Apesar de bem difundido, no Brasil o design ainda engatinha. As empresas mais modernas já começam a mostrar o talento de seus profissionais, dentro e fora do país. Apresentam cortes inovadores, mesclas de matérias-primas, acabamentos diferenciados e outros agregados, sempre primando pelo conforto, versatilidade e beleza. Mas, a maioria dos moveleiros ainda persiste em aglomerar as vitrines com produtos em série ou cópias. E, no mundo, o básico é a inovação.
A história do design começa a ser contada a partir da revolução industrial, no final do século XVIII, visando a qualidade de vida das pessoas. Os estudos sobre o assunto, no Brasil, iniciaram-se em 1964, no Rio de Janeiro, com a fundação da primeira faculdade de Design. Além disso, profissionais de áreas afins, como arquitetos passaram a dedicar parte de suas atividades na atuação deste segmento. Situação peculiar ocorre na Itália, onde os móveis são ricamente desenhados, mesmo na ausência de uma faculdade de design nos dias de hoje. Consagrada neste segmento, a Itália descobriu o design nos anos 50. Com forte aceitação do mercado consumidor passou a investir cada vez mais em pesquisas e experimentos sobre o assunto.
No Brasil, os empresários do setor são mais cautelosos, com medo de arriscar. Muitos acreditam que um móvel diferenciado pode ser visto como modismo passageiro. Ao contrário, se preencher requisitos como funcionalidade, conforto, resistência e beleza, pode tornar-se um clássico épico, mesmo fugindo dos cortes retos, dos tons básicos e das matérias-primas usuais.
Para se conseguir produtos diferenciados, exclusivos e com preço competitivo é preciso contar com tecnologia adequada. Para encontrá-la uma boa opção é visitar feiras especializadas, principalmente na Europa. A Xylexpo, que é realizada em Milão Itália, é um exemplo de evento focado em ferramentas para trabalhar o design. Fortemente automatizadas essas máquinas são projetadas para serem capazes de trabalhar com diferentes capacidades produtivas, planos de corte, furação ou usinagem variante, sem perder a agilidade. As máquinas mais modernas contam com sistema de auto-gerenciamento, definindo por conta própria a melhor maneira de realizar certas tarefas. É a chamada “tecnologia inteligente”, funciona através de alimentação de dados que pode ser feita através de um único computador, conectado em rede com a fábrica. O melhor é que tecnologias assim se auto-programam para diferentes tarefas, podendo gerar produtos diferentes ao mesmo tempo. Com regulagem automática essas máquina pode mudar a configuração de forma rápida e automática.
Muitas empresas na Europa já trabalham com esses sistemas, que aos poucos chegam ao Brasil. Fabricantes de móveis para escritório e empresas que trabalham com móveis modulados precisam ter fábricas flexíveis. Nesta área existe uma variedade muito grande de modelos, cores e módulos, talvez este seja o motivo pela qual essas empresas vendem bem.
Para adquirir máquinas inteligentes e flexíveis é preciso organizar o ambiente de trabalho. Um detalhe importante neste contexto é o lay-out fabril. Quando planejado de maneira inteligente pode contribuir muito com a agilidade dos processos. Ao contrário, se as máquinas forem distribuídas de forma equivocada o processo já começa errado, provocando uma série de inconvenientes, que nem a tecnologia “inteligente” é capaz de resolver.
Para os sistemas produtivos brasileiros o mais adequado é o chamado lay-out de processo, utilizado atualmente principalmente na Europa. A distribuição correta das máquinas trás vantagens como maior flexibilidade de produção, menor vulnerabilidade à parada das máquinas e trabalho menos repetitivo para os operadores.
Ao lado do segmento de máquinas o de ferramentas também deve evoluir para acompanhar. Para isso, as ferramentas precisam ser flexíveis, muitas vezes feita sob medida para cada caso. Conscientes disso, os fabricantes deste segmento já estão criando sistemas modulares para a produção. A tendência é que no futuro uma única ferramenta, possa produzir sozinha toda a peça. Neste sentido, já estão no mercado algumas ferramentas completas para produzir janelas. Elas economizar muito tempo, dispensando a parada para troca de ferramenta e ocupam menos espaço.
A evolução do design prevê, ainda, um crescimento na produção de máquinas com troca totalmente automáticas. E, as ferramentas também tornam-se cada vez mais inteligentes. Hoje, o mercado já oferece algumas com micro-chips interno, no qual estão todas as informações sobre a ferramenta, que avisa quando sua vida útil já foi gasta, quanto ainda resta, e a geometria, além de registrar quando foi a última afiação.
Fevereiro/2002 |