O setor de base florestal brasileira pode produzir mais e transferir riqueza para outros segmentos da economia. Mas, para que esse processo ocorra de forma consiste e sustentável, é necessário abrir novos mercados, exportar mais, fazer reformas com modelos adequados de crescimento e conquistar fronteiras agrícolas com total respeito ao meio ambiente e à biodiversidade, já que a madeira de reflorestamento hoje exige certificação para ser industrializada.
As espécies mais importantes para o fornecimento de madeira, no Brasil são o eucalipto, o pinus e a acácia-negra. O eucalipto se destaca pelo rápido crescimento, boa adaptação e pela edafoclimática e também pelo baixo custo de produção.
A indústria madeireira, hoje, tem a oportunidade em ingressar no segmento petroquímico, através da inovação tecnológica conquistada pelas indústrias de extrusão, permite desenvolver formulações de compostos de madeira com plástico, que é denominada, internacionalmente, de composto termoplástico com a serragem de madeira.
Ao realizarmos um corte transversal num tronco de uma árvore, podemos facilmente observar que ele é formado por vários anéis circulares concêntricos, que correspondem ao crescimento da árvore e que organizam a sua estrutura.
Casca – responsável pela proteção do tronco, é a sua parte exterior.
Lenha – é a parte do tronco de onde se extrai a madeira compreendida entre a casca e a medula, e divide-se em duas zonas:
Cerne – é a parte mais escura da madeira e a que lhe dá mais resistência.
Alburno – é a zona mais clara que transporta a seiva bruta das raízes para as folhas.
Medula – corresponde ao tecido mole e esponjoso na parte do tronco.
Quanto mais folhas uma árvore suportar, mais vigoroso é o seu crescimento, maior o volume de borne necessário, as árvores que crescem em clareiras podem desenvolver um tamanho considerável de 30 cm ou mais em diâmetro.
Quando a madeira está cortada e seca, ela é utilizada para diferentes aplicações. Por exemplo, ela pode ser fragmentada em fibras e transformada no material denominado polpa, o qual é a matéria prima para a produção de papel.
Existem derivados da madeira, e entre eles o carvão vegetal, madeira para construção civil e o cavaco de madeira (Woodchips) que são na realidade lascas cisalhadas obtidas a partir de toras de madeira que passará pelo processo de cozimento para obter a celulose. Existem três tipos de cavacos de madeira e são cortados em três modalidades que são o corte 90-0, corte 90-90 e corte 0-90.
Tipos de cavaco
Tipo I: o cavaco é formado à frente da aresta de corte da ferramenta à primeira ruptura se dá por fendilhamento e o cavaco se separa da peça por ruptura a flexão, como uma viga engastada.
Tipo II: o cavaco é formado quando a ruptura da madeira se produz ao longo de uma linha que se estende a partir da aresta de corte da ferramenta: a ruptura se dá por cisalhamento diagonal e forma um cavaco contínuo. É o tipo de cavaco relacionado à melhor qualidade de superfície.
Tipo III: as forças de corte produzem ruptura por compressão paralela e cisalhamento longitudinal, diante da aresta da ferramenta de corte: o cavaco não tem forma definida e é reduzido a fragmentos.
A qualidade do cavaco é proveniente do tipo de corte, pois não existe um padrão definido em função do cisalhamento, mas o tamanho é importante.
A celulose é um polímero de cadeia longa, composto de um só monômero, carboidrato, classificado como polissacarídeo, a celulose foi notada pela primeira vez em 1838, está naturalmente na maioria das fibras puras de algodão, seu peso molecular variável com fórmula empírica (C6H1005). Industrialmente, a celulose é extraída de madeira de árvores, com o pinho, o eucalipto ou o abeto.
Conforme o tipo de árvores se obtém a celulose, fibra curta ou de fibra longa. Essa característica torna o papel resultante mais absorvente ou mais resistente, respectivamente.
Os produtos são madeireiros são as resinas, etanol celulósico, óleos essenciais e taninos.
No mercado mundial de cavaco de madeira, o Brasil se destaca como um dos principais exportadores, atrás da Austrália, África do Sul, Estados Unidos e Canadá. No ano de 2008 o valor total exportado pelo Brasil chegou a US$ 142 milhões, valor que caiu em 2009 para US$ 91 milhões, decorrência direta da crise mundial.
Hoje o Brasil possui área total de cerca de 5,2 milhões de hectares de florestas plantadas com pinus e eucalipto concentrados, principalmente, nos estados de Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Vários estados produtores destacam-se, como Minas Gerais - o maior produtor individual em florestas plantadas. As florestas plantadas compreendem 1.216.744 ha (sendo 13% com pinus e 87% com eucaliptos). Em seguida vem os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Bahia. O estado do Rio Grande do Sul é o sexto colocado em reflorestamento.
Ao se caracterizar o setor florestal, contrastado-o com os demais setores da economia, pode-se afirmar que a gestão do negócio florestal no Brasil é diferenciada da gestão da maioria de outros negócios no País. Isso se dá com base no complexo contexto macroambiental, extremamente coercitivo, no qual as empresas florestais estão situadas.
No início do século XVIII os economistas Adam Smith e David Ricardo, abordaram o tema das vantagens do comércio internacional. “Se um país estrangeiro estiver em condições de nos fornecer uma mercadoria a preço mais baixo do que o da mercadoria fabricada por nós mesmos, é melhor comprá-la com uma parcela da produção de nossa própria atividade, empregada de forma que possamos auferir alguma vantagem”.
Ao analisar a teoria de Smith, observa-se que um país tinha vantagens de custo em função das suas vantagens naturais, que algumas vezes era tão irrelevante que seria inútil tentar competir. Entretanto, essa discussão ocorre em um período cujos principais fatores de produção eram os recursos naturais e o trabalho, desenvolvendo-se, ainda, as utilizações do capital e da tecnologia.
Quanto ao cavaco de madeira, o país tem se demonstrado competitivo nos últimos anos, pois as exportações são significativas e raramente o produto é importado causando, assim uma competitividade frente.
A Vantagem Comparativa Revelada, específica os preços pós-comércio e, é um dos métodos mais utilizado para determinar a vantagem comparativa. É uma medida revelada, tendo em vista que seu cálculo está baseado em dados observados ex-post ao comércio. A idéia é que o comércio “revela” vantagens comparativas “reveladas” naquele setor analisado.
Em outras palavras, os índices de VCR servem para descrever os padrões de comércio que estão tendo lugar na economia, mas eles não permitem (ainda) dizer se esses padrões são ótimos ou não.
O índice de VCR fornece um indicador da estrutura relativa das exportações de uma região ou país. Quando uma região exporta um volume grande de um determinado produto, em relação ao que é exportado pelo país desse mesmo produto, isso sugere que a região conta com a vantagem comparativa na produção desse bem. A tabela x serve de base de dados para a obtenção do índice VCR a ser analisado.
No caso do Brasil, verificou-se que possui vantagem comparativa, nas exportações de cavaco de madeira, mas ainda é sugerido pela Austrália, África do Sul, Estados Unidos e Canadá.
Constata-se, no mercado internacional, que as vantagens comparativas passam pela exigência de se ter um custo de logística internacional baixo, pois este é normalmente minimizado por uma boa estrutura de distribuição localizada no país de destino.
Ao se analisar os resultados de VCR do Brasil este demonstram que o país é competitivo nesse item, revelando números superiores a 1,2 nos últimos anos, o que significa que a sua participação no comércio de cavaco de madeira é relevante. A Austrália é o país que detém o melhor índice de VCR, destacando-se dos demais com uma vantagem sem igual, a participação do Brasil vem crescendo, isso significa que o país diversificou suas exportações. O aumento do VCR para o produto cavaco de madeira retrata um alto grau de especialização e divisão internacional do trabalho.
Autores: Francisco Carlos Neutzling, Administrador de Empresas com ênfase em Comércio Exterior; Eduardo Mauch Palmeira, Faculdade Atlântico Sul, de Pelotas -
eduardopalmeira@brturbo.com.br.