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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°114 - JUNHO DE 2008

Biomassa

Cresce opção de biomassa para energia

O que o bagaço de cana, o carvão vegetal e a lenha têm em comum? Os três estão entre as principais fontes de biomassa para geração de energia renovável, o ramo com maior potencial de crescimento no setor energético em vários países. Eles começarão a fazer frente às energias convencionais, como a hidráulica e nuclear, que ainda são caras demais, e ao petróleo, cujas reservas estão à beira do esgotamento.

A aposta é alta: estima-se que a partir da adoção de novas tecnologias, as centrais de biomassa poderão equivaler, até meados do próximo século, à participação da energia de origem nuclear e hidráulica juntas. E ainda terão a vantagem de contribuir para o florescente mercado implementado a partir do Protocolo de Kyoto, que remunera as experiências que reduzam os gases de efeito estufa em diversos cantos do planeta.

No Brasil, algumas tendências já podem ser observadas na participação da biomassa para geração de energia: a redução na demanda de lenha, induzida pelo menor consumo nas residências, parcialmente compensada pelo aumento no setor industrial e nas carvoarias; o aumento da demanda dos derivados de cana de açúcar como o álcool e o bagaço e o aumento da demanda de resíduos de biomassa na indústria, como da lixívia celulósica (licor negro).

No caso da energia proveniente da biomassa florestal – o carvão vegetal e lenha – há vantagens no consumo. Destaca-se o fato de ser um combustível renovável com impacto nulo sobre o efeito estufa. Com efeito, o País é apontado pelos especialistas como o país com maior potencial de projetar-se como líder no mercado bioenergético.

Segundo informações divulgadas pela Embrapa, a localização geográfica, o nível de conhecimento em silvicultura e a adaptação de espécies florestais a praticamente todas as regiões do país são decisivos na alta produção e produtividade de biomassa florestal. Já existem diretrizes governamentais que prevêem a expansão da utilização das florestas como matrizes energéticas brasileiras. Contudo, o uso de biomassa florestal, ao contrário do que se pode especular, não deve contribuir para o processo de devastação das florestas brasileiras, ou seja, a fonte de energia deverá vir a partir de florestas plantadas, certificadas e produzidas em condições de boas de práticas de manejo.

A indústria de celulose

Além das interessantes perspectivas para a produção de energia elétrica e calor a partir de resíduos como o licor negro e cascas de biomassa, a indústria de celulose, por sua vez, estão sendo apontada como a nova candidata para a produção de biocombustível. A Embrapa Agroindústria de Alimentos, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), sediada no Estado do Rio de Janeiro, está desenvolvendo estudos para a produção do etanol a partir de enzimas extraídas do bagaço da cana-de-açúcar e de outros resíduos agrícolas e florestais, como madeiras. Atualmente parte do bagaço da cana é utilizada para queima em caldeiras. Mas que grande parte desse resíduo poderá ser utilizada, através dessa bioconversão, usando enzimas específicas, ou seja, celulose, para a produção de etanol.

O processo de obtenção dessa enzima não é uma coisa muito fácil. Para ser viável, o custo desse processo teria de diminuir cerca de 50 vezes. A meta da Embrapa, porém, é produzir uma enzima que seja eficiente e muito mais barata do que é hoje. A produção no Brasil dessas enzimas permitirá ao país reduzir a dependência das importações e os custos inerentes a essas operações, uma vez que a maior parte dessas matérias-primas é adquirida no exterior e chega ao Brasil com um preço três vezes maior do que o cobrado no país de origem.

Para viabilizar a produção dos microorganismos que produzem essas enzimas, a Embrapa está lançando também um grande projeto de florestas plantadas energéticas. Será estudado o aproveitamento dos resíduos de florestas de eucaliptos e pinhos para a produção de biocombustíveis, além de outras aplicações consideradas mais convencionais.

Cana-de-açúcar

Devido à grandeza dos números do setor sucroalcooleiro no Brasil, não se pode tratar a cana-de-açúcar apenas como mais um produto, mas sim como o principal tipo de biomassa energética, representado por centenas de indústrias de açúcar e álcool e milhares de empregos diretos em todo o Brasil. O Proálcool, Programa Nacional do Álcool, editado ainda na década de 70 a partir da crise do petróleo, correspondeu à iniciativa de maior sucesso mundial na substituição de derivados de petróleo no setor automotivo, mediante o uso do álcool como combustível único nos veículos movidos à álcool hidratado.

Hoje, o Brasil é considerado o maior produtor mundial de cana-de-açúcar. Segundo os resultados do Balanço Energético Nacional, a oferta interna dos produtos derivados da cana (etanol, bagaço e açúcar) apresentou em 2006 um crescimento de 9,7% sobre o ano anterior. Com um cenário tão favorável, o cultivo da matéria-prima apresentou uma expansão de 12% em 2006, atingindo um patamar de 430 milhões de toneladas.

Estima-se que para turbinar a produção de álcool no país, seriam necessários US$ 5 bilhões por ano durante 20 anos. Hoje, a maior parte das usinas de álcool está localizada em São Paulo e para articular uma estratégia de desenvolvimento do álcool ainda seria necessária a descentralização das novas usinas. Entre os desafios para a ampliação da oferta do álcool estão tornar o combustível uma commodity internacional, aumentar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento e unificar a tributação.

Aumento da biomassa

As fontes de energias alternativas vão responder por 10% do consumo brasileiro em menos de uma década, se confirmadas as previsões do Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia) do Ministério das Minas e Energia.

Hoje, essas energias representam 3,5% da matriz de consumo elétrico nacional. Fazem parte do Proinfa as energias eólica (dos ventos), de biomassa (bagaço de cana-de-açúcar queimado em caldeiras, por exemplo) e pequenas centrais hidrelétricas.

O Proinfa foi criado em 2002, ainda no Governo Fernando Henrique Cardoso, mas só foi regulamentado em 2004, quando começou a funcionar. O objetivo é variar a matriz energética, através do incentivo a produtores alternativos. Estão sendo operados comercialmente 820 megawatts, sendo 420 megawatts de biomassa, 208 megawatts de eólica e 192 de PCHs.

Já são 30 empreendimentos operando comercialmente e mais 52 em construção, que agregarão mais 1 mil megawatts, o que significa dizer que em breve haverá cerca de 1,8 megawatts disponíveis, ou mais de 50% da meta, que é chegar a 3,3 mil megawatts até 2008, segundo cálculos do Proinfa.

Fonte: Elaborada pela Equipe Jornalística da Revista da Madeira