As pragas que representam o maior prejuízo econômico nos plantios florestais são as formigas cortadeiras que devem ser controladas durante toda a fase de um projeto. Em seguida, no caso de plantios de eucalipto, pode-se considerar os cupins, na fase mais juvenil, e as lagartas, como a Thyrinteina arnobia na fase mais adulta, principalmente.
Outra praga comum e causadora de sérios problemas é causada pelo fungo Puccina psidii Winter (ferrugem do eucalipto). A primeira ocorrência da ferrugem, causando danos, aconteceu no Espírito Santo, nos anos 70, em plantios de Eucalyptus grandis, com idade inferior a dez anos. Além de ocorrer em mudas de viveiro, a ferrugem pode atingir também plantas jovens no campo até os dois anos de idade, reduzindo a produtividade da cultura e podendo levar à morte os indivíduos mais debilitados.
Em relação aos plantios de pinus, o macaco-prego (Cebus apella), vem causando danos consideráveis. O macaco-prego ocorre em praticamente toda a América do Sul, a leste dos Andes, apresentando uma grande adaptabilidade às condições ambientais e uma grande diversidade comportamental. Tem o hábito de arrancar a casca das árvores para alimentar-se da seiva, que tem sabor doce. Ao romper a casca, a árvore fica sem proteção e a circulação da seiva é interrompida. A árvore fica extremamente debilitada e suscetível ao ataque da vespa-da-madeira, que, em termos de danos econômicos, é uma das principais pragas.
Outra praga que vem causando danos é o pulgão (Cinara pinivora e Cinara atlantica) que hoje, ocorre em várias regiões de Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Para o controle de lagartas tem se usado muito o lagartecida biológico, que tem como agente a bactéria Bacillus thuringiensis, cujos nomes comerciais são o Dipel e o Bac control.
Formigas
As formigas cortadeiras são as principais pragas no estabelecimento de um povoamento florestal, com potencialidade de danos significativos inclusive durante os anos de crescimento da floresta.
Após a limpeza de vegetação, enleiramento, roçadas ou trituração de resíduos florestais, recomenda-se a espera de aproximadamente 30 dias para que o combate às formigas seja iniciado, tempo suficiente para que os formigueiros se restabeleçam e retornem às suas atividades normais.
Normalmente nas áreas propensas às infestações de formigas, ocorrem diversas espécies e até gêneros diferentes, o que exige diferentes métodos, processos e produtos para seu eficiente controle.
As formigas consideradas potencialmente mais críticas em termos de danos à silvicultura brasileira, e que ocorrem em quase todos os estados, são as do gênero Atta, comumente conhecidas como saúvas, e as Acromyrmex.
Vários métodos e produtos para o controle são normalmente utilizados, embora os controles manuais com inseticidas granulados, atualmente à base de sulfluramidas, são os mais empregados e recomendados, devido ao menor dano ao meio ambiente e pela maior disponibilidade no mercado, o que os tornam mais competitivos em termos de custos e porque sua distribuição no campo torna-se bastante prática e com alto rendimento operacional, fazendo com que seu custo seja viabilizado.
Outros produtos como os termonebulizáveis, são também empregados em larga escala e com bastante sucesso em algumas regiões, principalmente onde a infestação com espécies de saúva é muito elevada. Os custos, rendimento e eficiência do controle, são variáveis em função do grau de infestação, sistema operacional e produto utilizado; por isso é fundamental um bom planejamento técnico florestal.
Outra doença biótica do eucalipto é a mancha da folha, a qual apresenta as seguintes características conforme o fungo que a ataca:
Culindrocladium sp. e Coniella fragarie: inicialmente apresentam colônias esverdeadas e, posteriormente, azuladas. Ocorrem em clima tropical em épocas chuvosas, atacando principalmente as espécies E. dunnii, E. grandis, E. Saligna. Provoca perdas da fotossíntese (local transparente).
Phaeoseptoria eucalypti: inicialmente ocorrem manchas marrom arroxeadadas agrupadadas por todo limbo; posteriormente salpiques negros pela folha, até que esta fique completamente necrosada. O controle é realizado com pulverizações químicas com Mancozeb.
Aulographina eucalypti: ocorrem manchas de marrons a pretas circularescoriáceas, pontuações negras e calosidade. Ocorre em regiões quentes, atacando principalmente as espécies E. saligna, E. globulus, E. viminalis. Não há controle.
Altenaria tenuissima: inicialmente manchas marrons avermelhadas e irregularmente circulares, contornadas por halo marrom vermelho, no centro amarelo claro, ocorrendo de 1 a 20 manchas por folha. Ocorre em regiões quentes, atacando principalmente as espécies E. alba, E. grandis, E. globulus. O controle é realizado através de adequado suprimento de macro e micronutrientes e pulverização com Mancozeb.
Trimmatostroma excentricum: manchas marrons escuras, coriáceas e várias por folha. Em E. Citriodora
Micosphaerella sp: manchas marrons claras, coriáceas e salpicadas de negro, no viveiro e em campo, irregularmente circulares. E. grandis, E. camadulensis.
Cercospora sp: ocorre em mudas passadas, maduras, manchas retangulares e irregulares. E. grandis, E. dunnii.
Macaco prego
O macaco-prego é uma espécie nativa do Brasil que tem causado prejuízos aos reflorestamentos de pinus do país. Este animal ataca o terço superior da árvore de pinus, descascando o tronco e alimentando-se da seiva, que tem sabor doce.
A medida que a superfície exposta pelo descascamento aumenta, aumenta também a dificuldade de recobrimento do xilema por novos crescimentos da casca, levando a deterioração da madeira e, no caso de anelamento, morte e queda da copa.
As árvores atacadas ficam mais suscetíveis ao ataque da vespa da madeira, uma praga de pinus que causa ainda mais prejuízos.
Para o controle do ataque do macaco, são recomendadas medidas como a abertura da floresta e limpeza da área, de forma que o ambiente torne-se menos atrativo aos animais.
Vespa da Madeira
Várias pragas ameaçam a viabilidade futura dos plantios de Pinus e também a diversidade arbórea como um componente de programas de reflorestamentos sul americanos. Entre elas está a vespa da madeira, Sirex noctilio: ordem Hymenoptera, sub-ordem Symphyta, família Siricidae, subfamília Siricinae, gênero Sirex Linnaeus, 1761. Este inseto está associado a um fungo, Amylostereum areolatum, o qual é tóxico para certas espécies de Pinus.
Inseto nativo da Europa Central, o Sirex noctilio, nos locais de origem, são consideradas como praga secundária em troncos de Pinus. Entretanto, quando introduzida na Nova Zelândia, Tasmânia e Austrália, causou danos em grandes áreas reflorestadas, notadamente nos plantios de Pinus não desbastados e superestocados (mais de 1.600 a 1.700 plantas/ha), com idade entre 15 a 20 anos, conseqüência de um manejo inadequado ou pela falta de mercado para a madeira no início do século. Na América do Sul, a Sirex noctilio foi registrado pela primeira vez, em 1980, no Uruguai, e em 1988 foi constatada no sul do Brasil. Durante o primeiro encontro de Grupo de Trabalho Permanente em Sanidade Vegetal, ocorrido em 1992, no Brasil, os países do Cone Sul (Argentina, Brasil, Chile e Uruguai), identificaram S. noctilio como praga que oferecia ameaça às plantações de Pinus na América Latina.
A praga inicialmente constatada em povoamentos de Pinus taeda no Rio Grande do Sul já em 1989 foi observada em Santa Catarina, e em 1994 foi diagnosticada no Paraná. Atualmente, a S. noctilio está presente em aproximadamente 250.000 hectares de Pinus spp., em cerca de 60 municípios dos três estados do Sul do Brasil. No Paraná, a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, editou o mapeamento dos municípios com a incidência da vespa da madeira.
Estima-se que as perdas causadas pela praga atinjam U$ 5 milhões/ano na sua área de distribuição nos estados do RS, SC e PR.
A maioria dos insetos adultos emerge, no Brasil, de novembro a abril, com picos de emergência nos meses de novembro e dezembro. Os machos começam emergir antes das fêmeas. A proporção entre machos e fêmeas é de 1,5 macho para 1,0 fêmea.
Após o período inicial de vôo, as fêmeas perfuram o tronco das árvores com seu ovipositor e colocam seus ovos no alburno. Em cada local de oviposição, esses insetos podem perfurar até 4 (quatro) galerias. As fêmeas maiores colocam de 300 a 500 ovos, em aproximadamente 10 dias. No Brasil, foi observado que o número médio de ovos nos ovários das fêmeas dissecadas varia de 20 a 430, com média de 226 ovos.
Durante as posturas, as fêmeas introduzem esporos (artrosporos) de um fungo simbionte, Amylostereum areolatum, e uma secreção mucosa fitotóxica, que são os causadores da toxicidade e da conseqüente morte das plantas. O fungo, que serve de fonte de nutrientes para as larvas da praga, é responsável pela morte da árvore e pela podridão na madeira.
Além disso, a qualidade da madeira é afetada pela atividade das larvas que constroem galerias, pela penetração de agentes secundários que danificam a madeira, limitando seu uso ou tornando-a imprópria para o mercado. Após a morte da árvore, a madeira é degradada rapidamente e sua utilização deve ser feita no máximo seis meses após ter sido atacada.
Os plantios mais susceptíveis ao ataque de S. noctilio geralmente têm entre 10 e 25 anos de idade e estão sob estresse. Povoamentos sem desbastes são mais susceptíveis ao ataque do inseto do que os desbastados.
Os sintomas de ataque começam a aparecer logo após os picos populacionais do inseto (novembro e dezembro), sendo mais visíveis após a revoada, a partir do mês de março.
As características externas mais visíveis que denotam a presença de S. noctilio são: progressivo amarelecimento da copa que depois se torna marrom avermelhada, esmorecimento da folhagem, perda das acículas, respingos de resina na casca (em função da perfuração para oviposição) e orifícios de emergência de adultos. Os sintomas internos são: manchas marrons ao longo do câmbio, devido ao fungo, e galerias feitas por larvas.
Controle Biológico
Experiências bem sucedidas onde a praga foi introduzida demonstram que o controle biológico associado a medidas de prevenção é o método mais eficaz e econômico para o combate de Sirex, principalmente por tratar-se de uma praga exótica, introduzida sem o seu complexo de inimigos naturais. Para a implantação de um programa semelhante, no Brasil, foram introduzidos o nematóide Deladenus siricidicola e os parasitóides Ibalia leucospoides, Rhyssa persuasoria e Megarhyssa nortoni, visando proporcionar uma maior estabilidade da praga com o seu ecossistema.
O nematóide Deladenus siricidicola age por esterilização das fêmeas do Sirex noctilio. Apresenta dois ciclos de vida: um de vida livre, alimentando-se do mesmo fungo simbionte da vespa da madeira e outro de vida parasitária, dentro de larvas, pupas e adultos de S. noctilio. Pelo fato de apresentar o ciclo de vida livre alimentando-se do fungo Amylostereum areolatum, pode facilmente ser criado em laboratório e liberado em campo, através de sua aplicação em árvores atacadas por S. noctilio, podendo atingir níveis de parasitismo próximos a 100%.
AIbalia leucospoides é um endoparasitóide de ovos e larvas da vespa da madeira dentro da árvore enquanto que a Rhyssa persuasoria e a Megarhyssa nortoni, pelo fato de apresentarem um longo ovipositor, atacam larvas da vespa em estágios mais avançados de desenvolvimento.
Quanto à dispersão destes parasitóides, a Ibalia leucospoides pode dispersar-se rapidamente a longas distância (até 80 km) e, quando atinge áreas novas, reproduze-se intensamente. Foi observado também que a I. leucospoides é mais eficiente em locais secos. Rhyssa spp. e Megarhyssa spp. podem se dispersar por todas as áreas infestadas por Sirex, de 7 a 18 km, respectivamente, do ponto de liberação.
O complexo de parasitóides (Ibalia + Rhyssinae) pode eliminar até 70% da população de S. noctilio em determinados locais (Nutall 1989). Entretanto, observou-se que, usualmente, não atingem mais do que 40% da população, percentual este insuficiente para evitar que os ataques da vespa da madeira atinjam níveis elevados, mas que são importantes para manter o equilíbrio ecossistema/praga.
Após a detecção de árvores atacadas, é necessário o início do processo de controle biológico pela aplicação do nematóide Deladenus siricidicola. A Embrapa Florestas, através do laboratório de Entomologia, tem mantido a criação massal deste inimigo natural, assim como sua distribuição para inoculação no campo.
Algumas características desse processo:
Os nematóides são distribuídos na forma de doses de 20 ml, contendo cada uma cerca de um milhão de nematóides. Com cada dose, é possível tratar aproximadamente 10 árvores, pois em cada árvore são inoculados em torno de 100.000 nematóides.
Ao serem recebidas pelos produtores, ou pelo técnico inoculador, as doses devem ser mantidas em geladeira, à temperatura entre 5º e 8º C. Cada dose tem validade de 7 dias.
A temperatura ambiente, durante a inoculação, deverá estar entre 7º e 20º C, pois temperaturas superiores ou inferiores tendem a provocar a morte dos nematóides. O inóculo deve ser armazenado e transportado em caixas de isopor com gelo, à temperatura entre 5º a 15º C, não devendo nunca ser congelado.
Outro cuidado técnico muito importante para o sucesso da aplicação de nematóides é a atenção que deve ser dispensada para com o estado de conservação do martelo vasador.
Ações Preventivas
As árvores resistentes a S. noctilio são aquelas que se mantêm sem danos, apresentando crescimento vigoroso em bons sítios e talhões bem manejados. Um controle mais efetivo de pragas pode ser obtido, em longo prazo, pela aplicação de práticas silviculturais, criando razoável resistência floresta-inseto. Assim, as perdas devidas a insetos podem ser reduzidas.
ASirex noctilio pode dispersar-se naturalmente de 30 a 50 km por ano. Contudo, o transporte de madeira das áreas atacadas para áreas onde ainda não tenha sido detectada a sua presença aumenta a probabilidade de dispersão.
É provável que a S. noctilio foi introduzido no Brasil, vindo do Uruguai. Em função disso, a fiscalização das áreas afetadas e a proibição do transporte de madeira de áreas atacadas para outras são fundamentais para impedir o rápido avanço da praga.
S. noctilio é essencialmente uma praga oportunista. Portanto, a prevenção contra danos, é um problema de manejo, que pode ser aliviado pela vigilância dos plantios e pela aplicação de tratos silviculturais adequados.
Como tratamento curativo, além da realização de desbastes fitossanitários, é fundamental a utilização de agentes de controle biológico. |