira sadia e em pouco tempo, será imperceptível.
Época do ano
Há um consenso que a melhor época para se podar árvores de eucalipto seja logo ao final do inverno e começo da primavera. É importante se fugir do período de geadas e do início das atividades de proliferação de insetos, fungos e demais pragas. Alguns agricultores preferem podar as plantas no inverno, época de baixa atividade agrícola e maior oferta de mão-de-obra. Nesse caso, o risco de queima das folhas remanescentes por uma geada é bem maior. Além disso, como a planta está com menor atividade fisiológica, a cicatrização das feridas é mais lenta.
A poda de verão também não é muito aconselhada porque a casca está mais solta e é arrancada com maior facilidade. Isso pode resultar em feridas grandes, de muito difícil cicatrização.
Por outro lado, há alguns autores que argumentam que a floresta de eucalipto é absolutamente capaz de aceitar essas dificuldades e sugerem que a poda possa ser realizada em qualquer época do ano: algo a ser escutado com cautela. Esses autores também reforçam que os operadores devem ser muito qualificados, não devem causar danos ao colar de cicatrização e nem à casca circunvizinha e tampouco deixar toquinhos de ramos por inadequação de corte.
Perguntas sugeridas
Após discorrermos um pouco sobre os conceitos fundamentais para a poda das árvores dos eucaliptos, vou relacionar uma série de questões que o técnico deve refletir e procurar responder antes de se aventurar a fazer a poda de forma mecânica e intempestiva:
• existe mercado para madeira "clear" na região? O preço é compensador?
• qual a exata relação benefício/custo estimada?
• qual a qualidade do material genético e da tecnologia florestal empregados na floresta que se deseja podar?
• qual tipo de manejo será adotado na gestão do povoamento?
• quantas podas pretende se realizar?
• quais a altura, época e número de árvores a podar?
• quais ferramentas usar?
• existe qualificação adequada no pessoal de campo?
• existe um plano de monitoramento da cicatrização e dos incrementos da floresta?
• qual o diâmetro guia a ser definido para a condução do núcleo ou cerne nodoso?
• quais os critérios para seleção das árvores a serem podadas e que permanecerão como remanescentes a cada poda?
• quais as decisões mais importantes a serem tomadas e por quem?
Podar ou desramar árvores exige conhecimento, técnica, qualificação e mercado para madeira "clear". Também exige silvicultura de excelente qualidade para evitar se gastar e podar florestas ruins e com baixo potencial de produção de madeira. Definitivamente, a poda melhora a qualidade da madeira da floresta de eucalipto para usos que pagam maior valor por madeira isenta de nós. Costuma-se, de forma algo equivocada, chamar de usos nobres para a madeira, embora os outros usos também exibam nobreza, como celulose para papel, etc. Há quem defina esses produtos como os de maior valor agregado, que exigem por isso madeira "clear" e que pagam mais por essa qualidade. Entretanto, é preciso ficar claro que apenas com a poda não vamos conseguir toda essa qualidade demandada. Há necessidade de qualidade genética adequada para que a floresta produza volume e madeira de qualidade, até mesmo para compensar essa onerosa operação de poda. Também as demais operações silviculturais e de colheita devem ser estado-da-arte para evitar desperdícios, perdas de rendimento, de eficiência, etc. Não se pode destruir com operações inadequadas o valor que se quer agregar com a poda.
Um adequado manejo florestal, englobando podas e desbastes, valendo-se de boas tecnologias e genótipos florestais, não agrega apenas qualidade, produtividade e lucratividade à floresta plantada. Também permite maiores facilidades operacionais, alternativas para uso em atividades múltiplas, bem como melhora a qualidade ambiental pela maior biodiversidade do sub-bosque formado pelos espaçamentos mais abertos após os desbastes.
Vantagens e desvantagens existem em quaisquer negócios ou atividades empresariais. Cabe ao produtor de florestas plantadas conhecer muito bem o que vai ter que fazer e suas perspectivas.
Autoria: Celso Foelkel
Fonte: Eucalyptus Newsletter nº 25 - Janeiro 2010
(
http://www.eucalyptus.com.br/newspt_jan10.html#quatorze)