O avanço do agronegócio brasileiro, com ascendente participação no PIB, faz com que as exigências sejam cada vez maiores por parte do mercado interno e externo, assim, profissionalizar o gerenciamento dentro das várias etapas das cadeias produtivas, deixaram de ser um diferencial, mas sim uma necessidade. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o campo está produzindo itens cada vez mais sofisticados e aumentando suas exportações em até 55% em alguns setores no ano de 2007. Torna-se, então, completamente inviável consolidar tamanhas mudanças no setor sem a implementação de sistemas eficazes na gestão do agronegócio como um todo. É preciso acompanhar esse desenvolvimento, os controles do negócio por meio das antigas fichas de papel ou planilhas eletrônicas dificultam e tornam lentas as tomadas de decisões dentro de um sistema de gestão cada vez mais exigente.
“São poucas as ferramentas oferecidas no mercado para gestão, desenvolvidas visando o setor de agronegócios” diz o empresário Igor Daniel, que a mais de 10 anos atua no segmento de software no município de Colombo - PR. O mercado de software no Brasil é representado por aproximadamente 8.000 empresas, movimentando em torno de 11 bilhões de dólares por ano, que equivalem a 0,86% do PIB nacional, deste total, menos de 120 empresas de software atuam no mercado de agronegócios, representado apenas 1,5%. Sendo que, 35% destas são voltadas a base de dados, sistemas de informação, controle de rebanhos e gestão agropecuária, restando menos de 0,99 % das empresas voltadas para setores específicos do agronegócio. Quando se refere ao setor florestal, a quantidade de soluções desenvolvidas são ainda mais insignificantes, pois são poucas ou raras as fabricas de software que apostam no segmento.
Os softwares de gestão empresarial vêm sendo cada vez procurados para auxiliar na gestão de produção de mudas, com o objetivo de agilizar os processos de produção, aumentar a produtividade e como conseqüência gerar mais lucros. “A utilização de software para o gerenciamento do viveiro esta sendo de fundamental importância para organização tanto produtiva quanto financeira”, diz o Técnico Agrícola Bruno Martins Fonseca funcionário de um viveiro de mudas situado em Rondonópolis – MT, diz ainda, “que através do software de gerenciamento de viveiros tem-se o controle de todas as operações, produtivas, financeiras e custos de produção, e este tipo de investimento é altamente viável, pois permite eliminar gastos desnecessários na produção, principalmente com a mão de obra”.
Uma ferramenta é um instrumento ou sistema automatizado utilizado para realizar uma tarefa de maneira mais eficiente e deve ser cuidadosamente escolhida. Deve-se lembrar que quem contrata mal corre o risco de tornar-se responsável solidário com o seu prestador de serviços. Para minimizar esse risco, existem alguns cuidados que devem ser tomados na escolha da ferramenta que melhor se adapta a sua realidade, que são divididos em três formas: produtos específicos, personalizados ou adaptados de outro setor.
Para uma ferramenta já existente de outro setor, quando é adaptada, tem as vantagens de possuir os mais amplos controles financeiros e baixo custo de investimento, em contra partida, esta ferramenta poderá exigir um esforço adicional para adequar os processos da produção, oferecendo pouco ou nenhum suporte especializado, além de ficarem muitas ferramentas obsoletas no sistema.
Ao desenvolver um produto personalizado, tem-se como maior benefício à possibilidade de total adequação do produto final as necessidades empresa, apresentando as desvantagens de levar muito tempo para colher os resultados sendo o custo de desenvolvimento bastante elevado. Muitas vezes, essas empresas não têm em seus quadros de colaboradores profissionais do seguimento de agronomia ou florestal, ficando o contratante responsável de prestar todas as informações técnica que o software exige o que muitas vezes se torna inviável, devido ao tempo despendido dos profissionais da empresa.
Os produtos específicos desenvolvidos para determinados segmentos são mais raros de se encontrar, como visto anteriormente. Eles apresentam custos acessíveis, os resultados começam aparecer de imediato, normalmente as empresas que fornecem os produtos, possuem em seus quadros, profissionais qualificados e ligados às áreas em que atuam, os produtos oferecidos estão em constantes atualizações e aperfeiçoamentos técnicos e as implantações geralmente são acompanhadas de consultoria técnica nas áreas específicas.
Administrar um viveiro hoje, onde as margens de lucro são estreitas e o preço final da muda tem que acompanhar o mercado, é quase impossível sem auxilio de um bom sistema de gerenciamento. Um viveiro para ser bem conduzido, precisa de informações rápidas e precisas, quanto mais rápidas e seguras às decisões são tomadas maiores as chances de sucesso do negócio.
Para o seguimento de viveiros de mudas, os produtores já contam com ferramentas que permitem total controle financeiro e produtivo, onde é possível identificar o histórico de um lote, como: insumos utilizados (substrato, semente, estaca e fertilizantes com seus devidos lotes), clones ou sementes coletadas e qual matriz originou a semente ou a estaca, manejos efetuados (pulverizações, fertilizações, desbastes e outros manejos previstos ou não, com o insumo utilizado para estes), tempo que o produto levou para ficar pronto, locais onde foi armazenado durante o processo de desenvolvimento, clientes que compraram produtos do mesmo lote e até o controle dos recipientes (bandejas, tubetes e caixas) bem como a quantidade de recipientes em posse do cliente.
A mão de obra é um fator fundamental no processo de produção de mudas, assim uma boa ferramenta deve apresentar todo o desempenho dos funcionários, tais como: quem realizou as coletas de semente ou estacas, quem executou o plantio, quem realizou os manejos, enfim todas as tarefas do viveiro devem ser controladas para identificar quanto tempo foi gasto para cada tarefa. Este controle pode auxiliar nas decisões quando se fala em redução de custos, essas informações permitem reavaliar o desempenho individual e coletivo, assim como, se há necessidade de readequação dos processos adotados.
Outros controles que incidem diretamente no custo final do produto, devem ser sempre considerados, ou seja, é preciso ter à mão os descartes de produtos ao longo do processo, qual o valor que o imobilizado do viveiro representa em cada produto e se a capacidade de produção do viveiro está compatível com a área disponível. Essas informações, assim como as citadas anteriormente são primordiais nas tomadas de decisões, pois para reduzir custos, não basta apenas comprar bem ou reduzir o quadro de funcionários, é preciso um bom planejamento, principalmente saber se o que foi estimado está sendo realizado dentro da capacidade da empresa.
O controle financeiro sempre se apresenta como uma grande preocupação dos administradores, porém esses devem ir além dos controles de contas a pagar, a receber e fluxo de caixa, o bom gerenciamento deve contar com informações completas no que se refere aos custos projetados e custos realizados. Quando se fala em qualquer tipo de produção mudas, o custo realizado dificilmente é igual ao projetado, pois o tempo que um ciclo produtivo leva pode sofrer influências externas que dificilmente podem ser controladas completamente, desta forma um mesmo produto pode não ter um mesmo custo final.
Esta é a era da informação, é preciso vencer barreiras culturais e promover alguns ajustes. Empresas e negócios rentáveis estão sempre correndo risco, e quanto maior o controle sobre as informações que temos a disposição, maior será a segurança nas tomadas de decisões. Com um estudo prévio de custo e benefício é possível investigar a viabilidade de um sistema, bem como torná-lo viável para cada negócio. Superada a fase de adaptação, resta apenas o caminhar seguro para o sucesso.
Fonte: Douglas Eduardo Costa Martins: Engenheiro Agrônomo Decid Sistemas; Pós Graduado em Agronegócios pela UFPR