Considera-se como sendo biomassa energética toda a matéria orgânica capaz de, ao ser queimada, decomposta ou reciclada, gerar alguma forma de energia, direta ou indiretamente. Desse modo, lenha, rejeitos animais e dejetos humanos, resíduos agrícolas e resíduos urbanos de origem orgânica podem ser utilizados como combustível através da biodigestão ou outros processos tais como, pirólise, hidrólise, gaseificação ou queima direta.
Em escala global, a biomassa, hoje, é capaz de suprir uma expressiva proporção das necessidades energéticas do homem. Na maioria dos países desenvolvidos, a biomassa é responsável por mais de 40% do combustível consumido. Subprodutos do cultivo de lavouras são empregados como combustível em caldeiras compactas em fazendas e fábricas, produzindo energia e alimentando processos industriais.
Na produção de celulose branqueada de eucalipto a matéria-prima é o principal gerador de biomassa, cerca de 13% da produção total de madeira. Isto deve-se basicamente às características do eucalipto e a forma de colheita nas florestas, onde máquinas automatizadas fazem o corte e o desgalhamento da árvore. Durante o manuseio, outros resíduos tais como areia, terra e cascalhos podem aderir às toras, sendo carregados para a fábrica.
Na seqüência do processo, a preparação de cavacos, etapa de fundamental importância, deve garantir um cavaco dentro das especificações de espessura, comprimento e baixo percentual de resíduos, visando o sucesso da etapa de cozimento nos digestores e sua transformação em polpa.
Para que isso seja possível, todos os resíduos gerados na colheita, manuseio e picagem do eucalipto devem ser rigorosamente controlados. Assim, antes do processo de picagem, a madeira é submetida à retirada dos resíduos, caracterizada pela remoção da casca (biomassa) por atrito nos tambores descascadores e da lavagem propriamente dita.
No descascamento, a casca da madeira é separada em casca limpa, enviada diretamente para picagem e “cascas sujas” contaminada com terra, areia e cascalhos. Após a etapa de lavagem são adicionadas à casca limpa para picagem e reaproveitamento, gerando energia para o processo fabril.
O segmento de papel e celulose está incluído entre os mais eletro-intensivos do setor industrial. As indústrias de celulose, bem como as integradas (papel e celulose) geram grande parte da energia consumida, a partir da lixívia produzida no próprio processo e de biomassa em geral.
Tais industrias utilizam como combustível nas caldeiras a lenha e o óleo combustível, além dos subprodutos de processo mencionados. Anteriormente o vapor gerado, antes de ser utilizado no processo de fabricação, é também usado para produção de energia elétrica por co-geração. A utilização de tecnologias mais eficientes, com melhor aproveitamento da biomassa, permitiria uma maior geração de eletricidade, com a vantagem de garantir o suprimento de energia.
A implantação do sistema de recuperação de biomassa possibilita atualmente à empresa uma recuperação média de 36% da biomassa (relação biomassa recuperada/biomassa contaminada total), representando 2,7%, em média, da madeira processada, com base no ano de 2000. Isso representa a redução média de 44.250 ton./ano de resíduos a serem dispostos em aterro.
O sistema de recuperação de biomassa opera atualmente com 45% de sua capacidade, o que representa uma produção média de 38,7 ton./h. A otimização operacional do sistema proporcionará uma recuperação de 80% da biomassa contaminada, o que representa uma redução de 80.906 toneladas de um total de 101.132 ton./ano de resíduos a serem dispostos no aterro, sendo convertidos em biomassa limpa para queima nas caldeiras com conseqüente redução no consumo de óleo. A produção de biomassa a partir das cascas sujas representa uma significativa redução de óleo combustível consumido nas caldeiras.
Com o projeto implantado, a empresa contribui ainda na geração de energia, reduzindo a demanda contratada para suprimento do seu processo, considerando que para cada 7,8 t de vapor gera-se 1MW/h de energia. Com o funcionamento atual do sistema de recuperação de biomassa, operando com 45% da sua capacidade, já é uma realidade para a empresa uma economia em óleo combustível, redução da área necessária e riscos para disposição e redução do custo de transporte.
De acordo com uma pesquisa realizada por técnicos da Cenibra, foi concluído que o sistema de recuperação de biomassa implantado pela empresa tem excelente performance para a retirada de resíduos do material alimentado. Conforme mostrado, atualmente recupera-se 36% da geração total de “cascas sujas”, sendo transformadas em biomassa para queima nas caldeiras, mesmo com a capacidade de operação do sistema ainda reduzida a 45%.
A otimização do sistema permitirá uma recuperação acima de 80% de toda a biomassa contaminada gerada no manuseio da madeira, viabilizando a redução de áreas necessárias e os riscos para disposição, redução dos custos de transporte, além de proporcionar grande economia na compra de óleo combustível utilizado nas caldeiras.
Desta forma, a empresa contribui de forma efetiva na preservação do meio ambiente, reduzindo a geração de resíduos sólidos, gerando energia alternativa, além de diminuir o consumo de água industrial por utilizar o efluente da secagem na área de manuseio de madeira, para alimentação do sistema de lavagem de cascas e para produção de cavacos para celulose.
de biomassa
Fonte: Alexandre Brandão Landim, Rui Simões de Almeida , Edvaldes José do Amaral, Silvana Maciel Fernandes - Celulose Nipo-Brasileira S/A – Cenibra |