De acordo com números oficiais divulgados pela FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, o Brasil possui 470 milhões de hectares em florestas nativas, onde desponta a Amazônia. Entretanto, menos da metade está acessível para produção florestal devido a uma conjugação de fatores onde se incluem as grandes áreas ocupadas por reservas ambientais e indígenas, a ausência de infra-estrutura e as enormes distâncias dos centros de consumo. Além disso, as discussões sobre florestas nativas no Brasil são monopolizadas por questões ambientais onde a produção florestal aparece, em boa medida, como um empecilho a ser evitado.
Por outro lado, a produção florestal brasileira está muito aquém das suas potencialidades excepcionais, em contraste com o que ocorre em países do Hemisfério Norte, com destaque para os Nórdicos, onde a cadeia produtiva florestal contribui significativamente para seus PIBs. Esses países desenvolveram sistemas para o aproveitamento racional de seus recursos florestais que inclui um dinâmico processo de agregação de valor, transformando o setor em importante vetor de industrialização e desenvolvimento; em seu entorno, criaram-se indústrias para o beneficiamento da madeira, pólos para projetar e construir máquinas e equipamentos, centros de pesquisa e desenvolvimento, de capacitação e especialização de mão-de-obra, etc.
O Brasil, que até recentemente exportava madeira em tora, apenas engatinha na formação de um modelo produtivo similar. Em que pese nossa produção de celulose, que desponta na modalidade de fibra curta oriunda da silvicultura de eucalipto, agregamos muito pouco valor aos nossos produtos florestais. A par das dificuldades já mencionadas, carecemos de uma política de Estado consistente e duradoura para o desenvolvimento de um verdadeiro sistema de industrialização do ciclo madeireiro. Apenas para mencionar, a exploração e utilização de nossas florestas estão sob a égide do Ministério de Meio Ambiente que, por origem e atribuições, pouco tem a ver com qualquer processo industrial.
Apesar das condições adversas, a cadeia produtiva de base florestal no Brasil emprega cerca 6,5 milhões de pessoas (9% da população economicamente ativa do país), dos quais 2,5 milhões no setor de madeira sólida. Destes, aproximadamente 215 mil são mantidos diretamente na atividade, ou 4,3% do total de empregos gerados na indústria de transformação.
Adicionalmente, várias empresas do setor florestal brasileiro promovem uma maior interação com as comunidades locais por meio de projetos de parcerias e similares. À guisa de exemplo, cita-se o Projeto Bom Manejo, dirigido e coordenado pela Embrapa com a participação de empresas do setor. Operando desde 1999, o Projeto tem como principal objetivo desenvolver e difundir práticas de bom manejo florestal para serem adotadas tanto por empresas como por comunidades.
Alguns segmentos do setor florestal brasileiro se empenham para agregar valor à madeira. Além da indústria moveleira que, em 2007, movimentou mais de R$ 14 bilhões e exportou US$ 1,1 bilhão, existem outras classificadas como PMVA (Produtos de Maior Valor Agregado) onde se incluem a produção de molduras, portas, pisos e outros manufaturados que, ainda em 2007, exportaram 2,2 bilhões de dólares. Tratam-se de indústrias bastante especializadas que utilizam um maquinário sofisticado cuja operação exige mão-de-obra altamente qualificada.
A produção de pisos de madeira ocupa lugar de destaque no grupo PMVA. Em 2007, por exemplo, o Brasil produziu 34 milhões de metros quadrados em pisos de madeira e suas exportações ultrapassaram 600 milhões de dólares. De fato, sua produção dobrou nos últimos dez anos. Mas, mesmo contando com a exuberância da Amazônia e outras florestas, a produção brasileira de pisos ainda é 12 vezes menor que a da China, 4 vezes menor que a dos EUA e quase 4 vezes menor que a da Europa.
Nesse contexto, é imprescindível uma política industrial para o setor florestal brasileiro e, principalmente, que as autoridades afins considerem que somente com a floresta e seus produtos valorizados é viável garantir seu correto extrativismo, planos de manejo, procedência de matérias-primas e inibir a ilegalidade.
Fonte: ANPM – Associação Nacional dos Produtores de Pisos de Madeira