Para a escolha do local onde será instalado o viveiro, devem-se levar em consideração os seguintes aspectos: facilidade de acesso; suprimento de água; área livre de ervas daninha; declividade da área do viveiro e luz.
Durante todo o período, após a semeadura, há necessidade de abundância de água para irrigação. Poderão ser utilizadas águas de rios, lagos e de origem subterrânea, devendo ser evitada a introdução de algas ou sementes de ervas. A água deve ter menos de 200 partes por milhão (ppm) de silte e cálcio e menos de 10 ppm de sódio e 0,5 ppm de boro.
Deverá existir contínua vigilância e erradicação das ervas daninhas efetuada imediatamente após o seu aparecimento, quer sejam perenes ou anuais.
A declividade deve ser de 2%, no máximo, para não correr danos por erosão. É importante salientar que os canteiros devem ser instalados em nível, perpendiculares à movimentação da água. Áreas planas contribuem para o acúmulo de água da chuva, principalmente quando o percentual de argila for maior que o indicado.
O viveiro possui dois tipos de áreas: áreas produtivas, compostas pela soma das áreas de canteiros e sementeiras, em que se desenvolvem as atividades de produção e áreas não produtivas que se constituem dos caminhos, estradas e áreas construídas.
A extensão do viveiro será determinada em função de fatores, tais como: quantidade de mudas para o plantio e replantio; densidade de mudas/m2 (em função da espécie); espécie e seu período de rotação; dimensões dos canteiros, dos passeios (caminhos) e das estradas; dimensões dos passeios (ou caminhos); dimensão das estradas (ou ruas); dimensão das instalações; adoção, ou não, de área para adubação verde (no caso de viveiros em raiz nua). A distribuição dos canteiros, caminhos, construções e principalmente o acesso devem visar a melhor circulação e utilização da estrutura do viveiro.
Deve-se levar em consideração a necessidade de luz solar, evitando na locação do viveiro uma área inconveniente. O viveiro deve ser instalado em local totalmente ensolarado. Se houver necessidade de sombra, pode-se lançar mão de abrigos, como o sombrite. Em alguns casos, o sombreamento é necessário em certos períodos. As espécies umbrófilas exigem proteção contra a luz solar. Os raios solares concorrem para a rustificação dos tecidos, tornando as mudas mais robustas e resistentes.
Em relação à exposição solar, deve-se colocar o comprimento dos canteiros voltado para a face norte, acompanhando-os ao longo de sua extensão. Contudo, tal medida para locação dos canteiros deve ser tomada, apenas se for possível, pois existem outros critérios prioritários.
Viveiros Provisórios: temporários ou volantes, visam uma produção restrita; localizam-se próximos às áreas de plantio e possuem instalações de baixo custo.
Viveiros Permanentes: centrais ou fixos, geralmente ocupam uma maior superfície, fornecem mudas para uma ampla região, possuem instalações definitivas com excelente localização. Requerem planejamento mais acurado; as instalações são também permanentes e de maiores dimensões.
Viveiros com mudas em raiz nua: as mudas em raiz nua não possuem proteção do sistema radicial no momento de plantio. A semeadura é feita diretamente nos canteiros e as mudas são retiradas para o plantio, tendo-se apenas o cuidado de se evitar insolação direta ou, até mesmo, vento no sistema radicial. O solo onde se desenvolvem as raízes permanece no viveiro. Após a retirada, são ordenadas em grupos, com material úmido envolvendo as raízes, antes da expedição para o plantio. Este tipo de viveiro é muito difundido no sul do Brasil para Pinus spp. Contudo, algumas espécies promissoras na Amazônia, como o freijó – Cordia goeldiana, tatajuba - Bagassa guianensis, e marupá - Simaruba amara – têm demonstrado aptidão para plantio com muda em raiz nua em forma de “stripling”.
Viveiro com mudas em recipientes: apresentam o sistema radicial envolto por uma proteção que é um substrato que o recipiente contém. Evidentemente, o substrato vai para o campo e é colocado nas covas, com as mudas, protegendo as raízes.
Topografia
O terreno deverá apresentar-se aplainado, recomendando-se um leve declive, favorecendo o escoamento da água, mas sem que provoque danos por erosão.
Para áreas com elevada declividade, a alternativa mais plausível é a confecção de patamares para a locação de canteiros. Os patamares devem ser levemente inclinados e devem ter dispostas ao longo de sua extremidade manilhas em forma de “U” , a fim de impedir o escoamento de água de chuvas fortes pelo talude, provocando erosão. Além disto, é aconselhável seu revestimento com gramíneas rasteiras.
A camada superficial removida deve ser reservada para aproveitamento na produção de mudas. Este substrato é mais fértil, mas pode apresentar o inconveniente de conter sementes de ervas. Neste caso, a fumigação deste material pode ser recomendável ou uso o de herbicida em aplicação pré-emergente.
Drenagem
Através da drenagem, provoca-se a infiltração da umidade gravitacional e a retirada de água por meio de valetas que funcionam como drenos. Sua localização mais usual é ao longo das estradas que circundam os blocos de canteiros. Os tipos de canalizações passíveis de uso são:
• Vala Cega: composta de uma vala com pedras irregulares (a água corre pelos espaços entre as pedras sendo possível o trânsito por cima da vala);
• Vala Revestida: composta de uma vala com revestimento de cimento, tijolos ou outros materiais;
• Vala Comum: vala aberta ao longo do terreno (podendo ser vegetada ou não).
As dimensões das valetas variam conforme a necessidade de drenagem aérea. Normalmente, a largura do fundo que é plano tem cerca de 40 a 60 cm e a abertura de 70 a 80 cm. As paredes são inclinadas, na valeta aberta, para evitar seu desmoronamento. A altura das valetas também é variável, oscilando em torno de 90 cm. Se a área for plana, a altura deve variar, com a profundidade maior para o lado externo, conduzindo a água para fora do viveiro. Sendo a área levemente inclinada, a profundidade da valeta pode ser uniforme.
Quebra-vento
São cortinas que têm por finalidade a proteção das mudas contra a ação prejudicial dos ventos. Devem, contudo, permitir que haja circulação de ar. São constituídas por espécies que se adaptem às condições ecológicas do sítio. Usualmente as espécies utilizadas são as mesmas que estão em produção no viveiro. O recomendado é que sejam utilizadas espécies adequadas, distribuídas em diferentes estratos, apresentando as seguintes características: alta flexibilidade, folhagem perene, crescimento rápido, copa bem formada e raízes bem profundas.
É importante salientar que as árvores que compõem os quebra-ventos não devem projetar suas sombras sobre o canteiro. Para tanto, devem ser, em distância conveniente, afastadas dos viveiros. As raízes das árvores não devem fazer concorrência com o sistema radicial das mudas em produção.
Para otimização dos efeitos favoráveis, alguns critérios básicos devem ser observados:
• A altura deve ser a máxima possível, uma vez que a área a ser protegida depende da altura da barreira;
• A altura deve ser homogênea, em toda sua extensão do quebra vento;
• As espécies que constituem o quebra-vento devem ser adaptadas às condições do sítio;
• A permeabilidade deve ser média, não impedindo totalmente a circulação do vento;
• Não devem existir falhas ao longo da barreira formada pelo quebra vento, para evitar o afunilamento da corrente de ar;
• A disposição do quebra vento deve ser perpendicular à direção dominante do vento.
•
Administração e Controle
Para um melhor desempenho do viveiro, deve-se adotar alguns procedimentos administrativos, sendo os mais importantes:
• Planejamento da produção visando cobrir todas as fases do processo, em que devem ser considerados o número de mudas a serem produzidas, as espécies e as épocas mais adequadas para a produção;
• Estoque de insumos e demais materiais necessários para a produção, tais como embalagens, ferramentas e outros;
• Disponibilidade de sementes necessárias ou locais definidos para coleta ou compra;
• Supervisão dos trabalhos distribuindo atribuições e obrigações ao pessoal;
• Acompanhamentos periódicos através de relatórios em que figurem informações sobre as espécies produzidas, atividades produtivas com seus rendimentos e custos atualizados da produção.
Para facilitar a administração e o manejo dos viveiros, são necessárias as seguintes instalações: casa do viveirista; escritório; depósito para equipamento e ferramentas; depósito para produtos químicos e abrigo aberto nas laterais (para atividades que não podem ser executadas sob chuva)
Canteiro para raiz nua: dentre os tipos de canteiro utilizados para a produção de mudas em raiz nua, os mais utilizados são os diretamente no solo e os canteiros com anteparos laterais. A proteção lateral pode ser feita com vários materiais, dependendo da disponibilidade de recursos e da facilidade de obtenção, podendo vir a ser utilizados: madeira, bambu, tijolos, concreto.
Canteiros para embalagens: devem apresentar uma largura que permita o manuseio das mudas centrais (+ 1 metro de largura), o comprimento pode variar sendo os mais adotados os de 10 a 20 metros. A instalação deve posicionar-se longitudinalmente no sentido leste-oeste para permitir uma insolação uniforme. O terreno deve ter um rebaixamento para o acomodamento das embalagens. Outra possibilidade é a utilização do solo como bordadura, ou ainda a montagem de molduras com materiais diversos, como tijolo, madeira, arame, taquara e concreto.
Sementeiras: é o local onde as sementes são postas para germinarem e posteriormente serem transplantadas para as embalagens (repicagem). Podem apresentar-se em duas formas: fixas ou móveis. As fixas são sementeiras instaladas em locais definitivos, geralmente visando produção de um número grande de mudas. As móveis são sementeiras montadas em recipientes com drenagem e volume compatível com as necessidades; podem ser feitas de madeira, plástico ou metal; e tem a facilidade de serem transportáveis. Devido a esta característica, a sementeira não pode ser muito grande, o que limita o número de mudas a serem produzidas. A instalação de canteiros e sementeiras é acompanhada da necessidade da instalação de um abrigo para a proteção das mudas recém repicadas ou plântulas. Deve-se deixar um intervalo entre os canteiros ou sementeiras que permita o desenvolvimento das atividades de produção
Recipientes: Após o peneiramento, mistura (adubo, matéria orgânica, etc.) e expurgo (brometo de metila), o substrato está pronto para o enchimento dos recipientes. As funções dos recipientes são propiciar suporte de nutrição das mudas, proteger as raízes de danos mecânicos e da desidratação, moldá-las em forma favorável para o desenvolvimento das mudas, assim como maximizar a taxa de sobrevivência e o crescimento inicial após o plantio e facilitar o manuseio no viveiro e no plantio.
Tipos de recipientes
Tubos: possuem parede externa, precisam ser preenchidos com substrato e podem ser plantados com as mudas. A rigidez da parede permite fácil manuseio e transporte das mudas e a impermeabilidade da parede pode restringir a dessecação do substrato, dependendo do material com que é confeccionado. Como exemplo, podem ser citados os recipientes de papel, papelão, lâminas de madeira, etc. A exceção fica por conta do saco plástico, que não pode ser plantado com as mudas.
Moldes: também são preenchidos com substrato, sendo que as mudas permanecem nos moldes por um período suficiente para que sua massa radicial envolva todo substrato das cavidades, facilitando sua extração.
Blocos: é o próprio recipiente e o substrato. São plantados com as mudas. Usualmente são rígidos e permitem rápido desenvolvimento das raízes. Em conformidade com o período no viveiro, possibilitam a penetração das raízes no espaço das mudas vizinhas. Como exemplo, tem-se o torrão paulista, recipiente não mais utilizado no Brasil.
Vantagens do uso dos recipientes: proteção das raízes; a época do plantio pode ser ampliada; melhor desenvolvimento inicial das mudas; melhor controle sobre a quantidade de sementes.
Desvantagens do uso de recipientes: maior peso para o transporte; são mais difíceis de serem manuseados; exigem trabalho mais intensivo; custos mais elevados de produção.
Substrato
Substrato é o meio em que as raízes se desenvolvem formando um suporte estrutural, fornecendo água, oxigênio e nutrientes para que a parte aérea das mudas se desenvolva. Os tipos de substratos usados no País são:
Canteiros em raiz nua: o único substrato é o próprio solo, que constitui o meio de desenvolvimento das raízes.
Canteiros com mudas em recipientes: o substrato mais utilizado é uma mistura de materiais, devidamente decompostos. Os principais componentes desta mistura são: turfa, cinza de caldeira, vermiculita, cascas de árvores e de arroz. A adubação mineral é introduzida à mistura.
A semeadura não deve ser superficial, pois as sementes recebem intenso calor do sol, não absorvendo umidade em quantidade adequada à germinação. Também não deve ser profunda, pelo fato de que o peso do substrato constitui um fator físico inibidor da emergência de plântulas.
A profundidade ideal deverá variar com as dimensões e o vigor das sementes. Geralmente a profundidade não deverá ultrapassar de duas a três vezes a espessura da semente.
Como cobertura coloca-se uma camada de material que deve ser leve, atóxica, higroscópica e que recubra, em espessura adequada, a superfície dos canteiros. Visa conservar a umidade necessária, proporcionando emergência mais homogênea; proteger as sementes de chuvas, fortes regas e oscilações de temperatura na superfície do canteiro após a semeadura.
A cobertura dos canteiros também protege as raízes novas e mais finas das plântulas logo após a emergência. Os materiais mais utilizados para cobertura de canteiros são: casca de arroz, acícula seca picada, vermiculita, sepilho, areia, serragem, etc. Podem ser utilizados, por períodos curtos e controlados, plásticos e aniagem que aumentam a temperatura na superfície dos canteiros, estimulando a germinação das sementes.
Irrigação
Para as sementeiras ou canteiros em germinação, as regas devem ser freqüentes até as mudas atingirem uma altura aproximada de cinco centímetros (folhas formadas), sendo os melhores horários pela manhã ou no período final da tarde. A irrigação no início das manhãs é recomendável em épocas e em locais frios, para desmanchar o gelo formado por geadas. Regas ao final do dia contribuem para que o substrato permaneça úmido por mais tempo, de modo que o potencial hídrico das mudas mantenha-se com valores mais altos durante as noites.
É recomendado que após a emergência ter alcançado seu ápice, o regime de regas deva ser alterado, substituindo-se gradativamente a irrigação freqüente e leve por outro regime de maiores intensidades e duração de rega. Substratos com teores elevados de areia requerem maior freqüência que os de menores teores.
Deve-se tomar cuidado com o excesso da irrigação, pois isto poderá acarretar as seguintes conseqüências:
• diminuição da circulação de ar no substrato;
• lixiviação das substâncias nutritivas;
• aumento da sensibilidade das mudas ao ataque de fungos.
Os trabalhos de irrigação poderão ser feitos com a utilização de mangueiras, regadores ou aspersores, dependendo das condições de cada viveiro.
As doenças em viveiros estão associadas principalmente a quatro fatores: água, sombreamento, substrato e material propagativo. Devido às suas características, o viveiro reúne condições de umidade, sombreamento e proximidade das mudas que favorecem a instalação, o desenvolvimento e a disseminação de doenças fúngicas.
Para o controle de doenças, podem ser utilizadas as seguintes medidas:
• Medidas preventivas são tomadas antes do aparecimento das doenças e estão associadas às técnicas de manejo do viveiro, que têm por finalidade a melhoria das condições ambientais do viveiro;
• As medidas curativas são tomadas após diagnosticado o aparecimento dos sintomas da doença. A utilização de fungicidas torna-se indispensável;
As práticas adotadas para o controle de doenças são:
• Melhoria das condições ambientais do viveiro: controle da irrigação, semeadura, drenagem, insolação e adubação;
• Desinfestação de substrato e recipiente: geralmente são utilizados produtos que tenham como princípio ativo o brometo de metila;
• Identificação dos agentes patógenos: é muito comum a ocorrência de doenças associadas aos fungos dos genêros: Cylindrocladium spp, Rhizoctonia spp., Pythium spp., Fusarium spp., Phytophtora spp;
• Aplicação de fungicidas: geralmente utilizam-se 2 gramas de fungicida para 1 litro de água com intervalo de três dias entre as aplicações. Dentre alguns fungicidas utilizados, estão: Benomyl, Benlate e Captan 50;
• Descarte de mudas atacadas: mudas que estejam contaminadas deverão ser descartadas para evitar a contaminação das mudas vizinhas.
Fonte: Elaborada pela Equipe Jornalística da Revista da Madeira