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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°101 - JANEIRO DE 2007

Papel e Celulose

Papel e celulose - competitividade e crescimento produtivo destacam o Brasil no cenário mundial

O setor de celulose e papel no Brasil vem registrando níveis de produtividade incríveis com uma área plantada de 1,7 milhão/ha, sendo 75% com eucaliptos, 24% de pinus e 1% de outras espécies, onde a produção provém 100% plantadas e altamente competitivas.

Atualmente, o Brasil é o 7º maior produtor mundial de celulose de todos os tipos, ocupando a liderança na produção de celulose de fibra curta de mercado. As vendas das empresas brasileiras de celulose de mercado atingiram 6 milhões de toneladas em 2005, das quais 5,2 milhões de toneladas destinadas à exportação. O superávit comercial do setor de celulose foi de US$ 1,8 bilhão no ano passado, resultado de exportações de US$ 2 bilhões e de importações de US$ 200 milhões.

Nos últimos dez anos, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do País foi de 25%, mas a indústria de celulose e papel registrou, no mesmo período, crescimento na produção de celulose de 70% e de 50% na produção de papel, segundo avaliação da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa).

As perspectivas são muito positivas para os produtores de fibra curta de eucalipto localizados no Hemisfério Sul, em função de seu menor custo de matéria-prima, o que vem ocasionando o fechamento de fábricas menores e de custo mais elevado na América do Norte e Europa; e a substituição do uso de fibra longa por fibra curta pelos fabricantes de papel no mundo.

Nos últimos cinco anos a capacidade de produção mundial foi reduzida em cerca de 700 mil toneladas por ano. De novembro de 2005 até o final deste ano serão descontinuadas a produção de cerca de 1,5 milhão de toneladas de celulose no mundo devido à perda de rentabilidade dessas operações. Já no caso do papel, os dados do mercado dão conta de cerca de 1,8 milhão de toneladas a menos este ano.

O Brasil tem um dos custos mais competitivos na produção de celulose de fibra curta, utilizada, por exemplo, para fazer papel de imprimir e escrever e para papéis sanitários. O clima favorável e os anos de pesquisas garantem a obtenção de madeira a custos mais competitivos do que na maior parte dos outros mercados.

Todavia, há ainda o forte crescimento do mercado chinês, que conta com parque industrial papeleiro com grande capacidade de produção, mas com baixa disponibilidade interna de celulose.

Em 2006, a produção brasileira de papel deve ser de 8,8 milhões de toneladas e a de celulose, de 11 milhões. As exportações do setor devem atingir US$ 3,9 bilhões, um aumento de 14,5% sobre os US$ 3,4 bilhões registrados em 2005; as projeções são da Bracelpa.

A conjuntura favorável já se reflete em novos investimentos em papel e celulose no país. Em 2006, os desembolsos do BNDES no setor deverão somar cerca de R$ 2,2 bilhões, com crescimento de 69% na comparação com R$ 1,3 bilhão liberados em 2005. Nos primeiros oito meses deste ano, o Banco já aprovou financiamentos de R$ 3 bilhões para projetos à expansão da produção de papel e celulose, com investimentos de R$ 5,5 bilhões.

Segundo projeções do BNDES, os investimentos no setor de papel e celulose no Brasil deverão crescer, em média, 17% ao ano no período 2007/2010, em relação a 2002/2005. Isso equivale a inversões da ordem de R$ 20 bilhões no período, montante sem precedentes na história do setor. Desse total, o BNDES deverá financiar cerca de R$ 11,7 bilhões.

O mercado brasileiro do segmento conta atualmente com 220 empresas, em 450 municípios, distribuídas em 16 estados, das cinco regiões brasileiras.

Crescimento Mundial

A demanda de papel e celulose deverá crescer significantemente no horizonte visível até 2015/2020. Esse crescimento cria uma demanda adicional de fibra reciclada e de fibra virgem em nível global, e se espera que a demanda de fibra virgem seja suprida pelas regiões emergentes, com especial destaque para a América Latina, .

O consumo mundial de papel deverá atingir cerca de 452 milhões de toneladas em 2015, tendo como conseqüência o aumento correspondente da demanda de fibras celulósicas em aproximadamente 126 milhões de toneladas.

A fibra reciclada deverá continuar sendo a principal fonte adicional de fibra – cerca de 90 milhões de toneladas por ano a serem acrescentadas entre 2002 e 2015. Por sua vez, a fibra virgem deverá contribuir com cerca de 36 milhões de toneladas adicionais, no mesmo período, atingindo o total aproximado de 197 milhões de toneladas anuais em 2015. Desses 36 milhões de toneladas adicionais, cerca de 22 milhões de toneladas, 60%, deverão ser de celulose Kraft de fibra curta.

Dos 22 milhões de toneladas de nova capacidade necessária de celulose Kraft de fibra curta branqueada (BHKP), cerca de 14.3 milhões de toneladas tinham fontes de suprimento em implantação ou já identificadas. Porém, para mais de 4 milhões de toneladas, em 2003, sua eventual origem ainda era desconhecida.

A celulose de mercado de fibra curta branqueada é um dos produtos que apresentam maior crescimento potencial no período. Este fato levanta algumas interrogações sobre a disponibilidade de madeira.

No Brasil as plantações industriais obtiveram um rápido crescimento, com Pinus e Eucalipto, e configuram-se como praticamente a única fonte viável de suprimento para grandes volumes adicionais de matéria-prima fibrosa para papel.

Na maioria das outras regiões, esta constatação apenas agora começa a ganhar força. Isso acontece fundamentalmente por razões ligadas à competitividade e ao meio ambiente.

Desta forma, a existência ou a falta de existência de áreas utilizáveis com condições edafoclimática favoráveis, espécies geneticamente adaptadas, tecnologia consolidada, vontade e estabilidade política, tem levado os grandes envolvidos a considerar as regiões do Sul, especialmente a América Latina e o Brasil, como a grande alternativa de suprimento futuro. Com conseqüência dessa conscientização, as plantações de crescimento rápido no mundo deverão dobrar sua participação até 2015.

A área de florestas plantadas no mundo com PCR para todas as aplicações, deverá passar dos atuais 19.5 milhões para aproximadamente 31 milhões de hectares em 2015, sendo que, dos cerca de 11.5 milhões de hectares adicionais, aproximadamente 4.5 milhões seriam destinados à indústria de papel e celulose, totalizando cerca de 20 milhões. O restante seria voltado à indústria de produtos sólidos de madeira e a outras aplicações, como carvão vegetal e energia.

A taxa de utilização média ponderada de papel reciclado em nível mundial deverá crescer do atual nível de 46% para aproximadamente 54% em 2015, sendo que as projeções de consumo de fibra virgem refletem a premissa de que esta taxa de crescimento será realidade.

Todavia, alguns fatores põem em dúvida essa estimativa, como os crescentes custos de coleta nas principais regiões desenvolvidas, alterações na legislação ambiental, requisitos de maior qualidade no produto final e mudanças das próprias fontes de produtos manufaturados, e respectivas embalagens no mercado global.

Estima-se que para cada 1% de diminuição na taxa ponderada de utilização de aparas, aumente em cerca de 700 mil hectares a necessidade de plantações de alto rendimento no mundo.

Segundo o Vice-presidente da Jaakko Pöyry Tecnologia – Brasil, os jogadores que se posicionarem primeiro, com disponibilidades financeiras próprias ou habilidade para aproveitar os novos mecanismos de financiamento, serão aqueles que irão participar como empresas dominantes no cenário futuro, tornando concretas as oportunidades que hoje se desenham.