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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°105 - MAIO DE 2007

Exportações Brasil

Exportações brasileiras – Maturidade supera desafios

As exportações brasileiras tem batido recordes sucessivos. Os números mostram evolução superior à do comércio mundial - o crescimento das vendas brasileiras para o mercado externo de 2002 a 2006 bateu os 96% contra 64,8% do mundo, e as exportações de produtos manufaturados dobraram neste mesmo período.

A corrente de comércio não pára de crescer. As cifras das importações comprovam um nível de abertura da economia em ascensão e maior presença do Brasil no comércio mundial.

Segundo Juan Quirós, presidente da Apex-Brasil, é inegável que o Brasil amadureceu. “Há uma mudança qualitativa em curso que talvez não seja visível numa análise superficial”, relata.

No acumulado deste ano – janeiro até maio - as exportações estão em US$ 48,360 bilhões e as importações em US$ 34,829 bilhões, o que resulta em um saldo de US$ 13,531 bilhões. O resultado é 41,2% superior ao verificado no mesmo período de 2006, quando as exportações haviam fechado em US$ 41,356 bilhões e as importações em US$ 28,030 bilhões.

A média diária de exportação da primeira semana de maio de 2007 (US$ 636,3 milhões) foi 35,8% maior que a verificada no mesmo período do ano passado (US$ 468,4 milhões). O valor superior das exportações (US$ 1,909 bilhão) em relação às importações (US$ 1,364 bilhão) gerou superávit de US$ 545 milhões. Os dados foram divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

O secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ivan Ramalho, comenta que o valor do real em relação ao dólar "ainda não ameaça" as previsões de crescimento do volume de exportações do Brasil para 2007.

Mesmo tendo o real se valorizado, o volume de exportações continua crescendo, e em ritmo ainda mais forte do que o previsto inicialmente.

"Estávamos projetando um crescimento de 15% no volume de exportações brasileiras este ano, mas somente nos três primeiros meses essa aceleração foi superior a 20%", argumentou. O fato de o exportador brasileiro vir mantendo o ritmo de exportações demonstra uma "certa consolidação" do país no mercado externo, apesar das adversidades.

No ano passado 4.038 empresas desistiram de exportar, enquanto 3.186 entraram no mercado internacional. Diferença: 853 empresas, que representaram 1,1% dos US$ 118,3 bilhões exportados. Contudo, somente 7% (283) das desistentes exportaram continuamente entre 1997 e 2004.

A desaceleração global pode afetar a economia brasileira em 2007, mas a expectativa dominante é de que o cenário externo será benigno para o país. A maior parte dos analistas encampa a visão otimista do Fundo Monetário Internacional (FMI), acreditando que o desaquecimento mundial será gradual, com impacto moderado sobre os preços das commodities e sobre o fluxo de capitais para países emergentes.

O cenário mais provável para o Brasil contempla uma desvalorização moderada do câmbio, com algum impacto sobre a inflação. Todavia, mesmo que haja turbulências internacionais significativas, a vantagem do Brasil é que o país está hoje em posição bem mais confortável para encarar eventuais turbulências no cenário internacional, devido ao ajuste severo nas contas externas ocorrido a partir de 2002.

Desta forma, o Brasil deverá manter um superávit comercial em 2007, da ordem de US$ 40 bilhões, segundo estimativas de analistas de comércio exterior. Eles prevêem estabilidade de preços médios anuais das exportações brasileiras totais e crescimento de 8,7% no "quantum" (volume) exportado este ano. Nas importações, crescimento de quase 16% em volume e preços médios anuais maiores em cerca de 0,8%.

"Há de fato uma cultura da exportação no País que se mantém e até aumenta o ritmo mesmo dentro de adversidades. Quem já exportava está se mantendo no mercado ou mesmo aumentando e expandindo suas atividades, independente de qualquer questão relativa ao dólar. Esse é o retorno que temos do empresariado que é analisado por nossas bases de estudo", disse Ramalho, que também é presidente do Comitê de Financiamento e Garantia de Exportações - Cofig.

Entretanto, mesmo diante de todos os desafios, o Brasil aumentou de 0,93% para 1,14% sua participação no mercado mundial entre 2002 e 2005, um salto significativo para curto período. A evolução das exportações por fator agregado também é significativa; produtos semi e manufaturados correspondem a quase 70% da pauta.

Em 2002 o Brasil vendeu US$ 33,4 bilhões em itens manufaturados. Em 2005 superamos US$ 64 bilhões. Marca que foi ultrapassada em 2006, principalmente para mercados como Estados Unidos, União Européia, Liga Árabe, América latina e Tigre Asiáticos.

Houve, ainda, a ampliação do número de empresas vendendo para estas regiões. Em 2002 havia 6.511 empresas brasileiras comercializando produtos e serviços para os Estados Unidos. Em 2005 foram 6.905. Já para a Liga Árabe, um mercado ainda novo para o país, esse número subiu de forma mais significativa: de 1.372 para 2.135.

Pode-se ressaltar também os vários setores preparados para concorrer no mercado global. Adaptam produtos às exigências do mercado consumidor, investem em modernização tecnológica e em processos, certificam-se seguindo regras internacionais e valorizam a diferenciação e o design brasileiros para agregar valor às suas vendas.

Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - Ipea, comprova o impacto deste processo no mercado de trabalho. Segundo o estudo, a empresa exportadora, quando comparada à não-exportadora, é mais produtiva, inovadora, tecnologicamente mais avançada, emprega mais e paga salários e benefícios superiores à média do mercado.

O bom desempenho das exportações brasileiras para 2007 pode ser observada em abril, onde as exportações somaram US$ 12,449 bilhões, cifra recorde para meses de abril. Sobre abril de 2007, as exportações cresceram 14,0% e sobre março de 2007, apresentaram crescimento de 6,2%, pela média diária.

Todavia, é importante registrar que em abril os valores de exportações estão acrescidos das operações de exportações realizadas por Declaração Simplificada de Exportações - DSE, com dados atualizados desde dezembro de 1999.

Exportações simplificadas

A partir de abril deste ano, a balança comercial brasileira terá um detalhamento maior. Isso porque as vendas para o exterior, com valor abaixo de US$ 20 mil, irão se somar ao total de exportações brasileiras. Esse tipo de exportação, com restrição de valor, é feita por meio da Declaração Simplificada de Exportações - DSE e é utilizada principalmente por pequenos empresários.

Os dados que vão ser inseridos na balança comercial já são computados pelo sistema SISCOMEX, que é de responsabilidade do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC, Receita Federal e Banco Central. A diferença é que agora a Secretaria de Comércio Exterior - Secex irá somar as vendas feitas por DSE às exportações realizadas por meio do Registro de Exportação - RE, operação mais complexa que gera os valores atuais.

As exportações feitas por DSE não eram incluídas na balança comercial por se tratar de valores muito baixos. Segundo o secretario de comercio exterior do MDIC, Armando Meziat, esse quadro mudou no ano passado, quando as exportações simplificadas cresceram 53% em relação a 2005. Também no ano passado, o teto para exportar por esse tipo de operação foi aumentado para US$ 20 mil.

Com a mudança na metodologia, 3.776 empresas que exportam somente por meio da DSE passam a integrar as estatísticas da balança comercial. Desse total, 67% é composto por micro e pequenas empresas.

Com o acréscimo das vendas feitas por DSE, as exportações totais do ano passado têm pequena alteração: de US$ 137.469,7 bilhões para US$ 137.807,5, diferença de US$ 337,8 milhões. De janeiro a março desse ano as exportações estavam em US$ 29.387,3. Com a soma das exportações simplificadas, que é de US$ 70,8 milhões, o valor vai para US$ 29.458,1.

Dos produtos exportados por DSE, 95% são manufaturados, destaque para vestuário feminino (+4,3%), rolamentos e engrenagens (3,8%) e artigos de joalheria (+3%). Esses itens tiveram como destino principal os Estados Unidos, já que mais de 90% das mercadorias vendidas de forma simplificada foram compradas por esse país. O segundo principal destino foi a Argentina (25,8%), seguida do México (17,8%), Chile (17,6%) e Alemanha (15,7%).