O gênero Eucalyptus é um mundo a parte e nenhum gênero florestal foi pesquisado com tanta profundidade por mais de 1000 pesquisadores mundo afora durante os séculos XIX, XX e XXI. O eucalipto é constantemente apontado pelos ambientalistas como árvore que provoca erosão, consome água em excesso e não compartilha espaço com nenhuma outra espécie, animal ou vegetal.
Conceituados pesquisadores revelam que, após a revisão de muitos trabalhos, a maioria das críticas ao Eucalipto não estão baseados em evidências científicas. A rotulação de gênero exótico revela sentimentos xenófobos, já que se sabe que é nativa só na Austrália e em algumas ilhas próximas e é plantada desde o século XIX em muitos outros países nas Américas, África e Ásia. O país que mais pesquisou o gênero Eucalipto é, sem dúvida, a África do Sul.
O engenheiro e professor Eugen Stumpp, em sua tese de doutorado citou muitos pesquisadores e baseou suas informações com muito destaque ao Eucalyptus. As pesquisas disponíveis não fornecem nenhum suporte cientifico para a possibilidade de ocorrência de alguma alteração no regime de chuvas como resultado do reflorestamento em larga escala com espécies de eucalipto, ou de qualquer outra espécie florestal.
As perdas evaporativas por interceptação da água da chuva por plantações de eucalipto parecem ser menores do que os valores medidos em plantações de outras espécies florestais ou em florestas naturais.
Algumas conclusões dos pesquisadores são:
a) As plantações de eucalipto podem contribuir positivamente para o controle da ocorrência de escoamento superficial e, conseqüentemente, de perdas de solo ou de nutrientes por erosão, quando em condições não perturbadas;
b)A água que drena bacias hidrográficas que contém florestas antigas de eucalipto é, em geral, de excelente qualidade;
c) O regime da água do solo e da água subterrânea sob plantações de eucalipto não difere marcadamente daquela observada sob plantações de outras espécies florestais, ou mesmo de outros tipos de vegetação;
d) Embora ainda não completamente esclarecido para o gênero como um todo, conforme as evidências disponíveis há um consenso de que as espécies de eucalipto, particularmente aquelas mais usadas para o abastecimento de madeira industrial, apresentam um mecanismo bem desenvolvido de controle estomático da transpiração;
e) A questão relativa de se determinar se o eucalipto produz mais biomassa por unidade de água consumida, a eficiência de uso da água, embora altamente interessante, apresenta ainda pouquíssimas dados experimentais. Não obstante, alguns valores estimados estão indicando que esta eficiência de uso da água é relativamente alta para o eucalipto, comparativamente a outras espécies florestais;
f) O consumo total de água por plantações de eucalipto situa-se bem dentro da faixa de variação do consumo médio apresentado por outras espécies florestais. O balanço hídrico de bacias hidrográficas reflorestadas com eucalipto não difere daquele observado em bacias que contêm outros tipos de cobertura florestal;
g) A avaliação a longo prazo dos efeitos de plantações de eucalipto sobre as condições do solo está, da mesma forma, mostrando a mesma conclusão definitiva de um efeito positivo sobre as propriedades químicas, físicas e microbiológicas do solo;
h) A demanda de nutrientes de plantações de espécies de eucalipto de rápido crescimento é relativamente alta, porém da mesma ordem de grandeza daquela apresentada por plantações de outras espécies florestais de rápido crescimento, e muito menor do que a demanda normalmente apresentada por culturas agrícolas;
i) As evidências disponíveis relacionadas com os efeitos das plantações de eucalipto sobre a flora não fornecem suporte para a alegada noção do eucalipto como exótica invasora, nem tampouco à existência de efeitos alelopáticos supressivas. Com o devido tempo, as espécies locais podem desenvolver um sub-bosque rico sob as plantações, e mesmo as espécies do eco-sistema original podem eventualmente retornar;
j) A monocultura extensiva de eucalipto, ou de qualquer outra espécie de planta, pode, é claro, resultar numa significativa diminuição das disponibilidades de recursos para a existência de uma fauna variada. Uma plantação florestal, todavia, de eucalipto ou de qualquer outra espécie, não se mostra totalmente desprovida de espécies de fauna;
Como espécie florestal de múltiplas utilizações, as espécies de eucalipto estão mostrando resultados positivos quanta a sua possível utilização em sistemas agroflorestais nos países tropicais. O eucalipto é bastante adequado para a formação de quebre-ventos, é inquestionavelmente bom para a produção de lenha, e pode ser bastante adequado para a utilização em sistemas silvipastoris, conforme mostram os resultados experimentais recentes. A associação agrosilvicultural com algumas culturas agrícolas durante a fase inicial de crescimento das árvores, por outro lado, tem mostrado resultados economicamente promissores e de benefícios ecológicos mútuos.
Outro importante fator positivo é o potencial de seqüestro de dióxido de carbono – CO2, que, conforme pesquisadores, é gigantesca, porque árvores jovens de grande produção de biomassa e de curto ciclo necessitam grandes quantidades de CO2 para a sua síntese. O potencial de seqüestro de CO2 é considerado, pela maioria dos pesquisadores, um dos principais, senão o principal, critério na avaliação do benefício eco-ambiental de uma planta.
A elevada produção de biomassa e a alta rotação transformam o eucalipto em um campeão de seqüestro de gás carbônico, o principal causador de efeito estufa. Em florestas virgens nativas essa relação de seqüestro de CO2 está em equilíbrio. Os grandes devoradores de CO2 são as árvores em fase de crescimento. Quanto maior sua rotatividade mais eficiente seria o processo.
Na realidade o eucalipto adquiriu uma importância econômica cada vez mais inquestionável e é hoje a principal matéria prima de importantes segmentos industriais, com os de papel, madeireiro e de construção. Não é apenas no Brasil que isso acontece. Na verdade, em todos os lugares onde foi implantado deu certo, tão certo, que logo se expandiu largamente e começou a atrair a desconfiança de ambientalistas ortodoxos, preocupados com seu alto grau de competitividade.
A polêmica chegou a tal ponto que a FAO (Food and Agriculture Organization), órgão das Nações Unidas, saiu a campo no fim dos anos 80 para realizar um levantamento sobre os reais efeitos de sua presença nas diferentes regiões. A FAO constatou que o consumo da água é proporcional à produção de biomassa é mais econômico do que o insuspeitável Pinheiro
No Instituto de Estudos avançados da USP, o pesquisador Aziz Ab’Saber procurou introduzir no Brasil as florestas sociais. Seria, entre outros, o aproveitamento de solos pobres para o plantio de árvores de alta rotação. O pesquisador reconheceu que o eucalipto seria uma das espécies que melhor se enquadraria na proposta. |