O potencial para o comércio de pellets na Europa começou a ser pesquisado e analisado. Tal comércio é de importância chave para o desenvolvimento de um mercado europeu de pellets com suficiente oferta, demanda preço e padrões de qualidade. Três mercados alvo foram utilizados como estudos de caso para a avaliação do comércio: Grécia, Espanha e Itália. Esses três mercados têm condições de auferir grandes lucros do comércio internacional. Para esses mercados, as importações de pellets poderiam servir de base para o desenvolvimento de um mercado interno de caldeira. Simultaneamente, as exportações de pellets possibilitariam o planejamento de maiores usinas para a produção de pellets. Enquanto esses custos adicionais chegam a 10-20% do preço dos pellets, eles são financeiramente aceitáveis, especialmente para novos mercados e “picos” na demanda/ oferta dos mercados estabelecidos.
Com vistas a atingir os objetivos da União Européia relacionados à redução de CO2 em 2010, o consumo de biomassa aumentou muito no período de 1995-2010. Esses planos resultaram no estabelecimento de programas de energia em vários países europeus, de diferente intensidade, baseados na tecnologia da biomassa.
A próxima década trará turbulência para o mercado internacional de biomassa como
commodity a granel. Em parte, o mercado crescerá de forma marcante; em parte, a biomassa será vendida em novos mercados, onde o nível de preço não esteja ainda formado. Importações de mercados ultramarinos continuarão à medida que seja possível oferecer qualidade razoável de combustível. Os especialistas utilizarão grande engenhosidade para tornar biomassa herbácea (palha e colheitas de energia) em commodities a granel e, dessa forma, torná-la útil para comércio. Se as diferenças nos preços entre os pellets de madeira e a palha em fardos-bale aumentar, poderá haver espaço para um processo de pelletização, que poderão tornar palha numa
commodity internacional a granel e, dessa forma, torná-la competitiva.
Uma outra força propulsora para o comércio de biomassa é o fato de enormes quantidades de madeira serem cultivadas nas áreas subpovoadas da Europa, norte da Escandinávia e em algumas partes da Europa Oriental. Devido ao aumento da oferta para as áreas mais densamente povoadas da Europa, os padrões de comércio na próxima década irão provavelmente mudar em “todas direções” para correntes mais homogêneas rumo à Europa Ocidental.
Na análise, dois cenários futuros foram utilizados para análise, em relação ao comércio de pellets. Ambos os cenários geram perguntas diferentes:
Cenário 1: Cenário do futuro próximo com o atual ambiente de trabalho, no que diz respeito ao preço e a competitividade do pellet.
As principais perguntas de pesquisa de mercado são:
• O comércio de pellets pode ser uma opção entre os países do Sul e do Norte da Europa?
• Quais são os parceiros comerciais em potencial?
Se o comércio de pellets é possível e lucrativo entre dois países ou não poderá ser decidido com base na seguinte equação:
Preço de pellet no país exportador + Custos de transporte ≤ Custos de mercado do pellet no país importador
Cenário 2: Cenário a médio prazo, no qual num mercado estabelecido de pellet o recurso de biomassa (oferta) e as necessidades de aquecimento (demanda) definem o comércio de biocombustíveis europeus. As principais perguntas de pesquisa de mercado são:
• É possível atender a toda a demanda de aquecimento na Europa, explorando uma fração realista de recursos de biomassa disponíveis?
• Quem são os potenciais parceiros comerciais?
A análise compara a possibilidade de utilização de biomassa, menos a utilização outras fontes energéticas e não-energéticas atualmente conhecidas, com a demanda de aquecimento no setor residencial e de co-geração.
Potencial para Biomassa Produção de pellet – Demanda por Aquecimento na Europa = Potencial para exportação de pellet
No cenário 1, o preço de mercado de pellet, para a Espanha e a Grécia, não existe para preços de pellet em larga escala. Por esse motivo, preços de pellets no continente europeu foram substituídos por preços antecipados.
Para a Grécia, o preço de mercado de pellet foi avaliado com base no custo de produção de pellets. Ele depende do tamanho da fábrica e dos níveis de produção anuais. As seguintes pressuposições foram feitas:
• Matéria-prima está disponível a menos de EUR 30/ ton;
• Custos de produção direta são aproximadamente EUR 50/ ton., incluindo eletricidade, secagem, peletização, mão de obra e embalagem;
• Retorno de EUR 30/ tonelada.
Incluindo todos os custos, custos de matéria-prima e custos de manutenção e retorno, o preço de mercado de pellet, no valor de EUR 110 / ton., foi antecipado.
Para a Espanha, o preço de mercado no setor doméstico é de EUR 180/ ton. Com relação à razão de preços de pellet, em pequena e larga escala, os preços em larga escala foram presumidos em EUR 140/ ton.
Para distâncias curtas o caminhão é o meio mais barato de transporte. Nesse caso, apenas a Itália pôde beneficiar-se.
Exportações de pellets no atual ambiente econômico
Para os três países do Sul da Europa existem oportunidades consideráveis de exportação no atual ambiente de mercado. Os países alvo para exportações de pellets são a Alemanha, Áustria e o Reino Unido. As diferenças de preços entre os pellets importados e os pellets produzidos no continente europeu podem chegar a EUR 76/ ton. para exportações da Grécia para a Alemanha. Deve-se observar que, atualmente, não existe produção de pellets na Grécia e, portanto, os preços de mercado na Grécia tiveram de ser presumidos. Contudo, há uma imensa diferença, mesmo que ela tenha de ser superestimada.
A Alemanha, Áustria e o Reino Unido são os principais mercados em expansão (em termos de volume) com altas taxas anuais de crescimento de mercado que permitem novos atores estrangeiros a entrarem no mercado.
O Cenário 2 deve ser dividido em duas análises, uma para pellets de madeira e outra para pellets a partir de resíduos agrícolas.
Pellets de Madeira
Para os pellets de madeira o potencial de biomassa a partir da madeira é relativamente alto em diferentes países. A Tabela apresenta as quantidades de biomassa a partir da madeira, disponíveis para exportação, após atender à demanda por aquecimento do mercado interno. Também apresenta os resultados, levando em consideração que apenas 10% da biomassa potencial seria explorada e apenas 10% de toda a demanda por aquecimento do mercado interno seria atendida pelos sistemas de aquecimento por pellets.
Exportações em potencial após a oferta de aquecimento do mercado interno por pellets de madeira, em milhares de toneladas.
Com relação aos países do Sul da Europa, apenas a Espanha possui recursos para a exportação de pellets de madeira. Esse potencial pode facilmente servir para atender à demanda dinamarquesa, grega, italiana e polonesa, bem como representa uma excelente possibilidade de exportação para a Espanha. A Grécia e a Itália não conseguiriam atender a toda a demanda dos seus respectivos mercados internos de aquecimento residencial, devido à falta de madeira disponível para utilização energética. Atualmente, a Dinamarca já está importando pellets de vários países. Prevê-se que a produção dinamarquesa de pellet não seja capaz de acompanhar o aumento do consumo do mercado interno, devido à escassez de recursos de biomassa. Portanto, a Dinamarca poderá beneficiar-se das importações de pellets, evitando a escassez da biomassa e, dessa forma, manter o preço de pellet estável e baixo.
A Polônia poderá também se beneficiar neste cenário da importação de pellets de madeira. Contudo, os países bálticos vizinhos competirão contra a Espanha por custos de transporte mais baixos.
Todavia, deve-se dar ênfase à grande limitação deste modelo, quanto ao fato de ele presumir que a demanda por aquecimento mantém-se constante. De fato, pode-se presumir que a demanda por aquecimento caia nos países do Norte da Europa. Isso é verdade, principalmente para a Polônia, onde a insolação e o aquecimento das construções são, nos dias de hoje, altamente ineficientes.
As exportações espanholas de pellet de madeira para outros países do Sul da Europa revelam-se, também uma oportunidade significativa. Nesse caso, as distâncias de 1.800 km a 2.400 km e o custo de longas linhas oferecem boas oportunidades para embarcar pellet para a Grécia e a Itália.
Pellets Agrícolas
Para os pellets agrícolas o potencial de biomassa agrícola é extremamente alto nos países do Sul da Europa. A Tabela apresenta as quantidades de biomassa agrícola disponível para exportação após atender à demanda do mercado interno por aquecimento. Novamente, os resultados são apresentados, levando em consideração que apenas 10% do potencial em biomassa foi explorado e que apenas 10% de toda a demanda do mercado interno por aquecimento é atendida pelos sistemas de pellets para aquecimento.
Exportações em potencial após a oferta de aquecimento do mercado interno por pellets agrícolas, em toneladas.
É óbvio que a Grécia e a Espanha podem atender às demandas por aquecimento dos seus respectivos mercados internos, no setor de distribuição de co-geração, a partir de pellets agrícolas. Isso gera boas condições de exportação para diversos países europeus com grande aquecimento distrital/ distribuição de co-geração ou pobres recursos de biomassa, a partir da agricultura. Esses países são a Suécia, o Reino Unido, a Dinamarca e, possivelmente, a Alemanha e a Áustria. Levou-se em consideração que a Polônia possui um grande potencial para biomassa agrícola, em si, e, portanto, não dependeria de importações de pellets agrícolas num mercado de biomassa estabelecido.
Para os pellets agrícolas, há um potencial tão grande que até 10% do potencial de biomassa seria suficiente para atender a toda a demanda no setor de aquecimento distrital/ distribuição de co-geração.
Autores: Maurice Pigaht M. Eng, Dr. Rainer Janssen, Dominik Rutz, Thorsten Boehm, Norbert Vasen, Laura Vegas, Dr. Nicolas Karapanagiotis, ETA – Florence, CARTIF, CRES; WIP – Renewable Energies, Sylvensteinstr. 2, 81369 Munich, Alemanha,
rainer.janssen@wip-munich.de.