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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°124 - JULHO DE 2010

Painel-MDF

Produção de painéis pode chegar a 12 milhões de m³ em dez anos

O estudo da Organização as Nações Unidas para Agricultura e Alimentaçao - FAO, denominado “Tendencias y perspectivas del sector forestal em América latina y el Caribe” analisou o setor dessas regiões geográficas, considerando o contexto atual e projetando o setor até 2020. Este estudo mostra que a alta competitividade da indústria de MDF, OSB e painéis de partículas, principalmente no Brasil e no Chile, devido ao baixo custo de produção e de matéria prima de florestas plantadas, devem influenciar no incremento da produção regional destes produtos a médio e longo prazo. Prevê-se que os principais produtos responsáveis pela alta taxa de crescimento do consumo de painéis continuem sendo o MDF e o painel de partículas, muito utilizados na fabricação de móveis. O crescimento da indústria de móveis para atender o mercado interno como o internacional será determinante para o crescimento da demanda de painéis de madeira na América Latina e no Caribe.

Segundo o BNDES o comércio mundial de MDF movimenta cerca de US$ 4 bilhões, um volume de 14 milhões de m³, que corresponde a 34% do consumo mundial. Europa e América Latina são regiões exportadoras, enquanto Ásia e Estados Unidos, juntamente com o Canadá, caracterizam-se como importadoras. A China, que se destaca como o maior país importador, adquire em média 1,6 milhões de m³ de MDF por ano. A Ásia é responsável por 56% do consumo mundial desse painel, seguida pela Europa (22%), pelos Estados Unidos juntamente com o Canadá (15%) e a América Latina (7%). No período 1995–2005, o consumo mundial de MDF cresceu a uma taxa média anual de 18,5%. Com 61% da demanda, China (40%), Estados Unidos (12%), Coréia do Sul (5%) e Brasil (4%) são os grandes centros de consumo mundial e estes percentuais se mantiveram próximos nos anos seguintes.

Em relação à indústria norte-americana, que é um mercado de destaque, a capacidade do crescimento na produção de MDF se mantém crescendo. Em 2007, novas instalações adicionaram cerca de 8,2% da capacidade produtiva em relação aos 5,7 milhões de m³ no ano anterior e atingiu cerca de 6,2 milhões de m³. Em 2008 a capacidade aumentou cerca de 9,3%.

Quanto à indústria brasileira a maior transformação que deverá ocorrer é a utilização crescente do eucalipto em segmentos como madeira serrada e painéis de fibra, como MDF. O consumo projetado de madeira industrial, para 2020, será superior a 280 milhões de m³. Desse total, a maior parte (49%) será representada pela madeira de eucalipto. A madeira de pinus representará aproximadamente 31% do consumo total e a tropical, os 21% restantes. O consumo se concentrará nas Regiões Sul e Sudeste do País e no que concerne às madeiras de espécies plantadas (pinus e eucalipto), o setor de celulose e papel continuará a ser o principal demandante.

A produção de MDF crescerá a taxa de 5% a.a. até 2010. Até 2020 a taxa será um pouco menor: 4% a.a. A utilização de madeira de eucalipto e de resíduos de madeira nos processos de produção aumentará sua participação, principalmente nos painéis de menor espessura.

A indústria brasileira de painéis de madeira modernizou-se rapidamente para garantir competitividade. Nos últimos cinco anos, foram investidos quase US$ 1 bilhão. O setor passou por intensa transformação em sua estrutura produtiva para seguir a tendência predominante de redução progressiva da fabricação de chapas duras, em virtude das pressões ambientais, e ampliar a produção de MDF. Nesse contexto, o Brasil transformou-se em um centro de produção mundial nesse setor de painéis de madeira. Adicionalmente, no esteio dessas mudanças, intensificou-se a verticalização das empresas em atividades florestais, bem como os investimentos na melhoria da produtividade e na qualidade de suas florestas.

Nos últimos anos, foram investidos quase US$ 1 bilhão em modernização, ampliação e implantação de unidades industriais. No período 2006-2010, os investimentos estão sendo superiores a US$ 1,1 bilhão. Como reflexo dessa entrada de capital, a produção nacional de painéis de madeira cresceu rapidamente.

O segmento de MDF foi o que mais cresceu na indústria de painéis e sua produção praticamente já superou a quantidade fabricada de aglomerados. Sendo que a capacidade de produção da indústria brasileira, segundo a ABIPA, passou de 250 mil para 1,76 milhões de m³. Sua forte aceitação pelo setor moveleiro no mercado doméstico faz com que as perspectivas de crescimento sejam muito alentadoras. As exportações também cresceram rapidamente, atingindo um patamar de 20% da produção nacional. Nos próximos anos, deve haver uma ampliação das vendas externas, na medida em que a capacidade produtiva cresça acima do consumo interno.

O MDF cresce em utilização e vem ocupando mercado de madeira maciça e de outros painéis reconstituídos, sendo cada vez mais empregado na indústria moveleira e na construção civil. Até 1996 o Brasil importava todo o MDF de que necessitava. Onze anos depois a produção já estava em cerca de 1,88 milhões m³, com um consumo interno de 2 milhões de m³.

No Brasil é um produto recente, pois se tornou disponível no mercado a partir do final dos anos 80. Inicialmente era importado da Argentina e do Chile e a partir de setembro de 1997 passou a ser fabricado no país.

Atualmente existem 8 grandes produtores de MDF.

Outro fator a destacar é que esse segmento é muito mais internacionalizado que os demais, estando presentes no País diferentes grupos internacionais de origem chilena e portuguesa, com implicações importantes para a dinâmica do investimento e das exportações.

As principais características do setor no Brasil são:

• A estrutura produtiva é muito concentrada, composta por poucas empresas:
• O crescimento do mercado doméstico, nos últimos anos, estimulou as empresas a realizarem investimentos significativos. Foram realizados vários projetos de ampliação da capacidade instalada e de construção de novas fábricas de MDF.

Os investimentos dessas empresas estão em destaque no setor e na mídia devido a dimensão da expansão de mercado e do impacto que representará para o setor da Indústria de madeira e para o país. Dessa forma é importante relatar as notícias e os principais investimentos no mercado de MDF no Brasil:

Os constantes investimentos alteraram significativamente o quadro do setor no Brasil. Os painéis de MDF substituíram rapidamente as chapas de fibra, aglomerados e compensados na indústria moveleira nacional, estimulando também as exportações brasileiras de móveis.

Outra característica importante é a verticalização dessas empresas em atividades florestais. Como no Brasil, a madeira provém, em sua totalidade, de florestas plantadas, as empresas investiram na melhoria da produtividade e na qualidade de suas florestas, garantindo suprimento para suas fábricas.

Os principais demandantes desse painel no Brasil são a indústria moveleira, que é atendida diretamente (54%) ou através de revendedores (31%), e a indústria da construção civil (8%). De acordo com o cenário de Construção Civil, a expansão do setor e o aumento da oferta de crédito e da renda estão se refletindo na demanda de painéis de madeira para a produção de móveis e para acabamentos - rodapés, batentes, portas e pisos. A previsão é de que o consumo interno de Painéis de Fibra de Média Densidade (MDF), utilizados em móveis e na construção civil, cresça 15% ao ano.

Caso se concretizarem tais perspectivas, em 2020, o Brasil deverá produzir um total de 12 milhões de m³ de painéis de madeira. Entre os principais tipos de painéis de madeira produzidos em 2020, o painel MDF representará 21% do total.

A produção de painéis de madeira deverá concentrar-se nas Regiões Sul e Sudeste. As indústrias devem aumentar sua capacidade de produção e o tamanho das unidades poderá chegar ao dobro da capacidade atual. Tal aspecto deve representar aumento de importância no comércio internacional de alguns desses produtos, como ocorreu com a madeira aglomerada de pinus. A madeira aglomerada de eucalipto deverá estar mais presente na produção nacional, particularmente nos produtos com maior valor agregado.

Fonte: Luciane Paes Torquato, Curso de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná