O uso de postes de eucalipto tratados para redes de transmissão e distribuição de energia elétrica está bastante difundido. Porém, as madeiras de eucalipto apresentam, quando utilizadas em postes, algumas deficiências, tais como, certa tendência ao fendilhamento e vulnerabilidade do cerne, ao ataque de cupins e outros insetos, uma vez que a região central da madeira não é impregnável pelo preservativo.
A fácil deterioração da madeira de pinus não tratada e a sua baixa resistência mecânica, comparadas com a madeira de eucalipto, são fatores que levam o Brasil a descartar o seu uso como postes para redes de eletrificação. Entretanto, países como Estados Unidos, Canadá, França e outros, utilizam, em grande escala, esse tipo de poste.
Estudos da resistência mecânica da madeira de pinus já foram realizados por vários pesquisadores e comprovaram que seu uso como postes em redes de eletrificação é perfeitamente viável. Quanto à deterioração, estudou-se uma metodologia de tratamento preservativo de postes de Pinus oocarpa, de fácil execução e economicamente viável, objetivando prolongar sua vida útil, tornando perfeitamente viável seu uso em redes de transmissão e distribuição de energia elétrica.
Os métodos de tratamentos preservativos de madeira subdividem-se em: métodos com pressão ou industriais e métodos sem pressão ou caseiros.
Os métodos com pressão ou industriais requerem equipamentos especiais de impregnação, trabalhando com pressões superiores à atmosférica, sendo sem dúvida alguma, os mais eficientes, em razão da distribuição e penetração mais uniforme do preservativo na peça tratada, além do maior controle do produto absorvido, garantindo proteção efetiva e economia de preservativo. Em contraposição, tais processos apresentam algumas desvantagens, como o custo do equipamento e de sua manutenção, mão-de-obra mais especializada e o transporte da madeira até a usina de tratamento.
Os métodos de preservação de madeira sem pressão ou caseiros, são simples e não requerem pressão externa aplicada para forçar a penetração do preservativo na madeira. Esses processos caracterizam-se pelo baixo grau de sofisticação, dispensando investimentos iniciais em equipamentos e, em geral, são utilizados pelo próprio usuário da madeira preservada, de quem, em última análise, depende a qualidade do produto final.
A madeira de Pinus oocarpa possui massa específica relativamente baixa, apresentando variações dentro de uma mesma árvore, decrescendo no sentido base ao topo e da parte interna (medula) para a parte externa (próximo à casca). Esta variação também sofre influência do local do plantio e da idade da árvore. As densidades básicas da madeira de Pinus oocarpa, com 28 anos de idade, objeto do presente trabalho, apresentam os seguintes valores: 0,62 kg/cm³ a 1,6 m da base, 0,58 kg/cm³ no meio do poste, e 0,55 kg/cm³ no topo do poste.
Até a idade de quinze anos a madeira de pinus não apresenta cerne diferenciado, possui, em média, teores de holocelulose em torno de 65,8% e de 31,8% de lignina, além de um teor de 2,0 a 3,0% de resina. É uma madeira de baixa resistência natural aos organismos xilófagos. É bastante permeável e facilmente tratável por processos de vácuo-pressão adequados.
Análise química
Em pesquisa realizada, a penetração do preservativo foi determinada, de forma qualitativa, com auxílio de reações colorimétricas. Analisou-se a penetração de boro e cobre nos três discos de amostragem (Discos B; M e P). Para determinação do boro, a reação foi feita com álcool polivinílico e iodo, e para determinação do cobre, a reação foi feita com cromo-azurol. Onde existe boro a madeira fica azulada, e onde existe cobre a madeira fica azul escuro.
Em ambos os casos, a penetração de boro e cobre foi total em toda a seção dos discos. Esses resultados confirmam qualitativamente os resultados obtidos através de análises químicas de retenção de CCB.
O processo de preservação de madeiras roliças por deslocamento de seiva datam de cerca de um século. Entretanto, não se tem registro da aplicação desse processo para tratar postes de Pinus oocarpa com comprimento de 10,0 m e dimensões robustas, como os estudados no presente trabalho.
O resgate desse processo de preservar madeiras roliças tem por objetivo fornecer ao produtor rural uma metodologia simples de tratamento de postes de pinus para seu próprio uso, utilizando-se dos recursos disponíveis em sua propriedade rural.
A simplicidade de montagem do módulo de preservação, a facilidade de operação do sistema, o procedimento adotado e os resultados obtidos, permitem as seguintes considerações finais:
• a metodologia adotada para produção de postes de Pinus oocarpa mostrou-se eficiente pelos resultados de retenção e penetração de imunizante, obtidos no ensaio de tratamento dos quatro postes;
• a dispensa de mão de obra especializada e de equipamentos sofisticados tornam o sistema pouco oneroso;
• o módulo de preservação sendo facilmente desmontável possibilita, sem dificuldade, sua transferência de um lugar para outro segundo as necessidades de madeiras tratadas e disponibilidade de matéria-prima;
• o processo proposto para tratamento de peças roliças de madeira poderá também ser usado na produção de mourões de cerca, estacas e estruturas de madeiramentos de coberturas para uso rural.
Autoria: Antonio Zeca Filho e Luiz a. Targa: Curso de PG Energia na Agricultura - FCA/UNESP - Botucatu/SP - Departamento de Engenharia Civil - FE/UNESP - Bauru/SP - Brasil. |