O que seria de nossa sociedade de consumo sem a energia elétrica? Toda a base de nossa sobrevivência estaria ameaçada em questão de pouquíssimo tempo. Um simples blecaute de algumas horas pode paralisar as atividades de uma cidade inteira. Imagine de um país? Por isso o setor energético tem exigido investimentos cada vez maiores. Se depender do planejamento do Governo, enfrentaremos os próximos 10 anos sem o risco de desabastecimento, ao contrário do que previam os especialistas ao apagar da luzes do século XX.
O Plano Decenal de Expansão do Setor de Energia Elétrica, produzido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) do Ministério de Minas e Energia, nos oferece um grande diagnóstico do setor e aponta para uma luz no final do túnel. As projeções governamentais dão conta de que a oferta de 3 mil MW médios anuais pelos sistemas de geração de energia será perfeitamente compatível com o crescimento do PIB projetado para 4,8% ao ano e um mercado que consumirá 5% a mais por ano, no próximo quadriênio, se considerados os patamares mais altos.
Esta oferta está baseada em pelo menos 91 empreendimentos hidrelétricos, de biomassa e carvão mineral entre outros, que estão recebendo propostas nos leilões de energia elétrica realizados no País – nova modalidade de financiamento do mercado futuro. Nestes leilões, a energia está sendo comercializado em valores que ficam em torno de 140 reais por MW/h, se falarmos de valores praticados nos leilões de 2005, 2006 e 2007. “Se não houver mudanças no preço do petróleo e no contexto macroecônimo, o preço é este, ou seja, tende a ser estável”, apontou o diretor de Estudos de Energia Elétrica da EPE, José Carlos de Miranda Farias. Segundo o executivo, a construção de novas usinas deverá acabar com o alarmismo disseminado pela mídia de que faltaria energia no curto prazo. “O que pode atrasar o processo são os licenciamentos ambientais das usinas hidrelétricas”, preconiza. Já o uso de energia eólica, considerada uma fonte limpa e renovável, ainda não é competitivo, na avaliação do diretor da EPE, pois seus preços ainda estão muito acima dos praticados pelos leilões.
O novo perfil das usinas hidrelétricas, por outro lado, chama a atenção. Hoje, estes empreendimentos alagam metade das áreas onde são construídos, se comparados com as UHEs existentes, portanto levam em conta fatores ambientais com mais força, na avaliação do diretor da EPE.
Os indicativos do Plano sustentam que vai crescer a participação do gás natural no total energético, enquanto que a geração a partir da hidroeletricidade tende a se reduzir. Já o processo de licitação de fontes alternativas, outra novidade no setor, já inclui uma usina à base de biomassa, em Santa Catarina.
O importante é que os novos empreendimentos energéticos levem em conta que estamos à beira do esgotamento dos nossos recursos naturais. Isto é, o binômio desenvolvimento econômico com preservação ambiental será fundamental para garantirmos a sobrevivência das gerações futuras.
Os empresários estão céticos quanto às previsões do Governo. “Percebemos que o marco regulatório tem uma série de problemas e que nos últimos leilões o preço a oferta de energia futura não foram o que o Governo esperava”, aponta o presidente da Câmara de Energia da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina, Albano Schmidt.
Para piorar o quadro – avalia-, a maioria das PCHs ainda estariam no papel, com problemas de meio ambiente a serem resolvidos. “A própria Usina Nuclear Angra 3 ainda não foi concretizada”, comenta.
Por enquanto, as empresas pensam em reduzir consumo e em apostar em programas de eficiência energética buscando alternativas energéticas como a biomassa. Segundo o empresário, esta fonte renovável está cada vez mais em pauta, com tecnologias eficientes de queima para geração de vapor, calor, aquecimento e em operações de cogeração. Neste composto entram resíduos de toda a espécie – cavaco, bagaço de cana, palha de arroz – que passam a ter um fim ecologicamente correto, colaborando para a nova visão ambiental de combate ao desperdício.
Fonte: Balanço Energético Nacional – Empresa de Pesquisa Energética