As estimativas brasileiras para o comércio internacional de produtos florestais são animadoras para 2002, devendo atingir US$ 5 bilhões, ou seja, um incremento superior a 17% sobre os valores do último ano, que totalizaram US$ 4,2 bilhões. A gerente especial da Apex – Agência de Promoção de Exportações, Dorothea Werneck, destaca o fato que as vendas externas de produtos florestais estão muito concentradas no estágio inicial de processamento, como matéria-prima. Ela acredita que a indústria de base florestal do Brasil pode contribuir em muito para gerar um bom superávit na balança comercial brasileira, através do comércio de produtos florestais com valor agregado. Mas, para exportar estes produtos ela indica que sejam tomadas algumas medidas de melhorias para problemas como: despreparo em atendimento às empresas internacionais, exigências design , qualidade, medidas diferenciadas e outras, oferta de poucas espécies de madeiras e poucos produtos e falha na política de marketing das empresas.
Entre as soluções apontadas pela Apex para estes problemas estão:
- Preparar empresas através da realização de cursos, em convênios com universidades, organizações governamentais, e outros.
- Para as empresas ganharem mais espaço no exterior e aumentarem os lucros a sugestão é a venda da madeira com maior grau de industrialização, agregando valor final.
- Viabilizar o comércio direto
- Explorar novas espécies e oferecer novos produtos
Trazer jornalistas do exterior em eventos nacionais, visando
apresentar a qualidade do produto nacional para o mundo.
Nesse sentido, a Revista da Madeira tem acompanhado diversos eventos no exterior, mostrando os produtos florestais brasileiros. No último ano foram três eventos realizados na Itália, França e Espanha, que contaram com a presença de pelo menos 15 empresas ligadas ao segmento madeireiro. E em 2002 outros três já estão programados.
Para viabilizar as soluções apontadas, a Apex disponibiliza mecanismos como financiamentos, cursos, participação em eventos internacionais. Além de promover o comércio externo, Dorothea Werneck orienta que “é preciso conciliar o mercado interno com as exportações. Esta é a forma mais eficiente de estabilizar o fluxo de capital nas empresas”.
Atualmente o Brasil tem participação insignificante (1,8%) no comércio internacional, ainda não sofrendo pressão da concorrência externa. Este é o momento de melhorar a qualidade e investir em marketing, dentro e fora do Brasil, através da mídia com circulação internacional. Assim, quando surgir pressão externa, por meio de altas tarifas e outros empecilhos, as empresas do setor já tem nome consolidado perante a clientela. “Por enquanto nós não somos bombardeados pelo mercado externo. Porém, quando se intensificar a presença brasileira, haverão sérios problemas. A propaganda contrária no exterior só poderá ser contida quando os formadores de opinião lá no exterior presenciarem a qualidade de nossos produtos”, complementa Dorothea.
MERCADO
Sobre o mercado de produtos florestais o representante do Indufor, Markku Simula, que é professor e pesquisador, analisa a evolução da indústria madeireira de produtos com maior valor agregado. Ele enfatiza a importância da divulgação no mercado externo e comenta que a não divulgação da qualidade dos produtos florestais deixa margem para que os concorrentes estrangeiros propaguem uma imagem negativa do madeireiro, como predador da natureza, por exemplo. “O Brasil vem respondendo a isso da maneira que os concorrentes esperam, ou seja, deixando de se mostrar e de participar mais efetivamente do mercado”, diz Simula. Ele aponta como solução um comportamento contrário, buscando certificação de produtos com paralela divulgação da qualidade, para reverter a imagem negativa.
Ainda assim é difícil competir com países que têm fortes campanhas publicitárias de produtos madeireiros, financiamentos por seus governos, produtos bem acabados e uma ampla pesquisa mercadológica. O especialista também critica a baixa participação brasileira no exterior com produtos de valor agregado, dos quais apenas as aberturas ganham ênfase, com 5% do mercado europeu.
O Brasil participa do mercado externo porque seus produtos têm forte demanda no exterior, porém o percentual de participação não alcança 1%. Entre estes produtos estão: móveis de madeira, madeiras perfiladas, molduras, casas pré-fabricadas, embalagens e outros. O País não tem nenhuma participação externa com produtos de madeira para engenharia, um mercado que movimenta US$ 40 bilhões no mundo.
O estudo feito pelo pesquisador do Indufor constata que o Japão é um mercado em expansão, porém é exigente, característica que descreve também o mercado europeu. Os países europeus pagam de 40 a 60% mais caro por assoalhos provenientes da Malásia, do que se comprassem do Brasil. E, 20 a 30% pelos mesmos produtos vindos da Indonésia, devido a qualidade e estabilidade no fornecimento.
Para se ter uma idéia, 69% das embarcações em Belém são de madeira serrada. Os demais são produtos de baixo valor agregado, em geral das espécies cedro, jatobá e ipê.
De forma geral o comércio brasileiro de assoalhos, portas e tacos não foi favorável em 2000/2001. Isso porque os comerciantes de produtos florestais brasileiros não conhecem os preços reais pagos pelo mercado externo, nem os canais de distribuição, pois terceirizam a negociação. Outro aspecto é a ausência de política de marketing, que deixa dúvidas quanto a qualidade dos produtos, por serem desconhecidos.
Entre as alternativas para reverter a situação está o desenvolvimento da indústria com capacidade de agregar valor aos produtos; a recuperação do parque industrial; política de marketing no mercado internacional; potencialização de preços; certificação de um número maior de florestas; verticalização da produção das serrarias, aumento do número de espécies exploradas, adoção de um processo logístico adequado, entre outros.
Entre as estratégias que podem ser usadas para alcançar as metas está o desenvolvimento rápido do comércio eletrônico, parceria com outros países em tecnologia, logística, designer, comércio, marketing e outros.
Exportação passo a passo
Para atuar no mercado externo, a empresa precisa tomar algumas medidas:
1º – O empresário deve investir no parque industrial, na instrução dos funcionários e fazer o registro de exportador na Secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Ministério (MIDC) ou na delegacia da Receita Federal mais próxima.
2º – Selecionar um canal para a venda dos produtos no exterior. Caso a exportação não seja direta, o industrial poderá utilizar outros instrumentos, como, por exemplo, consórcios de exportação, agentes de comércio exterior e outros.
3º – Identificar os mercados e estabelecer contato com compradores no exterior: Ao identificar o importador, o industrial deverá informar sobre a quantidade disponível, aspectos técnicos, condições de venda, prazo de entrega e preço unitário da mercadoria.
4º – Análise de mercado. Esse estudo é importante para avaliar a viabilidade do produto que se pretende exportar. Uma vez identificados os compradores, a empresa deve efetuar uma análise sobre os preços praticados no País, diferenças cambiais, demanda, embalagens e outras informações que influenciarão a operação.
5º – O contato inicial com o importador. Depois de identificado o cliente, é imprescindível que o exportador envie o maior número possível de informações sobre o produto.
6º – Confirmado o fechamento do negócio, o exportador deve formalizar a negociação enviando ao importador uma fatura pró-forma. Nela devem constar informações sobre o importador e o exportador, descrição da mercadoria, peso líquido e bruto, quantidade e preço unitário e total.
7º - Caso não haja mercadoria em estoque, o exportador deve acelerar a produção, procurando manter sempre as mesmas condições de qualidade, embalagem, rotulagem e marcação de volumes.
8º – Confirmação da carta de crédito. Embora existam outras formas de pagamento, o grau de segurança oferecido pela carta de crédito torna este instrumento o mais utilizado no comércio internacional. A abertura da carta de crédito deverá ser pedida pelo exportador ao importador. Ao final do processo, o banco enviará cópia ao exportador.
9º – O exportador deverá providenciar a emissão dos documentos de exportação ou embarque.
10º – Efetuar a contratação da operação de câmbio, ou seja, negociar com a instituição financeira autorizada o pagamento em reais ou a conversão da moeda estrangeira recebida pela aquisição das mercadorias exportadas.
11º – Embarque da mercadoria e despacho aduaneiro. Após todos esses procedimentos, deverá ser efetuado o embarque da mercadoria e desembaraço na aduana (alfândega). O embarque aéreo ou marítimo da mercadoria é efetuado por agentes aduaneiros mediante o pagamento da taxa de capatazia. O embarque rodoviário é efetuado no próprio estabelecimento do produtor, ou em local preestabelecido pelo importador.
12º – Preparação dos documentos pós-embarque. É a fase do pagamento, propriamente dito.
13º – Apresentação dos documentos ao banco do importador. No caso de a operação ser efetuada com carta de crédito, deve-se apresentar ao banco indicado pelo importador os documentos que comprovem que a transação ocorreu conforme o combinado.
14º - Liquidação do câmbio. Após a transferência dos documentos para o banco do exportador, deverá ser feita a liquidação do câmbio, conforme as condições descritas no contrato de câmbio. O pagamento deverá ser feito em reais. |