Desde 1996, o setor de sementes, mudas e viveiros florestais encontra-se em crescimento em virtude das pressões internacionais por parte dos países consumidores de madeira e da obrigatoriedade da reposição florestal, aumentando consideravelmente sua demanda.
Atualmente, o Brasil atingiu grande desenvolvimento do setor florestal obtendo alta produtividade em suas florestas plantadas, alcançada pelas condições climáticas favoráveis, qualidade genética das florestas e pelo manejo adequado.
O setor florestal brasileiro contribui com uma parcela importante para a economia brasileira, uma vez que o PIB Florestal responde por 4 % do PIB nacional e com 8% das nossas exportações, fazendo um total US$ 30 bilhões; gera 1,6 milhão de empregos diretos, 5,6 milhões de empregos indiretos; recolhe anualmente R$ 3 bilhões de impostos; conserva uma enorme diversidade biológica; têm 6,4 milhões de hectares de florestas plantadas, sendo 4,8 milhões com florestas de produção de Pinus e Eucaliptos; mantém 2,6 milhões de hectares de florestas nativas, inseridas nos reflorestamentos; e possui cerca de 15 milhões de hectares de Florestas Nacionais.
As florestas plantadas fornecem 85 % de todos os produtos de origem florestal encontrados no mercado, buscando desse modo, diminuir a pressão sobre as florestas nativas que ainda restam no país.
Contudo, as estimativas sobre o consumo interno de madeira no Brasil revelam o caráter predominantemente imediatista da exploração florestal: 300 milhões de m3 de madeira são consumidos anualmente no país, dos quais 110 milhões provêm de florestas plantadas e 190 milhões, de florestas nativas. Isso significa que o Brasil consome quase duas vezes mais madeira de florestas nativas do que de florestas plantadas.
De acordo com a classificação do Programa Nacional de Florestas (PNF) do Ministério do Meio Ambiente, oito cadeias produtivas exploram o patrimônio florestal: chapas e compensados, óleos e resinas; fármacos; cosméticos; alimentos; carvão, lenha e energia; papel e celulose; madeira e móveis.
Dos 8,5 milhões de quilômetros quadrados do território brasileiro, aproximadamente 63,7% é coberta por florestas nativas, 23,2% ocupados por pastagens, 6,8 % agricultura, 4,8 % pelas redes de infra-estrutura e áreas urbanas, 0,9 % culturas permanentes e apenas 0,6% abrigam florestas plantadas (Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas - ABRAF, 2005).
No mundo, as florestas plantadas para os usos industriais, ocupam aproximadamente 187,5 milhões de hectares, o que equivale a um país do tamanho do México. Desse total, 5,4 milhões de hectares, ou 2,9 % do total, encontram-se no Brasil, ainda que estes plantios correspondam apenas a 1 % do total florestal nacional.
Estes cenários, paralelamente aos avanços da tecnologia e da engenharia genética, colocam as empresas produtoras numa raia de partida para uma corrida rumo ao futuro. Segundo o empresário, professor universitário e consultor de empresas Eder Luiz Bolson, os desafios, obstáculos e também as oportunidades para os produtores brasileiros nos próximos anos, serão gigantescos. “Eles serão, no mínimo, do tamanho do celeiro verde-amarelo, que já assumiu o compromisso irrecusável de alimentar o planeta num futuro próximo” relata.
O mercado de mudas e sementes já está sentindo o peso desta responsabilidade, segundo Felipe Koeche, Proprietário da Terrapinus Mudas Florestais, com o crescimento do número de viveiros, em 2004, 2005 e 2006 faltou semente no mercado brasileiro. “As empresas tiveram que importar sementes dos EUA e África do Sul. Com a forte demanda e pouca oferta destas sementes o preço das sementes aumentaram cerca de 15%”, relata.
Todavia, com as exigências ambientais e a taxa cambial desfavorecendo o setor madeireiro, o mercado de mudas, sementes e viveiros florestais está na expectativa de um aquecimento nos negócios para o próximo ano. “O número de viveiros vêm crescendo ano a ano e o número de plantios não cresce na mesma proporção. Neste ano de 2006, estima-se que tenha sobrado aproximadamente 15 milhões de mudas entre pinus e eucalipto só em Santa Catarina”, explica Koeche.
Entretanto, com o número de viveiros crescente, o mercado de mudas está muito competitivo, e para conseguir um lugar de destaque, é imprescindível qualidade e tecnologia. Para Koeche, o viveirista deve estar atento as novidades do mercado de espécies e nos melhoramentos genéticos para poder repassar a seus clientes os avanços da área florestal. O viveirista que trabalhar com sementes de qualidade, terá um grande diferencial na venda das mudas (fisionomia, sanidade, padrão). Com o valor das sementes em alta, acredito que o preço das mudas irá aumentar de 5 a 10% no próximo ano.
Qualidade vem de berço
Viveiros florestais são como berçários de florestas. Estes locais são especialmente planejados e estruturados para possibilitar a produção de mudas de espécies florestais que posteriormente comporão os projetos de reflorestamento, restauração florestal e arborização.
A geração de uma muda de boa qualidade envolve uma série de atividades especializadas. Este processo inicia-se com a obtenção de uma semente de boa qualidade genética e fisiológica. Uma série de atividades (controle de pragas e doenças, irrigação, adubação, seleção etc) é realizada para que esta semente obtenha boa germinação e a planta, plena desenvolvimento.
Um viveiro florestal deve sempre visar a produção de mudas sadias e vigorosas para posterior utilização em plantios. Elas devem apresentar: sistema radicular desenvolvido, raiz principal sem defeitos, parte aérea bem formada, caule ereto e não bifurcado, ramos laterais uniformemente distribuídos, folhas com coloração e formação normais, isenção de doenças.
Nas últimas décadas, a produção de mudas tem passado por profundas e significativas evoluções. Há pouco tempo, a formação de mudas era essencialmente realizada através de sementes e em recipientes de sacos plásticos ou outros de qualidade ainda inferiores. Mais precisamente na década de oitenta, foram introduzidas alternativas consideradas até então revolucionárias no sistema de produção de mudas, principalmente as de eucalipto.
As principais inovações foram ocasionadas através de uma série de automações nos viveiros florestais brasileiros, entre elas, a produção de mudas em série através de viveiros modulados e compartimentalizados, em que cada fase do crescimento ficou bem definida.
A automação dos viveiros possibilitou também a utilização de outros recipientes, como os tubetes, resultando numa expressiva redução de custos, rendimentos operacionais, além da grande melhoria na qualidade das mudas, principalmente sob o aspecto de formação do sistema radicular e aspectos fitossanitários, por possibilitar suas disposições a níveis mais elevados em relação ao solo. Também na década de oitenta, sementes com alto grau de melhoramento genético, como as gerações F2 e híbridas, tiveram suas contribuições no aumento da qualidade dos povoamentos florestais. Ainda neste período, o processo da propagação vegetativa, micropropagação e cultura de tecidos foram os destaques entre os fatores que mais contribuíram para o incremento da produtividade.
Fonte: Elaborada pela Equipe Jornalística da Revista da Madeira. |