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Bioenergia |
As florestas energéticas |
O milênio que está iniciando depara, globalmente, com três circunstâncias igualmente importantes e relacionadas, de certa forma, entre si. A questão ambiental causada pela grande demanda de recursos naturais e suas relações e reações na terra, a crescente demanda de energia para sustentar o desenvolvimento dos povos e, por outro, os antigos e clássicos problemas sociais devido à grande desigualdade observada em diversas regiões da Terra. Assim, para propiciar o desenvolvimento sustentável da Terra, precisam ser equacionados, continuamente, os problemas ambientais, de oferta de energia e soluções de natureza sociais que se somam e se interagem quando se busca a melhoria de qualidade de vida dos povos e a conservação do planeta.
A ótica de tal desenvolvimento é a sustentabilidade que comporta certo grau de imprevisibilidade devido a possíveis erros no planejamento e na execução de políticas globais que propugnam a modernização e o desenvolvimento da sociedade humana. Há um crescente aumento da demanda de energia e de forma muito vertiginosa à medida que há desenvolvimento na sociedade. O mundo está no alvorecer da era da civilização moderna da biomassa, como expressa Ignacy Sach, como necessidade e como base para o desenvolvimento sustentável na Terra.
As florestas energéticas reúnem vantagens comparativas naturais e significativas para o Brasil que tem condições de produzir, dependendo de condições tecnológicas e regiões do país, entre 250000 e 300000 quilocalorias de energia química potencial de florestas por hectare/dia, que é uma produção extraordinária. Isto se deve, basicamente, as condições edafo-climáticas e a tecnologia oriunda da prática da engenharia florestal brasileira.
A definição de políticas para ampliar a base de florestas energéticas no Brasil viria contribuir com três aspectos importantes que estão permeando o contexto presente; e que requerem soluções e harmonizações convergentes. As soluções dos problemas ambientais, a necessidade de obtenção de energias renováveis e a resolução das demandas sociais.
As florestas fazem parte da ordem do dia como um dos mecanismos para deter as mudanças climáticas advindas do uso intensivo e dominante de energias dos combustíveis fósseis. As energias renováveis, atualmente, expressam a busca de mudança e melhoria ambiental da matriz energética global, onde há uma relação perversa de 1:9 entre fontes energéticas renováveis e não renováveis. Acrescenta-se, ainda, o fato que as florestas para fins energéticos agregam valores econômicos importantes para melhoria de condições sociais no campo de forma direta e nas cidades de forma indireta.
O custo de implantação de florestas energéticas pode ser minimizado quando no seu bojo trazem soluções de base para a sociedade como os apontados acima.
A tecnologia e a inovação na implantação de florestas comerciais têm colocado o Brasil em destaque no mundo pela alta produtividade e custos competitivos que são vantagens comparativas decisivas para o negócio florestal. Todavia, há aspectos que precisam ser sanados ou melhorados como a concentração de plantios em poucas espécies o que gera necessidade da busca para introdução de outras espécies competitivas do ponto de vista florestal; a formulação de uma política florestal para melhorar a estabilidade e o desenvolvimento do setor visando atender o mercado interno e externo, as peculiaridades regionais de um país muito grande e a conciliação dos problemas ambientais e sociais brasileiros.
As florestas devem contribuir, em parte, com as soluções dos problemas brasileiros porque sempre teve papel significativo em nossa história desde a extração do pau-brasil, que deu nome ao país no inicio da vida brasileira, e, hoje, torna-se o Brasil com grande capacidade florestal perante o mundo.
Autor: Dimas Agostinho da Silva, Universidade Federal do Paraná |
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