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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°59 - SETEMBRO DE 2001

Gestão

Banco de Dados Florestais

'Os gestores de empresas florestais normalmente administram grande quantidade de informações, que suportam suas decisões de curto e longo prazos. A natureza da atividade florestal implica na geração continua de dados que alimentam as mesmas bases de dados, fechando um círculo de informações que precisam ser compreendidas para serem administradas.

No ponto central desse banco de dados estão as unidades de produção florestal, normalmente chamadas de talhões. Ao talhão se referem dados utilizados para planejamento, para controle de custos e operações de curto e longo prazos. As empresasflorestais possuem milhares de talhões, sobre os quais recaem inúmeros controles. Oplanejamento desses talhões responde principalmente às questões: quando colher, comocolher, o que plantar e como manejar.

As milhares de unidades florestais de produção são o centro de um banco de dados queprecisa captar toda a complexidade dos ecossistemas florestais, e organizar asinformações de tal forma a atender a demanda de usuários de várias áreas pesquisadores, planejadores, órgãos fiscalizadores do meio ambiente, instituições governamentais e economistas.

É basicamente um trabalho que deve ser feito em conjunto: reúne informações sob a responsabilidade de várias equipes, e só é útil para todos se todos contribuírem com a sua parcela.

Entretanto, a maioria das empresas brasileiras ainda não encontrou o desenho ideal debanco de dados florestal. Muitos esforços têm sido feitos no sentido de se construir um banco de dados que atenda às necessidades dos gestores florestais. Só agora, devido ao momento tecnológico que vivemos, tem sido possível a implementação de bancos de dados integrados, concisos e de rápida resposta às questões mais frequentes dos profissionais florestais.

Somente agora, com o uso da tecnologia de bancos de dados relacionais, recursos de rápida geração de consultas e relatórios, ferramentas de fácil manuseio para o cruzamento de informações e facilidades de edição de dados, que os bancos florestais ganham novas dimensões e mostram-se como integrantes fundamentais de reais sistemas de "apoio às decisões".

A necessidade e a oportunidade se encontram e alavancam recursos. Mas existe ainda uma lacuna que separa, de um lado técnicos florestais e de outro técnicos da informática, ambos com sua cultura e conceitos próprios. Cada um dos lados tentando compreender o outro para que os dois grupos de conceitos se encontrem e resultem finalmente em bancos de dados integrados e ágeis.

Nessa tentativa, muitos recursos têm sido gastos sem sucesso e ambos os lados têm chegado à conclusão que os bancos de dados florestais não são triviais. Os modelos capazes de representar com propriedade a realidade florestal só podem ser montados por profissionais que conheçam bem os dois grupos de conceitos: os florestais e os da tecnologia da informação.

Como todos os outros modelos, nas várias áreas da ciência, os modelos de dados, na verdade, são simplificações da realidade. Esses modelos devem captar a parte da realidade mais relevante, sendo preciso muita experiência para determinar o ponto de equilíbrio entre a dinâmica das florestas e um modelo de dados baseado em teorias matemáticas.

As maiores dificuldades normalmente estão relacionadas com a representação de ciclos, rotações e desbastes, com a troca de material genético, com a representação histórica dos eventos de uma unidade florestal, com o acompanhamento da silvicultura ao longo de muitos anos, com o cruzamento de informações de várias áreas e com a diversidade da realidade dentro de uma mesma empresa.

A ciência florestal tem convivido com essas dificuldades e vários esforços já têm sido feitos em pesquisas nessa área.

Silvaria Ribeiro Nobre

Diretora de Sistemas

VAthena Recursos Naturais

Setembro/2002