O paisagismo não é apenas a criação de jardins através do plantio desordenado de algumas plantas ornamentais, é uma técnica artesanal aliada à sensibilidade, que procura reconstituir a paisagem natural dentro do cenário devastado pelas construções. Requer conhecimentos de botânica, ecologia, variações climáticas regionais e estilos arquitetônicos, sendo também importante o conhecimento das compatibilidades plásticas para o equilíbrio das formas e cores.
A finalidade do paisagismo é a integração do homem com a natureza, facultando-lhe melhores condições de vida pelo equilíbrio do meio ambiente. Ele abrange todas as áreas onde se registra a presença do ser humano. Até mesmo nos desertos só é notada a presença dos seres humanos nos oásis, onde existe vegetação nativa ligada à água. Desde as áreas rurais até as regiões metropolitanas, o paisagismo deve atuar como fator de equilíbrio entre o homem e o ambiente.
A manutenção de áreas verdes nas grandes indústrias influencia positivamente para o aumento da produção, chegando a assegurar uma diminuição nos índices de acidentes de trabalho. Uma paisagem mais amena nas áreas das fábricas, suavizando a artificialidade metálica dos maquinários de trabalho, diminui a tensão dos trabalhadores.
O paisagismo urbano tem por objeto os espaços abertos (não construídos) e as áreas livres, com funções de recreação, amenização e circulação, entre outras, sendo diferenciadas entre si pelas dimensões físicas, abrangência espacial, funcionalidade, tipologia ou quantidade de cobertura vegetal.
A criação de jardins internos (paisagismo de áreas internas), nas residências ou em áreas comerciais, comprova a necessidade do ser humano em manter-se ligado à natureza.
Paisagismo Rodoviário
Paisagismo rodoviário é a integração da estrada à paisagem a qual ela atravessa. A vegetação proporciona maior estabilidade aos terrenos das faixas de domínio, diminuindo a movimentação de partículas do solo e facilitando obras de drenagem que regularmente são assoreadas por ocasião das chuvas.
O termo arborização de estradas é empregado de forma genérica para designar não só a arborização propriamente dita, mas também os demais revestimentos de suas margens, taludes e terrenos adjacentes. A arborização poderá ser implantada ou melhorada, incrementando-se a vegetação existente com o manejo da faixa de domínio.
O manejo da faixa de domínio consiste num conjunto de práticas que visam a execução do manejo adequado da vegetação restante, selecionando as espécies paisagisticamente interessantes e colocando-as em locais de destaque e protegendo as espécies remanescentes.
As espécies devem ser selecionadas considerando-se fatores como:
• solo;
• clima;
• luminosidade;
• persistência da folhagem;
• sistema radicular e características plásticas decorativas da folhagem;
• tronco, copa e coloração.
Devido aos trabalhos de terraplanagem das faixas de domínio, há uma grande dificuldade em se estabelecer espécies rasteiras, quanto mais árvores. Por isto, a escolha recai sobre nativas rústicas adaptadas à região. Recomenda-se como época adequada para o plantio o período de chuvas da região.
Paisagismo Rural
As funções do paisagismo rural não estão limitadas ao embelezamento estético da paisagem, mas também às praticas preservacionistas, indispensáveis à manutenção dos elos essenciais ao equilíbrio do ecossistema nas áreas de sua implantação. É exercido de forma plena, integrando-se perfeitamente à natureza.
Para atingir bons resultados existem fatores que devem ser conhecidos:
Clima - determina as possíveis espécies a serem introduzidas na área.
Relevo - norteará o traçado geral do projeto em consonância homogênea com a paisagem natural.
Vegetação nativa - funciona como orientação na seleção de espécies e servirá de base para a continuação das mesmas características das espécies vegetais ou ponto de referência a uma mudança de características a fim de proporcionar contrastes ou motivos de atração.
Solos - verificada a constituição física do solo, pode-se prever quais espécies se adaptarão, quais as dimensões das covas para plantio e a adubação requerida para um bom desenvolvimento.
Ventos - o conhecimento das rotas dos ventos predominantes na área do projeto possibilita designar os locais mais favoráveis para o plantio de determinadas espécies.
Monumentos naturais – qualquer produção da natureza que por suas qualidades constituam motivos de excepcional interesse, como elementos paleontológicos (fósseis), elementos geomorfológicos (grutas, sumidouros, jazidas minerais), elementos topográficos (quedas d’água, paisagens), elementos florísticos ou botânicos (florestas, plantas raras), elementos zoológicos (fauna), elementos etnográficos (indígenas, inscrições rupestres, ruínas).
Água – fator de importância funcional e estética. Funcional porque a sobrevivência e o sucesso da composição dependerá da água, e estética porque a água é um elemento decorativo e atrativo. Atividade principal da propriedade - determinará as características do projeto, como:
• Arborização de estradas vicinais.
• Reflorestamentos heterogêneos ecológicos.
• Implantação de vegetação protetora de nascentes, mananciais e cursos d'água.
• Criação de áreas verdes em clubes de campo, condomínios de chácaras, casas de campo, pousadas, estações termais, sítios.
• Revestimento vegetal protetor e/ou reconstituinte de solos instáveis (taludes, voçorocas). Uma das mais desastrosas conseqüências do rompimento dos elos naturais reflete-se no solo, causando seu enfraquecimento biológico e, posteriormente, a desagregação física, levando à erosão de suas camadas, das superficiais até as profundas. Com o emprego de espécies vegetais adequadas, há uma diminuição destes danos.
• Causa maiores problemas em estufas do que em casas e no exterior.
Paisagismo Urbano
Com o aumento do stress urbano das grandes cidades, a necessidade de estar próximo à natureza tem aumentado consideravelmente. As áreas verdes proporcionam áreas de lazer, áreas para prática de esportes, meditação, estudo e entretenimento.
Nos últimos anos, houve um incremento na busca de informações sobre como amenizar o “cinza” dos prédios, do asfalto, como anular o efeito da poluição urbana. As áreas verdes, os parques, a arborização das ruas, as avenidas, as praças públicas, os clubes, os jardins públicos ou particulares, passaram de locais com algumas plantas dispostas sem nenhum cuidado a locais desenhados e com composições de cores, formas e texturas, proporcionando um visual extremamente amenizador e relaxante.
Para cada projeto de paisagismo, existem fatores a se considerar, como o porquê de implantar, onde implantar, como implantar, como manter, que estilo, que cores e quais as características desejáveis das plantas.
Para a arborização de ruas, normalmente cada cidade tem suas regras e modelos estabelecidos por profissionais da área, que irão avaliar ruas, avenidas, praças, parques, jardins públicos e, após, implantar seu projeto de forma mais adequada às condições da cidade.
Quanto a jardins de prédios, de casas, de indústrias ou escritórios, escolas e clubes particulares, há uma série de outros fatores relevantes, e normalmente há mais maleabilidade na realização do projeto.
Paisagismo de Áreas Internas
Nesta área, o paisagismo interno irá complementar a decoração, com seus elementos vivos e coloridos, o que proporcionará uma sensação leve, mas dinâmica.
Pode ser dividido em: jardins internos, jardins em terraços, sacadas e áreas de recreação. Neste tipo de projeto existem, como nos outros, um estudo a se fazer, para que seja atingida uma harmonia entre o ambiente e o jardim.
É extremamente vital para este projeto o conhecimento das características das plantas quanto à sua adaptabilidade e crescimento nos locais. Plantas são ornamentos vivos, que crescem e se desenvolvem, mudam sutilmente com as estações do ano, apresentando sempre um aspecto diferente e necessitando de cuidados constantes.
Cuidados essenciais:
• Regas periódicas e bem dosadas;
• Adubação periódica, de acordo com as necessidades de cada espécie;
• Limpeza semanal, quinzenal, ou mensal, dependendo das condições da planta;
• Preparo superficial do solo;
• Prevenção e tratamento de pragas e/ou doenças;
• Substituição de plantas doentes ou mortas.
Enquanto a luz interessa diretamente a apenas um só dos sentidos humanos, toda a vida da planta depende dela. É importante observar o local onde vão ser alocadas as plantas. Quantas horas o local recebe luz por dia durante a fase de crescimento.
Por exemplo, um local que é ensolarado durante todo o verão pode ter sombra no inverno. Numa casa ou numa estufa, existe sempre menos luz do que fora. Diante de uma janela, a luz é boa e direta; a 1,50m ou 1,80m da janela, ela ainda é boa, apesar de indireta; no resto do aposento é sombra. O mais indicado seria medir com um fotômetro a diminuição da intensidade luminosa à medida que a distância da janela aumenta.
É preciso levar em conta que as plantas no interior das casas só recebem luz de um lado, enquanto que, ao ar livre, mesmo na sombra, elas a recebem de todos os lados. A reação da planta é orientar-se para a luz e desenvolver-se nesta direção. A luz que emana de uma fonte única provoca a inclinação.
Erros no cuidado das plantas
• O escurecimento da borda das folhas pode ser devido à insolação excessiva ou por correntes de ar frio;
• A podridão cinzenta nas folhas e caules pode resultar de umidade excessiva;
• Depósitos esbranquiçados nas paredes externas de um vaso de barro são indício de excesso de minerais, devido à adubagem excessiva;
• Folhas murchas são consequência de um apodrecimento das raízes devido ao excesso de água;
• Caules novos pendentes podem ser indício de uma planta com excesso de nutrientes;
• Folhas que amarelecem e caem são sintomáticas de superirrigação;
• A queda das flores dos renovos é igualmente indício de superirrigação ou de sub-irrigação;
• Folhas definhadas e torcidas em direção da fonte luminosa indicam que a planta está sem luz;
• Folhas descoloridas é sintoma de iluminação insuficiente.
O que se deve evitar no paisagismo urbano
• Jardineiras ou canteiros construídos sobre lages de concreto com profundidade insuficiente para a devida expansão das raízes das plantas;
• Inexistência ou insuficiência de pontos de drenagem para o escoamento do excesso de água;
• Plantio de espécies em locais inadequados, prejudicando seu desenvolvimento, como, por exemplo, plantas de porte médio plantadas em vasos pequenos, ou o plantio de árvores em covas rasas ou sobre lajes de concreto, impossibilitando o desenvolvimento das raízes;
• Início da implantação do jardim antes do término de outras obras, como pintura, iluminação, limpeza final, etc;
• Poda desregrada e inconseqüente, mutilando as plantas.
Pedras
Caminhos, trilhas, acessos, contraste entre a vegetação são as inúmeras formas de utilização das pedras. Nos jardins orientais, as pedras são elementos imprescindíveis. Para os orientais, as pedras simbolizam as montanhas, que eram a morada dos imortais, exercendo desta maneira uma proteção para os locais, como guardiões e símbolo da sabedoria.
Dormentes
Os resistentes dormentes, muito utilizados em trilhos de trem, podem ser utilizados com sucesso incrível nos projetos paisagísticos, sejam como divisórias, cercas, formando degraus de escadas, caminhos ou como suportes de plantas.
Troncos, raízes
Muito utilizados na composição com flores e folhas, formando arranjos. As formas rústicas proporcionam um visual bastante atraente. Muitos troncos são utilizados como suportes para samambaias, bromélias e trepadeiras.
Cascatas, fontes
A água constitui fator de grande atração visual, tanto por seus efeitos de reflexão, sensação de ampliar horizontes e de movimento, quanto por seus efeitos sonoros e psicológicos. Entre as flores, folhagens, árvores, palmeiras, o efeito é incrível. Desde espaços pequenos, com pequenas fontes, até grandes locais, com piscinas ou cascatas, a água sempre equilibra a composição.
Quiosques
Construções rústicas, feitas de madeira, proporcionam locais de meditação e lazer em meio ao jardim.
Pérgolas e treliças
As pérgolas feitas de madeira, com belas trepadeiras, podem dar ao jardim um efeito incrivelmente ornamental, podem estar próximas a piscinas, como em cobertura de varandas, nas entradas ou no abrigo para carros.
As treliças feitas de madeira podem servir como biombos separando áreas de um jardim, proporcionando quebras e uma sensação de que o jardim é muito grande, além de promoverem um certo mistério, por não se saber o que vem depois dela. Muito utilizada também em paredes, como suportes para vasos e xaxim, em locais abrigados ou não, ao redor de portas de entrada com belas trepadeiras.
Decks, móveis
Muito utilizados em áreas com piscinas, proporcionam um contraste belo entre a água e as plantas existentes. Também como áreas de meditação, ou em pequenas áreas de jardins internos de prédios ou casas, em formas sinuosas, dando a sensação de leveza e aconchego.
Iluminação
De fundamental importância para os jardins, é necessário que todos os pontos da iluminação estejam presentes no projeto de paisagismo, para possibilitar que a rede de fiação elétrica seja implantada antes das obras de jardinagem, evitando danos às plantas e transtornos posteriores.
A luz disposta em meio a grupos de plantas, iluminando-as de dentro para fora, cria ilhas de luminosidade difusa em meio ao ambiente escuro, proporcionando um efeito ornamental muito bom.
Cores e aromas fazem a diferença em ambientes. As combinações harmoniosas são alcançadas através da mistura de tons escuros, médios e claros, ou da combinação de plantas cujas cores se aproximem umas das outras no gráfico das cores.
As cores quentes lembram o sol, enquanto as cores frias provocam a sensação de sossego. Nas composições paisagísticas, pode-se e deve-se aproveitar destes recursos naturais e assim invocar sensações como aquecimento (cores quentes) ou frescor (cores frias).
Fonte: ABAP- Associação Brasileira dos Arquitetos Paisagistas