O estabelecimento de florestas de rápido crescimento, visando à maior produção de biomassa florestal para suprimento energético, em um espaço de tempo reduzido (plantios de curta rotação) ganha posição de destaque neste contexto nacional, uma vez que a madeira ocupa o terceiro produto energético primário mais consumido.
Através dos avanços tecnológicos conquistados, tanto na área de conversão de matéria prima em energia, a partir de biomassa florestal, quanto nas atividades silviculturais brasileira, é possível vislumbrar um cenário favorável ao desenvolvimento de florestas para fins energéticos em um espaço de tempo reduzido.
A utilização dessa biomassa como insumo energético é uma tendência mundial. A motivação para esse fato é a necessidade de redução na utilização de derivados de fontes fósseis, para que se possam reduzir as emissões de gases nocivos à atmosfera.
Vários são os fatores que condicionam a produção florestal. A freqüência de atividades iniciais se relaciona diretamente a técnicas silviculturais aplicadas que se torna um fator intrínseco dentro dos fatores de estabelecimento inicial da floresta, interferindo nas técnicas a serem adotadas nesse período e posteriormente na qualidade do povoamento florestal.
A competição com plantas indesejáveis (mato competição) é um fator limitante ao crescimento e a sobrevivência, principalmente na fase de estabelecimento de espécies florestais. Para Pitelli e Marchi, a interferência imposta pelas plantas daninhas é mais severa principalmente na fase inicial de crescimento, pois afeta o desenvolvimento das culturas florestais através da competição por água, luz e nutrientes. Segundo Toledo o período de maior incidência de mato competição em plantações de eucalipto ocorre até o 7º mês após o plantio. Durante esta fase, deve ter cuidados especiais no controle das plantas invasoras, pois neste período são realizadas capinas e roçadas tanto quanto necessárias, sendo que a intensidade dos tratos varia em função da agressividade da planta indesejável e do seu nível de infestação.
Dessa forma, é evidente que a freqüência de atividades silviculturais iniciais é de grande importância para o desenvolvimento inicial de florestas de curta duração, principalmente para fins energéticos. Em que se podem definir técnicas mais adequadas para o estudo das interações entre a espécie e o ambiente, visando o aumento da produtividade, a diminuição da mão de obra e consequentemente da redução de custos.
Para diminuir os custos de mão de obra, alternativas técnicas e economicamente viáveis estão sendo pesquisadas para reduzir os custos de produção. Dentre as operações florestais que mais necessitam de mão de obra encontram-se a roçada e o coroamento, aplicadas no controle de ervas daninhas. Assim, essas técnicas revestem-se de grande importância, pois os reflorestamentos envolvem áreas de médias ou grandes dimensões e não havendo controle adequado acarretará perdas de volume e qualidade da madeira.
Diante disso, esse trabalho teve como objetivo avaliar a freqüência de atividades silviculturais de coroamento e roçada das espécies Acacia mearnsii, Eucalyptus grandis, Mimosa scabrella e Ateleia glazioviana submetidas a diferentes condições de espaçamento.
O experimento está localizado sob coordenadas geográficas de S 27°22”; W 53°25” a 480m de altitude, no município de Frederico Westphalen – RS.
Segundo a classificação climática de Köppen, o clima da região é do tipo Cfb, ou seja, subtropical úmido com temperatura média anual de 19,1°C, variando com máxima de 38° e mínimo de 0°C.As mudas foram produzidas em tubetes de polipropileno no viveiro do curso da Agronomia do CESNORS. No preparo do solo, foram realizadas duas escarificações e duas gradagens, sendo o plantio das mudas realizado manualmente no dia 7 de setembro de 2008.
Utilizou-se delineamento experimental bifatorial de 4x4x3, ou seja, quatro espaçamentos, quatro espécies florestais e três repetições em blocos casualizados no esquema de parcelas subdivididas, onde a parcela foi representada pelo espaçamento mais espécie e a sub parcela pela idade de aferição dos dados. O bloco contempla 16 unidades experimentais nas quais foram distribuídas as quatro espécies estudadas: Acacia mearnsiiDe Willd, Eucalyptus grandis Hill, Ateleia glazioviana Baill e Mimosa scabrella Bentham, em níveis de espaçamento: 3,0x1,0m, 3,0x1,5m, 2,0x1,0m e 2,0x1,5m. Cada unidade experimental possui 45 plantas distribuídas em cinco linhas. A unidade experimental foi dividida em quatro sub parcelas, sendo cada, composta por três plantas.
O manejo da mato competição foi realizado mediante coroamento (na linha do plantio) e roçada (na entre linha do plantio). A necessidade do manejo da mato competição foi estabelecimento mediante o julgamento de um Técnico Florestal, dois Engenheiros Florestais, dois Engenheiros Agrônomos e dois Acadêmicos do curso de Engenharia Florestal durante oito meses após o plantio.
Resultados
Através do julgamento realizado pelos profissionais, observou-se que nos períodos iniciais após a implantação do experimento, nos meses de setembro e outubro, não houve necessidade de manejo da mato competição em nenhuma das espécies. Nesse período, o baixo número de plantas invasoras deu-se em função do preparo do solo antecipadamente ao plantio
Nos meses de dezembro e fevereiro o julgamento apontou necessidade futura do manejo das plantas daninhas. Fato este relacionado ao manejo de coroamento e roçada ter sido realizado nos meses anteriores.
Nos meses de novembro, janeiro e março o julgamento apontou necessidade de coroamento e roçada para todas as espécies e em todos os espaçamentos. Logo, percebe-se que a partir do segundo mês após o plantio, o manejo da mato competição deve ser realizado e freqüente a cada 60 dias durante os seis primeiros meses.
De acordo com a Tabela 2, no mês de abril, em todos os espaçamentos as espécies A. mearnsii, M.scabrella e A. glazioviana, constatou-se a presença de invasoras, que ainda não estavam competindo com as árvores. Nesse mesmo mês, a espécie E. grandis não apresentou necessidade de coroamento, pelo fato da quantidade de invasoras no local ser baixa. O rápido crescimento e fechamento dossel dessa espécie permitiram a dominância sobre as plantas invasoras.
No mês de maio não houve a necessidade de coroamento para as espécies A. mearnsii, E. grandis e M.scabrella em todos os seus espaçamentos. O baixo número de plantas invasoras juntamente a linha de plantio deve-se ao fato da formação de um dossel, resultando em não haver mais necessidade de coroamento a partir desse período.
No mês de abril, a única dispensa de roçada foi constada para a espécie E. grandis no menor espaçamento (2x1 m). Para o restante dos espaçamentos e espécies o julgamento apontou uma necessidade futurado manejo da mato competição. Porém no mês seguinte para a espécie E. grandis a dispensa da roçada foi atribuída nos espaçamentos 2x1 m e 2x1,5 m.
Este fato esta relacionado ao crescimento do dossel e domínio desta espécie sobre as plantas invasoras nestes espaçamentos, em função da menor quantidade de radiação que chega junto à superfície do solo, sendo esta indispensável para o crescimento e desenvolvimento das plantas daninhas. Para o restante das espécies e espaçamentos as roçadas ainda devem ser realizadas.
A espécie A. glazioviana é a espécie mais susceptível as plantas invasoras devido ao seu baixo crescimento, sendo que as atividades de coroamento para esta espécie devem ser mantidas até apresentar dominância sobre as invasoras.
É necessária a freqüência de coroamento e roçada a partir do segundo mês após o plantio e com freqüência de 60 dias para todas as espécies durante os primeiros 180 dias.
A partir do sexto mês após o plantio, o coroamento é dispensado para as espécies Acacia mearnsii, Eucalyptus grandis, e Mimosa scabrella.
As roçadas são dispensadas somente para a espécie E. grandis nos espaçamentos 2x1 e 2x1,5m a partir do sétimo e oitavo mês respectivamente.
Autores: Elder Eloy - Acadêmico do Curso de Engenharia Florestal do Centro de Educação Superior Norte do RS - CESNORS/UFSM - Frederico Westphalen (RS); Bráulio Otomar Caron e Velci Queiróz de Souza - Eng. Agrônomo - Professor Adjunto - Depto. de Agronomia - Centro de Educação Superior Norte do RS - CESNORS/UFSM - Frederico Westphalen (RS); Rômulo Trevisan - Eng. Florestal - Professor Adjunto - Depto de Engenharia Florestal - Centro de Educação Superior Norte do RS - CESNORS/UFSM - Frederico Westphalen (RS); Alexandre Behling e Rogério Bamberg - Acadêmico do Curso de Engenharia Florestal do Centro de Educação Superior Norte do RS - CESNORS/UFSM - Frederico Westphalen(RS); Andre Luis Vian e Carlos Busanello - Acadêmico do Curso de Agronomia do Centro de Educação Superior Norte do Rio Grande do Sul - CESNORS/UFSM - Frederico Westphalen (RS).