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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°104 - ABRIL DE 2007

Incêndios Florestais

Prevenção evita prejuízos com o fogo

Durante o verão o capim seca e o pasto transforma-se num grande depósito de material comburente. Em alguns casos, basta um a dois dias sem chuva para que o pasto pegue fogo com facilidade. O incêndio pode ser iniciado por um fósforo aceso, cigarro, ou ainda a partir da queimada em área vizinha.

As capoeiras que fazem limite com os pastos são menos suscetíveis ao fogo. No solo da capoeira há menos material comburente. Além disso, esse material está menos exposto ao sol. Desta forma, são necessários no mínimo uma a duas semanas sem chuva para que sejam criadas condições favoráveis a incêndios.

Entretanto, no final do verão, é comum observar grandes extensões de capoeira atingidas pelo fogo que teve início no pasto. A alta temperatura dos incêndios seca mais rapidamente as áreas limites entre esses dois ambientes.

As clareiras, formadas pela queda das árvores, e a abertura de estradas e pátios na exploração madeireira criam diferentes ambientes com áreas intercaladas de manchas de floresta. A queda de duas ou mais árvores num só lugar, por exemplo, cria clareiras grandes (maiores que 300 m²), onde, geralmente, há um grande acúmulo de material comburente e alta incidência solar. Nesse ambiente, os incêndios podem ocorrer após uma semana sem chuva no verão, enquanto nas clareiras pequenas (menores que 150 m²), criadas pela queda de uma única árvore, o fogo pode ocorrer somente após duas a três semanas sem chuva.

Dentro da área de exploração restam “manchas de floresta” (áreas que não foram exploradas porque não continham árvores de valor madeireiro). Nesse ambiente, a liteira seca mais devagar e, geralmente, precisa de uma estiagem de cerca de um mês no verão para que o fogo possa penetrar. Lembrando que estiagens de um a dois meses são comuns na Amazônia Oriental.

A Floresta Amazônica tem sofrido grandes transformações devido à ocupação recente da região. A sua paisagem atual é um mosaico composto por florestas intactas, florestas exploradas para fins madeireiros, capoeiras, pequenas roças e pastagens.

A floresta virgem na Amazônia possui um dossel quase fechado que protege o solo e o sub-bosque contra a incidência solar. Mantendo-se sempre verde e úmida, raramente ocorre fogo nessa floresta, embora, em casos de secas muito severas, como ocorre durante os anos de El Niño, ela possa perder a capacidade de se manter imune ao fogo. Por outro lado, as áreas de mata explorada, capoeira, roça e pastagem são suscetíveis ao fogo. Nessas áreas, o fogo pode surgir de diversas formas, incluindo a queda de um raio, queimadas para o estabelecimento de pasto ou roça, acidentalmente ou ainda de forma criminosa.

O fogo na floresta explorada causa a perda de madeiras de valor que poderiam ser aproveitadas em colheitas futuras. Pesquisas realizadas pelo Imazon constataram que incêndios na floresta explorada, geralmente, provocam a morte de 45% das árvores remanescentes com DAP maior que 10 cm durante um período de um ano e meio após o fogo.

Além disso, incêndios na mata podem destruir as mudas de espécies comerciais (regeneradas naturalmente ou plantadas) e, assim, afetar a capacidade produtiva da floresta. Após o fogo, a regeneração predominante é formada por árvores pioneiras sem valor econômico, por exemplo, a embaúba.

Proteção

É possível evitar a ocorrência de incêndios na floresta explorada através de três medidas: adoção do manejo florestal (especificamente, medidas para reduzir a abertura do dossel e o volume de madeira danificado); quebra-fogo (natural e aceiro); exploração de talhões intercalados.

As técnicas de manejo, tais como planejamento das estradas e ramais de arraste, corte direcional e corte de cipós reduzem a abertura do dossel e diminuem o tamanho das clareiras. Desta forma, há menos material comburente e uma menor incidência solar sobre a mata explorada, reduzindo o risco de incêndio.

Um estudo do Imazon revelou que o tamanho da abertura no dossel da floresta é 50% menor na exploração manejada do que na exploração convencional. Conseqüentemente, o número de dias ao longo do ano em que a floresta é capaz de incendiar é bem menor na exploração manejada.

Pode-se estabelecer dois tipos de quebra-fogo para a proteção da floresta: o quebra-fogo natural e o aceiro. A implantação de quebra-fogos representa um investimento pequeno comparado aos prejuízos que o fogo causa. O custo resume-se ao valor de manter uma faixa de floresta, no caso do quebra-fogo natural, e em algumas horas de uso do trator no caso do aceiro.

Para implantar um quebra-fogo natural, deve-se manter intacta uma faixa de floresta virgem entre as aberturas (pastos e roças) e a floresta explorada. A faixa de mata virgem deve ter no mínimo 100 metros de largura.

O fogo ateado nas pastagens não chega nas áreas exploradas, uma vez que a floresta virgem, em virtude do seu dossel quase fechado, mantém-se úmida, resistindo à entrada do fogo. Caso o fogo ameace invadir a floresta, pode-se retirar o material comburente do solo (folhas secas, galhos pequenos), usando vassouras de cipós para limpar uma faixa de cerca de 1 metro de largura. Essa limpeza dificulta a propagação do fogo.

Quando não há uma faixa de mata virgem ao redor da mata explorada, pode-se construir um aceiro,ou seja uma faixa sem qualquer vegetação (3 a 5 metros de largura) margeando a área explorada. Deve-se manter sempre limpo o aceiro para que sirva como uma proteção permanente. No caso de capoeiras, eliminar as árvores com altura maior que a largura do aceiro situadas no limite entre os dois ambientes, para que estas não sirvam como condutor de fogo no caso de incêndios.

Recomenda-se, também, a exploração de talhões intercalados, ou seja, a cada ano, explorar talhões que não sejam vizinhos. Por exemplo, em um conjunto de 12 talhões, cada talhão deve ser explorado pelo menos dois anos após a exploração dos seus vizinhos. Pois, após esse período, a floresta volta a formar ambientes fechados que dificultam a penetração de luz e aumentam a umidade, criando, dessa forma, uma barreira natural contra o fogo.

Planejamento

As florestas exploradas sem planejamento na Amazônia, ao contrário das florestas virgens, são suscetíveis ao fogo. Pois, a abertura de clareiras grandes, comuns nesse tipo de exploração, permite o aumento da incidência solar sobre o chão da floresta, secando o material comburente ali depositado.

Para impedir que as florestas exploradas para fins madeireiros sejam atingidas pelo fogo, é aconselhável usar técnicas de manejo que favoreçam a redução da abertura do dossel da mata. É importante adotar medidas para conservar áreas de floresta virgem ao lado das florestas exploradas, tais como a implantação de quebra-fogos e a exploração de talhões intercalados.

Os incêndios florestais são umas das catástrofes naturais mais graves, não só pela elevada freqüência com que ocorrem e extensão que alcançam, como pelos efeitos destrutivos que causam. Além dos prejuízos econômicos e ambientais, podem constituir uma fonte de perigo para as populações.

As causas dos incêndios florestais são na sua grande maioria de origem humana, por negligência ou por intenção. Os incêndios de causas naturais correspondem a uma pequena porcentagem do número total de ocorrências.

A maior dificuldade nesses casos é como apagar o incêndio, pois na maioria das vezes ele ocorre em locais de difícil acesso para viaturas de combate terrestres ou aéreas. Devido a matas densas e terrenos acidentados, o combate eficaz é dificultado ou até impossibilitado.

Prevenção

A sua contribuição para proteger a floresta do fogo baseia-se na adoção de algumas ações preventivas, medidas de simples bom senso, sempre que haja risco de incêndio e, sobretudo durante os períodos mais quentes e secos.

O momento ideal para a realização de queimadas nem sempre é de fácil decisão. Alguns meses primaveris e invernais poderão também apresentar alturas pouco favoráveis à realização de queimadas. Ao realizar uma queimada deverão ser observadas as seguintes precauções:

Umidade do ar - quanto maior a umidade do material vegetal, menor a facilidade que este tem de entrar em combustão. A realização de queimadas em dias úmidos dificulta uma eventual propagação da queimada para combustíveis contíguos ou próximos. As queimadas deverão ser realizadas em dias com umidade do ar elevada.

Temperatura do ar - temperaturas elevadas tornam os combustíveis mais secos e susceptíveis de entrarem em combustão. Nesses dias, uma eventual “escapadela” da queimada poderá originar um incêndio de conseqüências desastrosas. Evitar realizar queimadas em dias quentes.

Vento - é o responsável pela oxigenação da combustão e arrastamento de faúlhas que poderão provocar focos de incêndio a distâncias consideráveis e pela inclinação das chamas sobre outros combustíveis que não interessem queimar. Evitar realizar a queimada num dia de vento, sobretudo se este for de direção variável. O vento não deverá soprar no sentido de zonas de grande acumulação de combustíveis florestais.

Combustíveis - como combustíveis mais comuns na realização de queimadas podem-se citar todos aqueles materiais vegetais resíduos de atividades agrícolas ou florestais, tais como, erva, ramos de árvores, rama da batata, etc.. O combustível, conjuntamente com o calor e o oxigênio, é uma das componentes essenciais para que a queimada se realize. Deverá ser evitado qualquer contacto entre a fogueira e os combustíveis que não se desejem destruir. Para tal, ao redor da fogueira, deverá ser limpa uma faixa de pelo menos 2 metros de largura e com uma profundidade suficiente para que se atinja a camada mineral, ou seja, um nível em que o solo não apresente material combustível. Esta limpeza evitará que o fogo escape de controle por contacto com os combustíveis adjacentes.

Declive - evitar a realização de queimadas em locais onde o declive seja acentuado. Material incandescente pode libertar-se da fogueira e rolar encosta abaixo provocando focos de incêndio.

Alimentação gradual - a fogueira onde se pretende destruir o material vegetal agrícola deverá ser alimentada gradualmente para evitar a produção de muito calor e uma elevada emissão de fagulhas. O material a queimar deverá ser adicionado gradualmente, em pequenas quantidades, diminuindo assim a probabilidade de descontrolo da queima.

Vigilância - uma vigilância permanente e cuidada é essencial para a realização adequada de uma queimada. O responsável pela queimada deverá ter em atenção as formas mais prováveis de evasão do fogo dos limites da fogueira. Esta poderá ser por emissão de fagulhas (via aérea), por aquecimento de combustíveis adjacentes ao lume ou por condução de calor em terrenos com muita matéria combustível enterrada. A vigilância deverá ser sempre prolongada várias horas para além da extinção total da fogueira.

Água - para precaver qualquer emergência durante a realização da queimada é necessário que água esteja sempre acessível, seja através de recipientes, ou através de mangueiras ligadas à rede publica, a poços ou nascentes. A água servirá também para tornar mais eficiente o rescaldo final.

Utensílios - utensílios de uso agrícola tais como ancinhos, pás e enxadas poderão ser utilizados para criar o espaço adequado para realizar a queima, para mais facilmente controlar a fogueira e para auxiliar na extinção final da combustão.

Rescaldo - um grande número de queimadas originam incêndios muito tempo após terem sido presumivelmente apagadas. Um rescaldo adequado é tão importante como uma boa condução do lume. Além da extinção das chamas vivas da queimada, o rescaldo também deve contemplar a supressão de qualquer combustão lenta que se desenvolva em níveis interiores, não directamente observáveis, nomeadamente no interior das cinzas e na camada orgânica do solo. Os utensílios devem ser utilizados para remexer a zona da queimada, apagando qualquer réstia de materiais em combustão. A cinza quente não deve ser espalhada sobre material fino e seco. Deve ser utilizada água para uma extinção final mais eficiente.

Informação - quaisquer esclarecimentos ou dúvidas relativos à execução da queimada podem ser devidamente clarificados junto da Câmara Municipal da área de residência ou junto das dependências regionais da Direção Geral dos Recursos Florestais.

Fonte: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis/Prevfogo.