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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°102 - JANEIRO DE 2007

Desbaste

Técnica melhora madeira para serraria

Os desbastes de plantios florestais são necessários quando se deseja obter toras de diâmetros elevados ao final da rotação. Este é o caso da produção de toras para serraria e de postes de grandes dimensões. Quando o objetivo for a produção do maior volume possível de madeira de pequenos diâmetros, em espaço de tempo menor até o corte final, os desbastes não são necessários.

Como cada sítio permite apenas um determinado valor limite de área basal, reduzindo o número de árvores, a área basal máxima se distribuirá por um número menor de árvores remanescentes que atingirão diâmetros maiores. A estratégia mais recomendável é manter o povoamento crescendo em taxas próximas do máximo incremento corrente anual em área basal, o que pode ser conseguido por desbastes leves e freqüentes.

O primeiro, ou primeiros desbastes, devem ser pesados para eliminar também árvores mal formadas, tortas, bifurcadas e doentes, mesmo que apresentem dimensões elevadas. Deve-se evitar a retirada de grupos de árvores e procurar manter uma distribuição uniforme de espaçamento entre as árvores remanescentes. Isto evita a formação de clareiras e o crescimento de plantas invasoras entre as árvores. Evita-se também o surgimento de número excessivo de brotações de gemas epicórmicas, que podem prejudicar a qualidade da madeira. Este último inconveniente ocorre devido ao estimulo pela luz de gemas dormentes ao longo do fuste e também quando as árvores entortam devido a desbastes excessivos.

A demarcação do desbaste é uma operação especializada para a qual é necessário treinamento e discernimento para reconhecer as árvores que devem ser retiradas e as que devem permanecer e a importância de uma distribuição adequada de espaço entre as árvores.

Para assegurar-se que o número de árvores preconizado por hectare permaneça após o desbaste é recomendável indicar-se o comprimento de duas linhas de árvores que conterão 10 árvores, por exemplo, ao final do desbaste. Um método simples de calcular consiste em multiplicar o número remanescente de árvores pela distância entre linhas, dividir este valor pela área de um hectare (10000 m³ ). Em seguida dividir-se 5 (número de árvores em uma linha) pelo valor anteriormente obtido. O valor resultante é o comprimento de duas linhas onde devem ser deixadas dez árvores. Aplicando para uma distância entre linhas de 3 m:

- 3 m X 500 = 1500 m / 10000 m2 = 0,15 m-1

- 5 / 15 m-1= 33,3 m.

Portanto, para obter-se a densidade de plantas remanescente pretendida (500 árvores/ha) é necessário deixar-se dez árvores a cada 33 m de linha dupla.

Não é necessário deixar-se sempre, por exemplo, cinco árvores em cada linha de 33 m, pode-se se necessário deixar quatro árvores em uma linha e seis na outra, e assim por diante.

Sistemas de desbaste

Do ponto de vista econômico e operacional, em grandes áreas é preferível executar-se o corte e extração de madeira mecanizados ao invés do manual, desta maneira é mais econômico fazer-se desbaste sistemático e não o seletivo, no primeiro desbaste. Aplica-se também quando não houver interesse no manejo da rebrota das touças, ou então para espécies que não apresentem rebrota satisfatória. Nos demais casos os desbastes seletivos são os mais recomendáveis.

Em geral, nos desbastes sistemáticos se retira totalmente uma linha a cada três linhas de árvores e se efetua o desbaste seletivo, nas duas linhas remanescentes, nos desbastes subseqüentes.

Este sistema de desbaste é recomendável para plantios muito homogêneos ou seja aqueles plantados com material genético selecionado e com técnicas silviculturais adequadas.

O aproveitamento das toras para serraria é tanto mais elevado quanto maior for o diâmetro da tora. Assim, quanto mais cedo o povoamento atingir diâmetros elevados mais lucrativo será o empreendimento florestal. Para atingir este objetivo, os desbastes pesados e precoces são recomendáveis por estimularem precocemente o crescimento em diâmetro.

Entretanto, a madeira produzida em idades jovens dos povoamentos, nos quinze primeiros anos de crescimento de Eucalyptus grandis, é de qualidade inferior com elevadas tensões de crescimento. Para aumentar a proporção de madeira de boa qualidade, e limitar a madeira de qualidade inferior a um pequeno cilindro central, deve-se executar desbastes leves inicialmente. Devem também ser atrasados, pelo menos para permitirem a retirada de madeira com dimensões adequadas e mais interessantes do ponto de vista comercial. Os desbastes devem ser leves até o décimo quinto ano e mais pesados após essa idade.

Para evitar fustes deformados e supressão exagerada de copa viva, os demais desbastes devem ser repetidos em intervalos mais curtos. Os regimes de desbaste que vem sendo adotados na silvicultura brasileira não seguem a proposta apresentada. De modo geral adotam-se desbastes precoces e pesados com o objetivo de produzir toras de 35 a 45 cm de diâmetro em rotações curtas de 15 a 18 anos. Este regime tem o inconveniente de produzir elevada proporção de madeira juvenil, de baixa qualidade, no cilindro central da tora. Entretanto, é mais versátil em termos de permitir alterar o objetivo para a madeira produzida em função de alterações de mercado.

Possibilita ainda maior gama de produtos, em menor tempo, que pode ser interessante comercialmente. Por outro lado, prolongar a rotação para muito mais de 35 anos com o objetivo de aumentar a proporção de madeira de alta qualidade, aumenta o risco de ocorrência de podridão do cerne.

Visando assegurar a adoção de manejo específico para o povoamento e a região de interesse, considerando o potencial de produção e o sortimento específicos do povoamento florestal, como função da idade e dos regimes de manejo, é necessário utilizar simuladores de crescimento e produção. Existe no mercado nacional, em fase de implantação, o simulador de crescimento e produção denominado SISEUCALYPTUS. Este simulador, desenvolvido pela EMBRAPA, pode ser uma ferramenta de extrema importância para a definição do regime de desbastes ideal para cada povoamento e situação de mercado.

A proposta apresentada acima é apenas uma sugestão que pode ser aplicada em princípio, entretanto deve ser reconsiderada quando houver disponibilidade de dados de inventário e informações de mercado para cada caso.

A eliminação das cepas é a melhor alternativa quando não houver perspectivas de mercado ou interesse na produção de madeira de menores dimensões que poderiam ser obtidas mantendo-se as brotações das cepas. A produção de madeira das árvores remanescentes é maior no caso de eliminação das cepas.

A condução das cepas, quando desejável, se faz pela retirada dos brotos extranumerários e manutenção de dois a três brotos por cepa. Os brotos a serem mantidos devem ser bem distribuídos e implantados no tronco o mais próximo possível do solo. Para selecionar corretamente os brotos é necessário aguardar o crescimento dos brotos por pelo menos um ano ou até que ocorra diferenciação clara entre os brotos.

Fonte: Embrapa Florestas.