O setor de base florestal brasileira pode produzir mais e transferir riqueza para outros segmentos da economia. Mas, para que esse processo ocorra de forma consiste e sustentável, é necessário abrir novos mercados, exportar mais, fazer reformas com modelos adequados de crescimento e conquistar fronteiras agrícolas com total respeito ao meio ambiente e à biodiversidade, já que a madeira de reflorestamento hoje exige certificação para ser industrializada.
Há muitos problemas que temos de resolver, um dos quais de extraordinária importância para acelerar o desenvolvimento. É uma questão que decide a “tribo” dos economistas entre os que acreditam que vantagens comparativas podem ser criadas pela mão do homem e aquelas que acham que elas são um dom que Deus deu a cada país. A política industrial é entendida como um importante instrumento para os primeiros e um “pecado capital” para os demais.
A história mostra que o estado de São Paulo teve um papel decisivo no desenvolvimento de todos os países e que vantagens comparativas podem, sim, ser construídos. A política industrial nada tem a ver com elevação de tarifas de importação e não envolve nenhuma forma de protecionismo. O que se deseja é que ela proporcione aos empresários brasileiros condições isonômicas de competição com nossos concorrentes estrangeiros, basicamente taxa de juros de nível internacional, câmbio em equilíbrio e tributação suportável. O agronegócio deve crescer mais, seja impulsionado pelo crédito, pela correção do câmbio pelos pesquisas da Embrapa e pelas novas técnicas de plantio.
Ter um projeto bem detalhado e baseado em pesquisas é fator decisivo na tarefa de prospectar novos consumidores para os nossos produtos fora do país, o mundo é o limite, e crescer é o melhor problema.
As espécies mais importantes para o fornecimento de madeira, no Brasil são o eucalipto, o pinus e a acácia-negra. O eucalipto se destaca pelo rápido crescimento, boa adaptação e pela edafoclimática e também pelo baixo custo de produção.
A indústria madeireira, hoje, tem a oportunidade em ingressar no segmento petroquímico, através da inovação tecnológica conquistada pelas indústrias de extrusão, permite desenvolver formulações de compostos de madeira com plástico, que é denominada, internacionalmente, de composto termoplástico com a serragem de madeira.
Ao realizarmos um corte transversal num tronco de uma árvore, podemos facilmente observar que ele é formado por vários anéis circulares concêntricos, que correspondem ao crescimento da árvore e que organizam a sua estrutura.
Casca – responsável pela proteção do tronco, é a sua parte exterior.
Lenha – é a parte do tronco de onde se extrai a madeira compreendida entre a casca e a medula, e divide-se em duas zonas:
Cerne – é a parte mais escura da madeira e a que lhe dá mais resistência.
Alburno – é a zona mais clara que transporta a seiva bruta das raízes para as folhas.
Medula – corresponde ao tecido mole e esponjoso na parte do tronco.
Quanto mais folhas uma árvore suportar, mais vigoroso é o seu crescimento, maior o volume de borne necessário, as árvores que crescem em clareiras podem desenvolver um tamanho considerável de 30cm ou mais em diâmetro.
Quando a madeira está cortada e seca, ela é utilizada para diferentes aplicações. Por exemplo, ela pode ser fragmentada em fibras e transformada no material denominado polpa, o qual é a matéria prima para a produção de papel, hoje a madeira já é substituída em muito de suas aplicações tradicionais pelos metais e plásticos.
Entre os derivados da madeira destacam-se o lamelado colado, compensado laminado e placas de partículas de madeira. Dentro de placas de partículas de madeira o principal é o MDF (Médium Density Fiberboard). Placa de Fibra de madeira de média densidade é fabricado através do processamento de fibras de madeira com resina e outros aditivos, é moldado em painéis lisos sob alta temperatura e pressão a madeira é cortada em pequenos cavacos que, em seguida são triturados pelas desfibradas. Surgiu nos anos 60 nos Estados Unidos, nos anos 70 chegou a Europa, no Brasil iniciou a produção em 1997. Existem vários tipos de MDF e a principal utilização é para a indústria moveleira e vem de madeira de reflorestamento.
Outros derivados da madeira são o carvão vegetal, madeira para construção civil e o cavaco de madeira (Woodchips) que são na realidade lascas cisalhadas obtidas a partir de toras de madeira que passará pelo processo de cozimento para obter a celulose. Existem três tipos de cavacos de madeira e são cortados em três modalidades que são o corte 90-0, corte 90-90 e corte 0-90.
Tipos de cavaco
Tipo I: o cavaco é formado à frente da aresta de corte da ferramenta à primeira ruptura se dá por fendilhamento e o cavaco se separa da peça por ruptura a flexão, como uma viga engastada.
Tipo II: o cavaco é formado quando a ruptura da madeira se produz ao longo de uma linha que se estende a partir da aresta de corte da ferramenta: a ruptura se dá por cisalhamento diagonal e forma um cavaco contínuo. É o tipo de cavaco relacionado à melhor qualidade de superfície.
Tipo III: as forças de corte produzem ruptura por compressão paralela e cisalhamento longitudinal, diante da aresta da ferramenta de corte: o cavaco não tem forma definida e é reduzido a fragmentos.
A qualidade do cavaco é proveniente do tipo de corte, pois não existe um padrão definido em função do cisalhamento, mas o tamanho é importante.
A celulose é um polímero de cadeia longa, composto de um só monômero, carboidrato, classificado como polissacarídeo, a celulose foi notada pela primeira vez em 1838, está naturalmente na maioria das fibras puras de algodão, seu peso molecular variável com fórmula empírica (C6H1005). Industrialmente, a celulose é extraída de madeira de árvores, com o pinho, o eucalipto ou o abeto.
Conforme o tipo de árvores se obtém a celulose, fibra curta ou de fibra longa. Essa característica torna o papel resultante mais absorvente ou mais resistente, respectivamente
Os produtos são madeireiros são as resinas, etanol celulósico, óleos essenciais e taninos.
Os dez países maiores exportadores de cavaco de madeira
No mercado mundial de cavaco de madeira, os principais exportadores são a Austrália e a África do Sul, seguido por Estados Unidos e Canadá, com base no ano de 2004, quando o Brasil obteve a oitava posição nesse mercado, superando a Alemanha e a Áustria.
Quanto às importações de cavaco de madeira os principais países importadores no mundo são o Japão e os Estados Unidos, o Brasil não figura entre os dez maiores importadores.
O Brasil é eminentemente um país exportador de cavaco de madeira, e eventualmente importa este produto. O movimento das exportações e importações mundiais tem demonstrado evolução em alguns anos e retração em outros.
A produção de madeira no Brasil existe há décadas, e, ao longo dos anos, tem sido aumentada, através de resultados econômicos obtidos em função das florestas plantadas.
Os estados do Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí e Minas Gerais, passaram a cultivar o eucalipto e o pinus para produção de celulose, segundo o Anuário estatístico da ABRAF. Em 2005 o Brasil possuía área total de cerca de 5,2 milhões de hectares de florestas plantadas com pinus e eucalipto concentrados, principalmente, nos estados de Minas Gerais , Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O país possui, hoje, vários estados produtores, destacando-se o de Minas Gerais como o maior produtor individual, no que tange às florestas plantadas.
Segundo informações da ABRAF o estado de Minas Gerais detém a maior área individual com florestas plantadas compreendendo 1.216.744 ha (sendo 13% com pinus e 87% com eucaliptos). Em seguida vem os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Bahia. O estado do Rio Grande do Sul é o sexto colocado em reflorestamento.
Os custos associados à atividade florestal, mesmo utilizando os métodos tradicionais de apuração de custos, devem ser observados os custos diretos e os custos indiretos. Na grande maioria das vezes, existe o rateio dos custos, obtidos pelo sistema ABC (Activity – Basded Costing), o que facilita o contrle gerencial referente as empresas florestais.
O Brasil é eminentemente um país exportador de cavaco de madeira, e, eventualmente, importa este produto.
O movimento das exportações e importações mundiais, tem demonstrado evolução em alguns anos e retração em outros.
Os maiores importadores do Brasil são o Japão e os Estados Unidos o Rio Grande do Sul através do porto de Rio Grande exportou em 2004 US$ FOB 44.171.223 e peso líquido (Kg) 742.015.800 sabendo-se que os valores e quantidades exportados para o Japão foram, em 2004 e 2005 US$ FOB 45.300.595 peso líquido (Kg) 758.902.990 e US$ FOB 61.171.761 e peso líquido (Kg) 905.589.011, respectivamente e para os Estados Unidos, em 2004, US$ FOB 23.226.881 e peso líquido (Kg) 357.338.600, em 2005 os valores foram US$ FOB 22.094.449 e peso líquido (Kg) 321.200.140, para o período.
O fluxograma abaixo demonstra de forma simplificada o processo de obtenção do cavaco de madeira. Serve simplesmente de base para entender os passos que existem no processo e possibilitar o entendimento a respeito.
Fomento nacional
O termo fomento é utilizado para caracterizar atividades centradas na promoção do desenvolvimento rural, tanto na área florestal como na agropecuária, historicamente, tem contemplado os mais diversos segmentos da produção agro silva – pastoril. São projetos e programas de iniciativa pública, privada ou integradas, com o objeto de estimular cultivos diversos.
Novo pólo florestal no RS
Mais de 14 municípios da metade sul do Rio Grande do Sul estão plantando árvores exóticas. Esta região que estava estagnada economicamente e passou a contar com recursos provenientes da cultura da madeira. Segundo a SBS – Sociedade Brasileira de Silvicultura o município de Piratini - RS possui 50.000 ha de florestas de acácia negra, pinus e eucalipto que representam 13% da área do município. O início da implantação de pinus nesta região foi em 1976, acácia em 1990 e eucalipto em 2004. Existem 55 empresas florestais entre serrarias, marcenarias, reflorestadores produtores de carvão e usina geradora de energia elétrica através de resíduos florestais. O setor emprega 1830 pessoas ou 10% da população e existem 6500 pessoas que se beneficiam direta e indiretamente da atividade representando 33% da população do município.
Com a alta na demanda do mercado japonês - emprega o cavaco como matéria prima na produção de celulose -, aumentou a quantidade de navios no porto. As operações dos navios este ano estão mais ágeis - não precisam esperar para atracar. Um dos motivos é a queda no volume da soja. O fato reduziu as ações no cais da Bianchini.
Em 2004, quando a movimentação da safra de soja foi alta, houve a espera de navios e o pagamento de multas. Essa situação levou a empresa a aumentar a sua capacidade de atendimento. A Tanac decidiu investir R$ 5 milhões na ampliação de 60% da sua planta industrial de cavaco de madeira, em Rio Grande, e aumentar o número de funcionários. Ela também destinou R$ 15 milhões para a compra de terras na Metade Sul. A empresa tem hoje 28 mil hectares de florestas plantadas no Estado.
Grande parte do cavaco exportado pelo porto de Rio Grande é originário das regiões de Piratini e Pinheiro Machado. Numa parceria com a Bianchini, a Tanac ainda proporciona a aplicação de R$ 50 milhões na ampliação do cais do terminal: passará de 284 metros para 509 metros. Esses recursos também serão utilizados na colocação de mais cinco torres de transferência.
Ao desenvolver atividades que aumentem a capacidade de competição do setor produtivo brasileiro no mercado mundial, visando a geração de emprego, ocupação e renda, melhorias no Balanço de Pagamentos (aumento das exportações, competição com as importações e competição com serviços internacionais), Desenvolvimento Tecnológico e Regional.
Integrar, fortalecer e promover o desenvolvimento e a capacitação de fornecedores, articulados em redes de empresas, visando ao adensamento das cadeias produtivas e á sua inserção competitiva no cenário internacional.
Ao se caracterizar o setor florestal, contrastado-o com os demais setores da economia, pode-se afirmar que a gestão do negócio florestal no Brasil é diferenciada da gestão da maioria de outros negócios no País. Isso se dá com base no complexo contexto macroambiental, extremamente coercitivo, no qual as empresas florestais estão situadas.
O ambiente organizacional funciona como um campo dinâmico de forças que interagem entre si provocando mudanças e influências, diretas e indiretas, sobre as organizações.
E uma fonte de recursos e oportunidades da qual a organização extrai os insumos necessários ao seu funcionamento e subsistência, mas é também uma fonte de restrições, limitações, coações, problemas, ameaças e contingências para a sua sobrevivência e desenvolvimento.
No atual cenário socioeconômico, político e ambiental brasileiro, muitos são os desafios a serem enfrentados pelas empresas florestais. A estrutura organizacional do setor florestal é de gestão descentralizada, e voltada, prioritariamente, à questão do meio ambiente. a produção florestal é entendida como parte de gestão ambiental.
Competitividade
No início do século XVIII os economistas Adam Smith e David Ricardo, abordaram o tema das vantagens do comércio internacional. “Se um pais estrangeiro estiver em condições de nos fornecer uma mercadoria a preço mais baixo do que o da mercadoria fabricada por nós mesmos, é melhor comprá-la com uma parcela da produção de nossa própria atividade, empregada de forma que possamos auferir alguma vantagem.”
Ao analisar a teoria de Smith, observa-se que um país tinha vantagens de custo em função das suas vantagens naturais, que algumas vezes era tão irrelevante que seria inútil tentar competir. Entretanto, essa discussão ocorre em um período cujos principais fatores de produção eram os recursos naturais e o trabalho, desenvolvendo-se, ainda, as utilizações do capital e da tecnologia.
Existem índices que medem essas vantagens, entre eles o de vantagem comparativa revelada, do economista Bela Bolassa, aprimorada por Lafay. Quanto ao cavaco de madeira, o país tem se demonstrado competitivo nos últimos anos, pois as exportações são significativas e raramente o produto é importado causando, assim uma competitividade frente.
A Vantagem Comparativa Revelada, específica os preços pós-comércio e, é um dos métodos mais utilizado para determinar a vantagem comparativa. É uma medida revelada, tendo em vista que seu cálculo está baseado em dados observados ex-post ao comércio. A idéia é que o comércio “revela” vantagens comparativas “reveladas” naquele setor analisado.
Em outras palavras, os índices de VCR servem para descrever os padrões de comércio que estão tendo lugar na economia, mas eles não permitem (ainda) dizer se esses padrões são ótimos ou não.
O índice de VCR fornece um indicador da estrutura relativa das exportações de uma região ou país. Quando uma região exporta um volume grande de um determinado produto, em relação ao que é exportado pelo país desse mesmo produto, isso sugere que a região conta com a vantagem comparativa na produção desse bem. A tabela x serve de base de dados para a obtenção do índice VCR a ser analisado.
No caso do Brasil, verificou-se que possui vantagem comparativa, nas exportações de cavaco de madeira, mas ainda é sugerido pela Austrália, África do Sul, Estados Unidos e Canadá.
Constata-se, no mercado internacional, que as vantagens comparativas passam pela exigência de se ter um custo de logística internacional baixo, pois este é normalmente minimizado por uma boa estrutura de distribuição localizado no país de destino.
Ao se analisar os resultados de VCR do Brasil este demonstra que o país é competitivo nesse item, revelando números superiores a 1,2 nos últimos anos, o que significa que a sua participação no comércio de cavaco de madeira é relevante. A Austrália é o país que detém o melhor índice de VCR, destacando-se dos demais com uma vantagem sem igual, a participação do Brasil vem crescendo, isso significa que o país diversificou suas exportações. O aumento do VCR para o produto cavaco de madeira, retrata um alto grau de especialização e divisão internacional do trabalho.
Autores: Francisco Carlos Neutzling :Administrador de Empresas com ênfase em Comércio Exterior e Eduardo Mauch Palmeira: Faculdade Atlântico Sul, de Pelotas eduardopalmeira@brturbo.com.br
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