A germinação lenta e irregular das sementes de Teca, devido a elevada dormência, é uma das principais limitações enfrentadas pelos produtores desta madeira. Para amenizar estes problemas, a Embrapa Rondônia adaptou o coletor solar para tratamento de substratos, desenvolvido pela Embrapa Meio Ambiente, para induzir a germinação das sementes de Teca. O coletor solar, que também pode ser chamado de solarizador, é um aparelho que permite a captação da energia solar e transformação em energia calorífera. Normalmente, esta técnica é utilizada para eliminar os agentes causadores de doenças e pragas de solo, que infestam substratos naturais.
Para adequar esta técnica à germinação das sementes de Teca, os pesquisadores da Embrapa Rondônia, Rodrigo Barros Rocha, Abadio Hermes Vieira e José Roberto Vieira Júnior estudaram as condições climáticas para adaptar este equipamento para esta nova utilização. Resultados de experimentos mostram que houve aumento na velocidade e uniformidade de germinação, com exposição da semente ao calor seco no interior do equipamento, diz Rocha.
"A fabricação do solarizador tem baixo custo e pode ser facilmente construído pelos agricultores familiares", afirma José Roberto.
O coletor solar é uma caixa de madeira com medida de 1,0 m x 1,5m, seis tubos metálicos cobertos com plástico ou vidro transparente que permite a entrada de raios solares, chegando a temperatura de mais de 80ºC. Para a região Norte, os pesquisadores recomendam que seja utilizado o vidro, pela quantidade e freqüência das chuvas. Entretanto, é importante salientar que o vidro não deve apresentar uma espessura muito grande.
A madeira em sua construção deve ser de boa qualidade, pintada em cor preta para melhor absorção do calor e envernizada. No fundo da caixa deve ser colocada uma chapa metálica sobre uma camada de 5 cm de isopor ou outro isolante térmico, para auxiliar na retenção de calor. Seis tubos de 15 cm de diâmetro de ferro galvanizado, pintados de preto do lado de fora. De acordo com Rodrigo, a fabricação deste equipamento é de baixo custo, em torno de R$ 400,00, sendo acessível ao pequeno produtor.
Os resultados avaliados têm mostrado que da taxa relativamente baixa de germinação entre 25% a 35% no período de 10 a 90 dias, o tratamento no coletor solar permite a obtenção de taxa de germinação de 80% ao final da segunda semana.
Segundo Rodrigo, o aumento da uniformidade e da taxa de germinação são os principais benefícios do uso da solarização para a quebra da dormência das sementes de Teca, que visa proporcionar não somente uma economia na produção de mudas como também aumentar sua uniformidade, impactando positivamente na homogeneidade de todo o plantio.
A Teca (Tectona grandis) é uma espécie nativa das florestas tropicais de monção do Sudeste Asiático (Índia, Myanmar, Tailândia e Laos), que têm se destacado nos plantios na região amazônica pelo crescimento volumétrico e qualidade de madeira. Uma das principais limitações para a produção de mudas de Teca é a germinação lenta e irregular das sementes, inseridas em fruto de endocarpo e mesocarpo duros e de alta resistência.
De acordo com Abadio, o total da área reflorestada com esta espécie no mundo é estimado em cerca de três milhões de hectares, concentrando-se na Indonésia, Índia, Tailândia, além de extensas plantações na Oceania e África. Alemanha, Arábia Saudita, Austrália, Dinamarca, Emirados Árabes, EUA, Japão, Holanda, Itália e Reino Unido são os maiores importadores.
No Brasil, os maiores plantios estão localizados no Mato Grosso, com ciclos de 25 anos, sendo que em Rondônia os municípios de Pimenta Bueno, Espigão d´Oeste e Nova Brasilândia se destacam como maiores produtores. A área plantada em todo o Estado é de cerca de três mil hectares, cujos plantios têm entre 10 a 15 anos, com exceção de uma área em Pimenta Bueno, onde já está sendo realizado o corte da Teca. As placas oriundas deste corte são exportadas, principalmente para os Estados Unidos.
Apesar do longo período de maturação, o reflorestamento com Teca pode ser considerado um ótimo investimento. Os resultados são promissores para a implantação de reflorestamento com essa espécie na região, podendo também ser utilizada para fins comerciais. Devido ao crescimento rápido, atinge aproximadamente três metros no primeiro ano e cinco metros no segundo, sendo uma madeira resistente a cupins, carunchos ou outros insetos.
A demanda da madeira se dá por várias vantagens, pois além de muito utilizada nos revestimentos de navios, fabricação de móveis, construção naval, laminação, lenha e carvão vegetal, é recomendada para o reflorestamento, devido à sua durabilidade, estabilidade, facilidade de pré-tratamento, resistência natural ao ataque de fungos, insetos, pragas e brocas.
Autora: Daniela Garcia Collares - Embrapa Rondônia