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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°103 - MARÇO DE 2007

Ergonomia

A ergonomia no desenvolvimento de equipamentos

Dentro do contexto de gestão empresarial, a ergonomia assume, cada vez mais, o papel de extrema importância dentro das empresas, quando inter-relaciona a qualidade do produto e dos processos a um aumento de produtividade e melhoria nas condições de trabalho. Seu campo de aplicação e crescimento é amplo, pois a evolução técnica do trabalho tem sido um fator decisivo no desenvolvimento desta ciência. A cada dia que passa, a tecnologia das máquinas alcança maior perfeição e complexidade, com menores custos e obrigando o homem a uma adaptação rápida a esta nova situação.

Segundo G. Spyropoulos (da Organização Mundial do Trabalho), sempre que se introduz uma nova tecnologia ao sistema produtivo, introduz-se um novo sistema de condições de trabalho. É importante lembrar que, ao se desenvolver essas novas tecnologias, especificamente novas máquinas ou equipamentos para o sistema produtivo, as novas condições de trabalho devem atender ao ser humano em todos os aspectos, e serem melhores que as condições anteriores. Essas novas tecnologias devem se adaptar ao ser humano, usuário da mesma, e não o ser humano "ser obrigado" a se adaptar a essas novas tecnologias.

Algumas situações devem ser avaliadas e observadas no sentido de atender à máquina humana, como, por exemplo:

- Se o novo equipamento atende ao perfil antropométrico do usuário da região onde será instalado;

- Se a operacionalização do novo equipamento exige carga física; de quanto é essa nova carga; se essa carga é compatível com o ser humano; qual é a postura exigida e se essa postura exigida oferece risco ao usuário; e que tipo de risco oferece;

- Se a operacionalidade do mesmo exige esforços biomecânicos; como são esses esforços; quais são as consequências desses esforços;

- Se os movimentos de membros superiores ou inferiores, requeridos para operacionalização desse equipamento, são agressivos ou não;

- Qual a influência que essa nova tecnologia traz para o meio ambiente;

- Como é o seu ambiente sonoro, térmico e de vibrações; são adequados à máquina humana; quais as consequências da não adequação;

- Se o processo de operacionalização exige carga visual; qual é a iluminação necessária; será que atende;

- Se a operacionalização do equipamento exige percepção e carga mental; o que fazer para minimizar;

- Se os controles, mostradores e comandos são facilmente identificáveis e interpretáveis ou podem induzir ao erro; o que fazer para eliminar a possibilidade de erro;

- Se os controles estão colocados para serem acionados sequencialmente, dentro de uma determinada lógica de movimentos;

- Se os comandos e controles estão dentro das áreas de alcance ótimo;

- Se o novo equipamento oferece riscos de acidentes; as partes móveis estão protegidas; idem para as partes elétricas; os comandos estão posicionados em lugares que não oferecem riscos; os comandos de emergências são facilmente alcançáveis;

- As instruções afixadas no equipamento estão na língua do usuário e são de fácil interpretação;

- Se o novo equipamento exige treinamento contínuo para os operadores.

A lista de itens a serem observadas é longa, e concluímos lembrando que a aplicação dos aspectos de ergonomia nos equipamentos, máquinas ou tecnologias, no sentido amplo, traz harmonia entre o homem e seu sistema laboral, consequentemente gerando lucros, produtividade e qualidade de vida no trabalho.

Fonte :Antonio Francisco Abrantes, Instrutor da IMAM