Nos últimos anos a utilização de pinus na indústria madeireira brasileira tem sido crescente. As estimativas indicam que 35% do volume de madeira serrada produzida é formados de madeira desse gênero e no país existem, aproximadamente, 1,5 milhões de hectares de plantações. Portanto, tratam-se de espécies fundamentais para o fornecimento de matéria-prima, com destaque as Regiões Sul e Sudeste. Porém, apesar da demanda, a indústria madeireira está preocupada com a progressiva diminuição da sua oferta. O problema ainda não atinge as grandes empresas do setor afetando as pequenas, incapazes de manter vastas áreas próprias para reflorestamento.
O estabelecimento e o manejo de florestas plantadas com pinus vêm possibilitando o abastecimento de madeira que, anteriormente, era suprido com a exploração da araucária. Essa prática é importante para ecossistemas florestais nativos, pois vem suprindo uma parcela cada vez maior da necessidade atual de madeira. As condições de adaptação do pinus aos solos ligeiramente ácidos, que constituem a grande maioria dos solos do país, permitiram a implantação de extensas áreas que, juntamente coma adoção de práticas silviculturais adequadas, tornam as espécies deste gênero importante fonte de matéria-prima, proveniente de florestas estabelecidas dentro dos padrões de sustentabilidade.
A floresta de Pinus é diferenciada pelo seu “multi-uso” porque, após o corte, sua madeira pode ser destinada à indústria laminadora, que a utiliza para fabricação de compensados; para a indústria de serrados, que a transforma em madeira beneficiada ou é convertida em móveis; para a indústria de papel e celulose; para a indústria de MDF e, mesmo o seu resíduo, tem sido aproveitado como biomassa para geração de vapor e energia.
Na área de papel e celulose, que só trabalha com árvores de reflorestamento, o Pinus representa 30% das plantações. Ele é importante porque contribui com as fibras longas, imprescindíveis na fabricação de papéis, que exigem maiores resistências e melhor absorção de tinta.
No caso dos compensados, estas espécies são responsáveis por 61% do volume anual produzido. Estima-se que aproximadamente 3,15 mil empresas no Brasil utilizam Pinus nos seus processos produtivos.
O potencial silvicultural das espécies de pinus no Brasil é um fator fundamental para a sustentação do parque industrial madeireiro, sendo as mais plantadas e industrializadas o pinus elliottii engelm. e p. taeda. No entanto, existem muitas outras espécies de pinus com grande potencial de utilização, que devem ser objetos de pesquisa tecnológica.
Apesar desta grande potencialidade, no Brasil poucas são as pesquisas sobre as características e a qualidade da madeira de Pinus. Os poucos estudos existentes, em geral orientados mais para o setor de papel e celulose, são de pouca aplicabilidade na indústria de transformação mecânica da madeira.
Deve-se ressaltar que algumas espécies do gênero pinus apresentam boa adaptação ecológica em diferentes condições edafoclimáticas existentes no Brasil. Dessa maneira conseguem reproduzir, propagar e se desenvolver naturalmente em condições de pequena competição com a vegetação local. Para contornar possíveis problemas com essa característica do gênero é importante o correto manejo e a escolha adequada da área e das espécies o que é comumente feito nas principais empresas do setor que trabalham com esse gênero.
A escolha da espécie ideal é fundamental para eficiência e eficácia do plantio, portanto deve-se levar em consideração a finalidade e aspectos gerais do local, como clima, solo, entre outros.
Espécies de Pinus indicadas em função do uso
• Arborização, parques e jardins: P. caribaea, P. elliottii, P. kesiya, P. montezumae, P. oocarpa, P. pinea, P. pseudostrobus, P. radiata, P. roxburghii, P. strobus, P. taeda, P. tecunumanii e P. virginiana;
• Celulose: P. caribeae, P. taeda, P. maximinoi, P. patula, P. kesiya, P. pseudostrobus, P. tecunumanii, P. virginiana, P. strobus e P. echinata;
• Caixotaria: P. kesiya, P. pinea e P. virginiana;
• Construções: P. elliottii, P. kesiya, P. palustris, P. radiata, P. sylvestris, P. taeda, P. tecunumanii e P. wallichiana;
• Dormentes: P. palustris e P. taeda;
• Estacas e moirões: P. elliottii, P. caribaea var hondurensis, P. oocarpa, P. kesiya e P. pínea;
• Laminação: P. taeda, P. elliottii, P. strobus, P. caribaea, P. chiapensis, P. maximinoi, P. oocarpa e P. tecunumannii;
• Lenha e carvão: P. caribaea var hondurensis, P. caribaea var bahamensis, P. oocarpa e P. roxburghii;
• Móveis: P. taeda e P. elliottii;
• Particulados (aglomerado, OSB, waferboard): P. taeda, P. oocarpa, P. pinea, P. palustris, P. pinaster, P. patula, P. caribaea, P. chiapensis, P. maximinoi e P. tecunumannii;
• Postes: P. palustris, P. pinea e P. taeda;
• Resina: P. taeda, P. elliottii, P. tecunumanii, P. caribaea var hondurensis, P. caribaea var bahamensis, P. pinaster, P. sylvestris, P. oocarpa, P. kesiya, P. merkusii, P. patula, P. montezumae, P. palustris, P. ponderosa, P. roxburghii, P. pseudostrobus, P. leiophylla, P. montezumae, P. hartwegii e P. echinata;
• Serraria: P. taeda, P. elliottii, P. palustris, P. patula, P. oocarpa, P. maximinoi, P. caribaea var hondurensis, P. caribaea var bahamensis, P.caribaea var caribaea.
Espécies de Pinus indicadas em função do clima
• Equatorial: P. caribaea var hondurensis, P. caribaea var bahamensis, P.caribaea var caribaea, P. maximinoi e P. oocarpa;
• Tropical Brasil Central: P. caribaea var hondurensis, P. caribaea var bahamensis, P.caribaea var caribaea, P. oocarpa, P. tecunumanii, P. maximinoi, P. patula, P. montezumae, P. kesiya, P. pseudostrobus, P. wallichiana, P. taeda e P. elliottii;
• Tropical Zona Equatorial: P. caribaea var hondurensis, P. caribaea var bahamensis, P.caribaea var caribaea, P. maximinoi e P. oocarpa;
• Teperado: P. taeda, P. elliottii, P. patula, P. echinata P. montezumae, P. virginiana, P. radiata, P. kesiya, P. wallichiana, P. maximinoi, P. chiapensis, P. hartwegii, P. leiophylla, P. pinea, P.pinester, P. sylverstris, P. greggi, P. roxburghii, P. strobus, P. palustris, P. merkusii e P. ponderosa.
Espécies de Pinus indicadas em função do solo
• Argilosos: P. caribaea var hondurensis, P. caribaea var bahamensis, P.caribaea var caribaea, P. taeda e P. tecunumannii;
• Textura média: P. kesiya e P. elliottii;
• Arenosos: P. maximinoi, P. pinaster, P. hartwegii, P. leiophylla, P. maximinoi, P. elliottii, P. taeda, P. caribaea var hondurensis, P. caribaea var bahamensis, P.caribaea var caribaea e P. tecunumannii;
• Hidromórficos: P. elliottii, P. contorta, P. palustris, P. taeda, P. tecunumanii, P. chiapensis e P. caribaea var hondurensis;
• Distróficos: P. elliottii.
Autora: Giovana Beatriz Theodoro Marto – Instituto de Pesquisas r Estudos Florestais - IPEF