As florestas tropicais úmidas possuem árvores altas, clima quente e recebem muita chuva durante o ano. Em algumas áreas de florestas tropicais chove mais do que 25 milímetros todos os dias. São encontradas na África, Ásia, América Central e América do Sul. A maior floresta tropical úmida do mundo é a Floresta Amazônica.
As florestas tropicais estão localizadas numa região que fica entre o Trópico de Capricórnio e o Trópico de Câncer. Nesta região, o sol é muito forte e brilha na mesma quantidade de tempo todos os dias, durante o ano inteiro, fazendo com que o clima sempre fique quente e estável. Muitos países têm florestas tropicais úmidas. Os países com maiores quantidades de florestas tropicais são: Brasil, República Democrática do Congo, Peru, Indonésia, Colômbia, Papua Nova Guiné, Venezuela, Bolívia, México, Suriname.
Cada floresta tropical úmida é única, mas há certas características em comum para todas elas: Localização: nos “trópicos”; Precipitação: as florestas tropicais recebem pelo menos 2.000 mm de chuva por ano; Dossel: as florestas tropicais têm um dossel que é a camada de galhos e folhas das árvores tropicais que se encontram proximamente espaçadas entre elas; Biodiversidade: as florestas tropicais têm um alto nível de diversidade biológica ou biodiversidade. Os cientistas acreditam que aproximadamente a metade das plantas e animais encontrados na superfície terrestre vive nas florestas tropicais úmidas;
Outra característica em comum para as florestas tropicais é a relação simbiótica entre as espécies, que geralmente trabalham juntas. Uma relação simbiótica é uma relação onde duas diferentes espécies ambas se beneficiam por ajudar uma a outra. Por exemplo, as plantas produzem pequenas estruturas de abrigo e açúcar para as formigas. Por sua vez, as formigas protegem as plantas de outros insetos predadores que podem querer se alimentar das folhas das formigas.
Na floresta tropical a vida animal e vegetal nem sempre é encontrada sobre o chão da floresta, mas sim nas folhagens das árvores muito acima do chão, conhecido como dossel. O dossel, que pode ter mais do que 25 metros de altura é resultado da sobreposição dos galhos e folhas das árvores. Os cientistas estimam que 70-90% da vida na floresta tropical é encontrada sobre as árvores, fazendo com que o dossel seja o mais rico habitat para a vida das plantas e animais. Muitos animais bastante conhecidos, como os macacos, sapos, lagartos, pássaros, preguiças, cobras e pequenos felinos são encontrados no dossel.
O ambiente do dossel é muito diferente do ambiente próximo ao chão da floresta. Durante o dia, o dossel é mais seco e mais quente do que outras partes da floresta e as plantas e animais que vivem no dossel são especialmente adaptadas para viver neste local.
Os cientistas há muito tempo estão interessados em estudar o dossel, mas por causa da altura das árvores das florestas tropicais, a pesquisa tem sido difícil até recentemente. Hoje em dia, no entanto, há algumas facilidades como postes com corda, escadas e torres para ajudar os cientistas descobrirem os segredos do dossel.
O dossel é apenas uma das camadas verticais da floresta tropical. Dê uma olhada no diagrama à esquerda para ver as outras camadas (o sobre-dossel, o sub-bosque, a camada de arbustos e o chão da floresta).
A estrutura do dossel da floresta tropical implica que há mais espaços para as plantas crescerem e animais viverem. O dossel oferece novas fontes de alimento e abrigo e fornece outro mundo para a interação com as diferentes espécies. Por exemplo, há plantas no dossel chamadas bromélias que estocam água nas suas folhas. Animais como os sapos usam estes bolsos de água nas bromélias para caçar e depositar seus ovos.
Chão da floresta
As folhas e os galhos do dossel fazem com que o chão da floresta tropical seja um local escuro e úmido. No entanto, apesar da constante sombra, o chão da floresta é uma parte importante do ecossistema florestal.
O chão da floresta é onde a decomposição se realiza. A decomposição é o processo pelo qual os decompositores como os fungos e os microorganismos vão quebrando as plantas mortas, reciclando materiais essenciais e nutrientes necessários à sobrevivência das plantas. Muitos dos maiores animais da floresta tropical úmida são encontrados no chão. Alguns deles incluem os elefantes, a anta e a onça.
As florestas tropicais úmidas sustentam a maior diversidade de organismos vivos na Terra. Embora elas cubram menos do que 2% da superfície terrestre, as florestas tropicais úmidas abrigam mais do que 50% das plantas e animais de todo o planeta Terra. Abaixo são alguns exemplos da riqueza das florestas tropicais:
as florestas tropicais têm 170.000 das 250.000 espécies de plantas conhecidas;
os Estados Unidos tem 81 espécie de sapos, enquanto que Madagascar, que é menor do que o estado americano do Texas, chega a 300 espécies;
a Europa tem 321 espécies de borboletas, enquanto que um parque na floresta tropical úmida do Peru (Parque Nacional de Manu) tem 1.300 espécies;
por estarem localizadas nas regiões tropicais essas florestas recebem muita luz do sol. Esta luz do sol é convertida à energia pelas plantas através do processo da fotossíntese. Em função da grande quantidade de luz do sol significa que há muita energia na floresta tropical. Esta energia é estocada na vegetação o que, por sua vez, é comida pelos animais. Portanto, desde que haja bastante alimento há muitas espécies de plantas e animais vivendo.
A floresta tropical é a casa do povo tribal que precisa da floresta para suprir suas necessidades alimentícias, de abrigo e de remédios. Hoje em dia, poucas pessoas da floresta vivem de forma tradicional; a maioria tem sido deslocada pelos colonizadores que vêm de fora ou tem sido forçada a desistir de seus estilos de vida.
Do que ainda resta dos povos da floresta, a Amazônia suporta as maiores populações, muito embora estes povos também venham sendo impactados pelo mundo moderno. Apesar de eles ainda usarem a floresta para a caça tradicional e ritual, a maior parte dos Ameríndios, como estas pessoas são chamadas, fazem cultivos de plantas e fazem viagens regulares a povoados e cidades para trazer alimento e vender suas mercadorias.
Na África há moradores nativos da floresta às vezes conhecidos como pigmeus. A mais alta destas pessoas, também conhecidas como os Mbutis, raramente ultrapassa 1,5 metros de altura. Hoje a maior parte dos moradores da floresta vive em pequenas posses de terra ou se deslocam para caçar e se reunir em diferentes áreas. No passado as florestas tropicais suportavam enormes civilizações, como os Maias, os Incas e os Astecas, que desenvolveram sociedades complexas e fizeram grandes contribuições à ciência.
Estas grandes civilizações também encararam alguns dos problemas ambientais (perda excessiva de floresta, erosão do solo, superpopulação, falta de água) que nós vemos hoje. Os danos ao meio ambiente foram tão grandes que causou o desaparecimento do povo Maia.
Plantas medicinais
Uma das áreas mais animadoras de pesquisa em florestas tropicais é a etnobotânica, que é o estudo de como as pessoas usam as plantas nativas para tratar enfermidades e doenças. O povo da floresta tem um incrível conhecimento de plantas medicinais obtendo remédios para tudo, desde picadas de cobra a tumores.
Até hoje, muitas das drogas receitadas pelos médicos no mundo moderno são derivadas das plantas. Aproximadamente 70% das plantas identificadas como tendo substâncias anticancerígenas pelo Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos são encontradas apenas na floresta tropical.
As florestas tropicais ajudam a estabilizar o clima por absorver o dióxido de carbono da atmosfera (CO²). Acredita-se que o excesso de dióxido de carbono na atmosfera contribui para as mudanças climáticas através do aquecimento global. Portanto, as florestas tropicais têm um importante papel em minimizar o aquecimento global. As florestas tropicais também afetam as condições de clima local por influir na precipitação e moderar a temperatura local.
As florestas tropicais úmidas ajudam a manter o ciclo d\’água. De acordo com o Levantamento Geológico dos Estados Unidos que diz que “o ciclo d\’água, também conhecido como ciclo hidrológico, descreve o movimento contínuo da água na, acima e abaixo da superfície da Terra”. O papel das florestas tropicais úmidas no ciclo hidrológico é adicionar água à atmosfera através do processo da transpiração (quando ocorre a liberação de água a partir das folhas das plantas durante o processo da fotossíntese).
Esta umidade contribui à formação de nuvens carregadas que libera posteriormente a água de volta para a floresta, formando assim o ciclo da água. Na Amazônia, 50-80% da umidade permanece dentro do próprio ciclo da água. Quando as florestas são cortadas, menos umidade vai para a atmosfera e a precipitação declina e algumas vezes levam à seca.
As raízes das árvores da floresta tropical e a vegetação como um todo ajudam a proteger o solo. Quando as árvores são cortadas não há mais nada para proteger o chão e os solos são rapidamente lavados com a chuva. O processo de carregar (lavar) o solo é conhecido como erosão.
Conforme os solos são carregados para os rios, ocorrerão problemas para os peixes e para as pessoas. Os peixes sofrem porque a água torna-se bastante túrvida, ao passo que as pessoas têm problemas para navegar devido que os rios tornam-se rasos em função do aumento da quantidade de sedimentos na água. Enquanto isso, os fazendeiros perdem o solo que é importante para o plantio.
Extração madeireira
Embora a extração madeireira possa ser conduzida de uma forma que reduz danos à floresta, a maior parte da extração na floresta tropical é ainda muito destrutiva. Grandes árvores são cortadas e carregadas pela floresta, enquanto que o acesso por estradas para a retirada da madeira da floresta disponibiliza áreas até então virgens para a agricultura de fazendeiros pobres.
Na África os trabalhadores que cortam a madeira da floresta freqüentemente contam com a caça como fonte de proteína. Eles caçam animais nativos como gorilas, veados e chimpanzés para alimentar-se.
As pesquisas têm mostrado que o número de espécies encontradas nas florestas tropicais exploradas é muito mais baixo do que o número encontrado em florestas ainda intocadas. Muitos animais da floresta tropical não podem sobreviver em ambientes perturbados.
As pessoas locais (o povo tribal) sempre contaram com a madeira das florestas tropicais para fogo e para fazer utensílios de usos diversos. No passado tais práticas não foram danosas ao ecossistema. No entanto, hoje em dia, em áreas com elevada população humana, o grande número de pessoas extraindo madeira da floresta tropical pode ser extremamente danoso. Por exemplo, as florestas em volta dos campos de refugiados na África Central (Ruanda e Congo) foram despidas de todas suas árvores em algumas áreas.
Todo ano milhares de quilômetros da floresta tropical são destruídos para uso agrícola. Os dois principais grupos responsáveis por converter as florestas tropicais em cultivos agrícolas são os fazendeiros pobres e as grandes corporações.
Os fazendeiros pobres em muitas partes do mundo se aproveitam do desmatamento da floresta tropical para alimentar suas famílias. Sem acesso às melhores terras para a agricultura, estas pessoas usam a técnica de corta e queima para eliminar pequenos pedaços de floresta para implementar cultivos agrícolas de curto período de tempo. Basicamente eles plantam na terra desmatada por poucos anos até do solo ficar pobre em nutrientes e então eles se movem para novos pedaços de floresta reiniciando o ciclo do desmatamento.
As companhias agrícolas estão desmatando mais florestas tropicais do que antes, especialmente na Amazônia, onde grandes áreas da floresta tropical estão sendo convertidas para o plantio da soja. Alguns especialistas em desmatamento tropical acreditam que a América do Sul terá algum dia uma área de cultivo que igualará a do meio-oeste americano.
O desmatamento para a implantação de pastagens para a pecuária bovina é a causa principal do desmatamento na Amazônia e no Brasil, particularmente. O Brasil agora produz mais carne do que antes. Além da criação de gado para alimento, muitos proprietários de terra usam o gado para expandir suas posses de terra. Simplesmente por colocar o gado numa área de terra florestada os proprietários podem ganhar o direito de propriedade daquela terra.
A construção de estradas pavimentadas e não-pavimentadas na floresta tropical abre grandes áreas para o desenvolvimento. No Brasil, a rodovia transamazônica resultou na destruição de grandes áreas de floresta amazônica por colonizadores, madeireiros e especuladores de terra. Na África, as estradas de extração de madeireira deram acesso aos caçadores que matavam a vida selvagem para vender a carne aos habitantes das cidades.
Embora seja impossível replantar uma floresta tropical, algumas florestas tropicais podem auto se recuperar após elas terem sido cortadas – especialmente se elas têm alguma ajuda através do plantio de árvores. Em alguns casos é também possível usar terras desmatadas para formas melhoradas de agricultura, fornecendo alimento para as pessoas vivendo ao seu redor.
Uma área promissora de pesquisa vislumbra as sociedades primitivas que viviam na floresta tropical Amazônica antes da chegada dos europeus no século 15. Aparentemente estas populações podiam enriquecer o solo, que é geralmente bastante pobre em nutrientes, usando carvão e corpos de animais mortos. Ao melhorar a qualidade do solo, grandes áreas da Amazônia que foram desmatadas poderiam ser usadas para terras agrícolas. Além disso, o solo de “terra-preta”, como ele é chamado, poderia ser usado contra o aquecimento global, já que ele absorve dióxido de carbono, um importante gás que provoca o efeito estufa.
Fonte: Elaborada pela Equipe Jornalística da Revista da Madeira. |