O plantio de árvores em regiões montanhosas tem se tornado uma realidade cada vez mais constante no Brasil. Além do valor produtivo das florestas, este sistema evita a erosão do solo, regula o fluxo de água e os processos hidrológicos.
Quando pronta em seu processo adulto, a árvore precisa ser colhida utilizando recursos técnicos eficiência para os trabalhadores, mas garantindo também que a natureza seja tratada com consideração. A técnica de arraste com cabos consiste em um método cuidadoso de colheita de madeira. O solo da floresta e a população de árvores são tratadas com cuidado, de forma a evitar danos à paisagem.
A colheita de madeira é realizada primeiramente com o uso de guinchos arrastadores móveis. O guincho arrastador é montado em um caminhão, ou então é rebocado, como se fosse um trailer. Existem guinchos arrastadores para sistemas de primeira, segunda e terceira linhas, conforme as diferentes exigências. Eles permitem a colheita de madeira nas encostas dos morros (subidas e descidas) e também em lugares planos, sob condições alagadiças.
No Brasil, a Berneck Aglomerados S.A, de Curitiba, já vem utilizando este sistema com bons resultados, desde o final do ano passado. Utilizando equipamentos da empresa austríaca Koller – representada no País pela PenzSaur, de Panambi (RS) – a Berneck implantou duas linhas de cabos aéreos para o transporte de toras, na Fazenda Marquês de Abrantes, em Tunas do Paraná, distante 80 km de Curitiba.
A diretora da PenzSaur, Ingrid Saur, destaca que a grande vantagem deste sistema é que não há necessidade de estradas específicas em meio a floresta para a extração das toras, gerando maior agilidade e produtividade e permitindo ainda o aproveitamento de possíveis áreas das estradas para o plantio. O sistema, ainda novo no Brasil, mostra um mercado promissor, tendo em vista existirem muitos plantios em encostas de montanhas ou em relevos acidentados.
Para as condições brasileiras, conforme técnicos da própria Koller, a produtividade média deste sistema é de aproximadamente 200 m3 por dia. O sistema de cabo aéreo completo tem seu custo girando ao redor de 160 mil Euros. No Chile este sistema já é bem utilizado, existindo quase 700 equipamentos em operação.
No caso da Berneck, que juntamente com a PenzSaur realizou no final de 2001 um dia de campo para mais de 100 empresários brasileiros, os resultados até o momento são positivos, conforme observa ser diretor florestal, . A empresa, que possui 17 fazendas com reflorestamento no Paraná, totalizando 17 mil hectares plantados, consome em média 65 mil estéreos de madeira por mês.
Entretanto, a relação entre consumo e plantio é positiva na Berneck.. A empresa consome cerca de 600 hectares por ano, mas os plantios chegam a 1.150 hectares, em diversas áreas da empresa.
PLANEJAMENTO
Planejamento e organização são essenciais antes de cada uso. Eles são fatores muito importantes para a prevenção de danos à floresta e para a estrutura de custo. A partir do ponto onde o guincho arrastador é posicionado na estrada da floresta, pode ser fixados previamente o corredor da linha do horizonte, o espaço entre os vários corredores de linhas de horizonte, as linhas de guia do rebocador e os pontos de terreno para suportes intermediários, quando necessários. Além do comprimento da linha de horizonte, o ritmo de corte e o tamanho do tronco determinam qual técnica de arraste com cabos será selecionada. A área selecionada para a técnica de arraste com cabos têm de ser marcada e protegida para evitar riscos às pessoas que não trabalham com exploração de madeira.
Um tipo bastante simples de arraste de troncos com cabo é o método de duas linhas. Com a chamada operação de gravidade, a retirada de troncos em direção ao topo do morro é feita usando basicamente a linha de horizonte e a linha principal. O carro de troncos é movido em direção à base do morro, através da gravidade. A velocidade é controlada pela linha principal.
Por rádio, o grampo da linha de horizonte, operado hidronicamente, é ativado exatamente no ponto de carga, e o carro de troncos é preso automaticamente à linha de horizonte. Ao mesmo tempo, o gancho se desprende, e o operador do guincho arrastador faz com que ele desça até o chão. Depois, os trabalhadores puxam a linha principal e prendem as correntes aos troncos. Isso permite que tamanhos diferentes de madeira sejam colhidos ao mesmo tempo.
Após uma comunicação por rádio, o operador da máquina recolhe a linha principal e levanta a carga até o carro de troncos. Quando o gancho chega ao carro de troncos, ele é automaticamente preso ao carro. Ao mesmo tempo, o grampo da linha de horizonte se abrirá, e o carro de troncos com a carga se movimenta em direção ao topo do morro. Ao atingir o ponto de descarga, o carro de troncos é novamente preso à linha de horizonte, e os troncos são baixados, tirados do gancho e estocados em um depósito de troncos.
REBOCAMENTO
O empilhamento contínuo de troncos próximo ao guincho arrastador é particularmente importante em casos de grandes quantidades de madeira e possibilidades limitadas de estocagem.
Para a retirada de troncos em direção à base do morro, é necessário um guincho adicional para o método de três linhas. A terceira linha, a chamada linha de rebocamento, puxa o carro de troncos para cima, contra a gravidade, até o local de colheita da madeira. O grampeamento do carro de troncos à linha de horizonte acontece da mesma forma que no método de duas linhas. É possível recolher toda a linha de rebocamento enrolando a linha principal.
O método de quatro linhas é a técnica mais aperfeiçoada de arraste com cabos, com vantagens consideráveis em retirada de troncos em encostas de morros, bem como para áreas planas. A linha de rebocamento é presa ao carro de troncos, e a quarta linha, localizada em cima do tambor de tração é responsável por recolher a linha principal. Isso permite que o carro de troncos seja movido ao longo da linha de horizonte durante o deslizamento lateral, o que ajuda a evitar danos às árvores que não foram cortadas.
O sistema de enforcamento permite que vários troncos sejam presos ao gancho de uma só vez, de forma rápida e fácil, aumentando a produtividade.
Outro passo para melhorar a produção, bem como para trabalhar com dano mínimo às demais árvores, é utilizar o método de suporte por guincho a cabo para a derrubada de árvores. A corrente do sistema de enforcamento é presa à árvore. Usando uma técnica especial de derrubada, corte na base, a árvore é derrubada com o suporte do guincho, observando-se a direção da queda.
O trabalhador faz o arrasto lateral e carregamento dos troncos, independentemente do operador do guincho arrastador, através de controle por rádio. O sistema de direção automático assegura que o carro de troncos pare exatamente no ponto de descarga e volte exatamente para o ponto de carga novamente.
Além do método de duas linhas, todos os guinchos arrastadores móveis usando um caminhão como o carregador principal podem ser equipados com um processador. Contudo, com essa combinação, o fluxo do processo faz com que o processador fique inevitavelmente parado em alguns momentos, dependendo do comprimento da linha de horizonte e do número de troncos carregados. É possível que haja outra solução mais fácil. O processamento mecânico das árvores inteiras tem um efeito de racionalização, já que retira galhos, mede e corta os troncos simultaneamente.
TRADIÇÃO
A Koller, reapresentada no Brasil pela PenzSaur, fabrica guinchos arrastadores há mais de 30 anos. Além dos veículos básicos, com a configuração de guinchos arrastadores, carregadores para todos os tipos de rebocamento a cabo estão sendo desenvolvidos e construídos.
O USKA 1.5 Z, um carregador moderno e robusto para os métodos de duas e três linhas, consiste em mais um desenvolvimento com futuro promissor. Uma entrada de cabo especial, com um grande amplitude de oscilação, evita que a linha principal se enrosque. Um tambor de tração recolhe a linha de rebocamento. Um controle integrado de rádio é usado para ativar os grampos da linha de horizonte e da linha de rebocamento.
O MSK-3, com várias inovações, é um carregador universal para a exploração de madeira na encosta de morros, bem como para trabalhar em solos planos. A tração da linha principal e da linha de rebocamento é realizado por uma pequena máquina a diesel, separadamente. Ela também é operada através de rádio. Se o corredor da linha de horizonte é mais curto ou íngreme, a retirada de troncos em direção à base do morro com o método de duas linhas é possível com esse carregador.
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