O processo de diversificação dos destinos das vendas de produtos nacionais mostrou que existe um caminho para superar a crise cambial. Em 2007, cresceram as exportações para países da Ásia, África, Oriente Médio e Europa Oriental.
Além disso, tradicionais mercados compradores de produtos brasileiros, como a União Européia e o Mercosul também elevaram as suas compras do Brasil em 2007, o que reitera os avanços do setor produtivo nacional e o vigor da produção voltada para o exterior.
Desta forma, as exportações alcançaram a cifra de US$ 160,6 bilhões, valor recorde. As importações atingiram, igualmente, cifra inédita, ao totalizar US$ 120,6 bilhões. Com isso, o intercâmbio comercial do Brasil atingiu US$ 281,2 bilhões, maior valor já alcançado, com superávit de US$ 40,0 bilhões.
Estas cifras indicam a continuidade do aumento do nível de abertura da economia e a maior inserção do Brasil no comércio mundial. Em relação ao ano de 2006, as exportações cresceram 16,6% e as importações, 32,0%.
Com exportações de US$ 161 bilhões em 2007, o Brasil aparece em 23º lugar no ranking dos maiores exportadores mundiais, divulgado pela Organização Mundial do Comércio (OMC), como parte de um estudo sobre as perspectivas para o comércio mundial. O volume representa uma alta de 17% sobre o resultado do ano anterior – e apenas 1,2% do total das exportações mundiais.
Isto demonstra que o Brasil sabe reagir às crises econômicas mundiais. Segundo avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a diversidade de países importadores dos produtos brasileiros indica que um agravamento no cenário econômico internacional pode ter menor efeito no mercado interno. Porém, ele enfatiza que o momento é de cautela.
"Se houver uma crise profunda nos Estados Unidos, uma recessão, vai causar problemas em todos os países do mundo. A diferença é que, como o Brasil diversificou a sua pauta de exportação, você pode ter menos problemas do que outros países que dependem dos Estados Unidos ou da União Européia".
Mesmo porque, a crise é mundial e envolve todos os países, até os que são considerados de economia forte. Constatação que pode ser embasada no relatório da balança comercial dos 27 países da União Européia de 2007. A queda na competitividade das exportações européias causadas pela valorização do euro em relação ao dólar levou ao aumento do déficit comercial europeu com o resto do mundo. As exportações para os EUA recuaram 3%, para 194 bilhões de euros, na primeira queda desde 2003. Em 2006, as vendas européias para o mercado americano haviam crescido 8%.
Um exemplo da eficácia de nossa diversificação foi a corrente de comércio entre o Brasil e os países árabes. A soma das exportações mais as importações chegaram a US$ 13,5 bilhões em 2007, um aumento de 12% em comparação com 2006. O número é resultado de vendas brasileiras de US$ 7 bilhões, 5% a mais do que no ano anterior, e de compras de mercadorias árabes de US$ 6,5 bilhões, um crescimento de 20,13%.
Entretanto, mesmo com o foco na diversificação de mercados, o Brasil foi o país com o maior crescimento em exportações para a União Européia em 2007, ficando na frente dos grandes emergentes, como China e Índia. As exportações brasileiras em 2007 cresceram 20% mais que as da China (19%) e da Índia (16%).
De acordo com o relatório da UE, as vendas do Brasil para o bloco europeu no ano passado totalizaram 32,5 bilhões de euros, enquanto o volume em 2006 havia sido de 27,2 bilhões de euros.
Apesar de consistente, o crescimento das exportações brasileiras para o resto do mundo foi menor que o obtido por China (26%) e Índia (20%), e igual ao registrado pela Rússia na passagem de 2006 para 2007. Os três países formam, ao lado do Brasil, o grupo de emergentes conhecido como Bric.
No ranking dos maiores exportadores, entre os países do Bric, o Brasil aparece na frente apenas da Índia, que registrou exportações de US$ 145 bilhões e ficou em 26º lugar. A Rússia ocupou a 12ª posição, com exportações em US$ 355 bilhões.
Cenário em 2008
As exportações brasileiras totalizaram, até o final de abril de abril, US$ 11,746 bilhões, com média diária de US$ 652,5 milhões, valor 4,9% maior que o desempenho médio diário apresentado em todo mês de abril do ano passado (US$ 622,3 milhões).
Na comparação com o desempenho médio diário registrado no mês de março (US$ 630,7 milhões), as exportações nas quatro semanas de abril foram 3,5% maiores em virtude dos embarques de básicos (+17,6%) e semimanufaturados (+0,3%). As exportações de produtos manufaturados registraram queda de 3,2%.
No acumulado do ano, até o final de abril, as exportações brasileiras somaram US$ 50,436 bilhões, com média diária de US$ 638,4 milhões, cifra 12,9% maior que a registrada no mesmo período do ano passado (US$ 565,7 milhões). As importações no ano somaram US$ 46,266 bilhões, um desempenho médio diário de US$ 585,6 milhões – acréscimo de 43,5% sobre a média diária no mesmo período de 2007 (US$ 408 milhões).
O saldo comercial no ano totalizou US$ 4,170 bilhões, com uma média diária de US$ 52,8 milhões, valor 66,5% menor que o registrado no mesmo período de 2007 (US$ 154,2 milhões).
Internacionalmente a imagem também é positiva em outras áreas. O Brasil é um país em que o fluxo de investimentos atingiu níveis recordes, em que há exportação de tudo, desde soja a biocombustíveis, e onde a renda dos ricos e pobres está crescendo e impulsionando um boom de crescimento.
Os números comprovam o bom desempenho e várias áreas: 1,4 milhões de empregos criados todos os anos; mais de US$ 100 bilhões em reservas (que excedem a dívida externa e tornam o Brasil credor internacional); 4,7% de inflação, o que é “manso” pelos padrões brasileiros; 4% de crescimento econômico, e uma ligeira aproximação na diferença com a China. E no ano passado o mercado de ações cresceu em 60%".
Segundo analistas o crescimento é equilibrado e o país estaria menos vulnerável hoje.
"Analistas concordam que a forte demanda doméstica, a estabilidade financeira e exportações bem distribuídas internacionalmente oferecem alguma proteção contra o desaquecimento americano. Quando o mundo pega uma gripe, o Brasil não mais pega uma pneumonia”.
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