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Notícias
22
nov
2005
(GERAL)
Estudo mostra que queimadas podem reduzir a temperatura
Por trás da camada de fumaça produzida pelas queimadas, um processo silencioso de alterações físicas se desencadeia nas áreas atingidas pelo fogo. As mudanças podem alterar a incidência de luz, a temperatura e a formação de nuvens.
Um grupo de seis cientistas da Universidade de São Paulo (USP), da UFMT e do United States Departament of Agriculture (USDA) está estudando o assunto. Eles já fizeram experiências em Rondônia e no Acre. Nessa semana, o projeto começa a ser implantado em Mato Grosso, justamente quando se inicia o período mais crítico das queimadas, que acontece entre agosto e setembro.
A estratégia dos pesquisadores é espalhar 30 fotômetros pelo Estado, distantes aproximadamente 100 quilômetros uns dos outros. Esses aparelhos coletam a luz solar e podem medir a quantidade de partículas emitidas pela combustão suspensas no ar, chamadas de aerossóis. Cada um mede dois micrômetros, ou seja, são duas partes de um centímetro dividido dez mil vezes.
O USDA já realizou essas coletas em diversas regiões do globo, como África e China. No ano passado, foi a vez da Tailândia. Mato Grosso foi escolhido agora pela alta concentração dessas partículas em época de queimadas. Na cidade de São Paulo, apenas por três vezes houve registros acima do nível crítico, com 150 micrômetros por metro cúbico. Em Alta Floresta, todos os anos, a quantidade de aerossóis chega a índices de 400 a 500 por até duas semanas.
Os pesquisadores já sabem que essa concentração alta produz uma reação em cadeia no meio ambiente, chegando a três efeitos principais. O primeiro deles, já confirmado pelos cientistas, é a diminuição da intensidade da luz. É como se a camada de aerossóis formasse uma barreira em torno da área queimada, impedindo a entrada dos raios solares.
Quando esteve em Rondônia, em setembro e outubro de 2002, a cientista Márcia Akemi Yamasoe, do Instituto de Astrofísica da USP, mediu a radiação na copa das árvores. Ela constatou redução de 20% a 25% na quantidade de luz.
Os aerossóis ficam concentrados nessa barreira e podem se comportar de duas formas: absorvendo ou espalhando a radiação. No processo de absorção, as partículas interagem com os raios do sol e os transformam em calor.
Elas também podem espalhar a radiação, desviando-a “para fora”, de volta para o espaço. “Esses dois processos fazem com que menos radiação chegue à superfície.
Se chega menos, a superfície se aquece menos, ou seja, vai resfriar”, explica a cientista. Programas de computador simularam a redução de temperatura causada por grandes quantidades de aerossóis. Os cálculos apontam que pode haver diminuição de até 2 graus celsius. Em Rondônia, os pesquisadores constataram que a diminuição no aquecimento e a grande quantidade de aerossóis desencadeavam uma reação complexa, desequilibrando o processo de formação de nuvens. Eles observaram que as nuvens ficavam mais “altas” que o normal em até 15 quilômetros. Nesses níveis, pode aumentar a ocorrência de raios e relâmpagos.
O processo começa na superfície, onde a falta de calor atrapalha a evaporação da umidade, que se torna vapor de água. Essa menor quantidade de vapor de água e a grande concentração de aerossóis provocam a formação de gotículas menores que o normal. Como são mais leves, as gotas conseguem ser levadas pelas correntes de ar até camadas superiores da atmosfera, resultando em nuvens mais “altas”.
Professores e estudantes receberão fotômetros
A coleta com o fotômetro é a primeira fase da pesquisa dos cientistas em Mato Grosso. Os aparelhos, que custam US$ 1 mil, serão entregues preferencialmente a estudantes ou professores das cidades escolhidas como Cuiabá, Alta Floresta e Sinop. O trabalho de coletas é minucioso. As captações devem ser feitas a cada meia hora, no período de 8 às 17 horas, em todos os dias da semana, durante dois meses.
A agência espacial americana (Nasa) fará a análise do material coletado, o que dura cerca de dois meses. “Daria para fazer um levantamento sobre o déficit de radiação no Estado”, afirma a pesquisadora.
A interpretação dos resultados deve ser feita junto com as imagens dos satélites americanos Acqua e Terra, que fotografam a superfície, nuvens, queimadas.
As máquinas têm capacidade de “enxergar” até o vapor de água e as camadas de aerossol. Com isso, os pesquisadores poderão confirmar as impressões sobre a formação de nuvens, diminuição na temperatura e incidência de luz.
Mas qualquer conclusão definitiva ainda vai demorar muito. O experimento em Rondônia, realizado em setembro e outubro de 2002, ainda não foi encerrado. Os pesquisadores ainda têm muitas variáveis para analisar. “A gente espera que a ciência consiga mostrar para os tomadores de decisão que as queimadas têm mais malefícios que benefícios, seja para a população, para o meio ambiente ou para o clima global como um todo. Seria fundamental que incentivassem métodos alternativos de limpeza do solo para cultivo ou pastagem”, disse.
Fonte: Amazonia.org.br – 10/08/2004
Um grupo de seis cientistas da Universidade de São Paulo (USP), da UFMT e do United States Departament of Agriculture (USDA) está estudando o assunto. Eles já fizeram experiências em Rondônia e no Acre. Nessa semana, o projeto começa a ser implantado em Mato Grosso, justamente quando se inicia o período mais crítico das queimadas, que acontece entre agosto e setembro.
A estratégia dos pesquisadores é espalhar 30 fotômetros pelo Estado, distantes aproximadamente 100 quilômetros uns dos outros. Esses aparelhos coletam a luz solar e podem medir a quantidade de partículas emitidas pela combustão suspensas no ar, chamadas de aerossóis. Cada um mede dois micrômetros, ou seja, são duas partes de um centímetro dividido dez mil vezes.
O USDA já realizou essas coletas em diversas regiões do globo, como África e China. No ano passado, foi a vez da Tailândia. Mato Grosso foi escolhido agora pela alta concentração dessas partículas em época de queimadas. Na cidade de São Paulo, apenas por três vezes houve registros acima do nível crítico, com 150 micrômetros por metro cúbico. Em Alta Floresta, todos os anos, a quantidade de aerossóis chega a índices de 400 a 500 por até duas semanas.
Os pesquisadores já sabem que essa concentração alta produz uma reação em cadeia no meio ambiente, chegando a três efeitos principais. O primeiro deles, já confirmado pelos cientistas, é a diminuição da intensidade da luz. É como se a camada de aerossóis formasse uma barreira em torno da área queimada, impedindo a entrada dos raios solares.
Quando esteve em Rondônia, em setembro e outubro de 2002, a cientista Márcia Akemi Yamasoe, do Instituto de Astrofísica da USP, mediu a radiação na copa das árvores. Ela constatou redução de 20% a 25% na quantidade de luz.
Os aerossóis ficam concentrados nessa barreira e podem se comportar de duas formas: absorvendo ou espalhando a radiação. No processo de absorção, as partículas interagem com os raios do sol e os transformam em calor.
Elas também podem espalhar a radiação, desviando-a “para fora”, de volta para o espaço. “Esses dois processos fazem com que menos radiação chegue à superfície.
Se chega menos, a superfície se aquece menos, ou seja, vai resfriar”, explica a cientista. Programas de computador simularam a redução de temperatura causada por grandes quantidades de aerossóis. Os cálculos apontam que pode haver diminuição de até 2 graus celsius. Em Rondônia, os pesquisadores constataram que a diminuição no aquecimento e a grande quantidade de aerossóis desencadeavam uma reação complexa, desequilibrando o processo de formação de nuvens. Eles observaram que as nuvens ficavam mais “altas” que o normal em até 15 quilômetros. Nesses níveis, pode aumentar a ocorrência de raios e relâmpagos.
O processo começa na superfície, onde a falta de calor atrapalha a evaporação da umidade, que se torna vapor de água. Essa menor quantidade de vapor de água e a grande concentração de aerossóis provocam a formação de gotículas menores que o normal. Como são mais leves, as gotas conseguem ser levadas pelas correntes de ar até camadas superiores da atmosfera, resultando em nuvens mais “altas”.
Professores e estudantes receberão fotômetros
A coleta com o fotômetro é a primeira fase da pesquisa dos cientistas em Mato Grosso. Os aparelhos, que custam US$ 1 mil, serão entregues preferencialmente a estudantes ou professores das cidades escolhidas como Cuiabá, Alta Floresta e Sinop. O trabalho de coletas é minucioso. As captações devem ser feitas a cada meia hora, no período de 8 às 17 horas, em todos os dias da semana, durante dois meses.
A agência espacial americana (Nasa) fará a análise do material coletado, o que dura cerca de dois meses. “Daria para fazer um levantamento sobre o déficit de radiação no Estado”, afirma a pesquisadora.
A interpretação dos resultados deve ser feita junto com as imagens dos satélites americanos Acqua e Terra, que fotografam a superfície, nuvens, queimadas.
As máquinas têm capacidade de “enxergar” até o vapor de água e as camadas de aerossol. Com isso, os pesquisadores poderão confirmar as impressões sobre a formação de nuvens, diminuição na temperatura e incidência de luz.
Mas qualquer conclusão definitiva ainda vai demorar muito. O experimento em Rondônia, realizado em setembro e outubro de 2002, ainda não foi encerrado. Os pesquisadores ainda têm muitas variáveis para analisar. “A gente espera que a ciência consiga mostrar para os tomadores de decisão que as queimadas têm mais malefícios que benefícios, seja para a população, para o meio ambiente ou para o clima global como um todo. Seria fundamental que incentivassem métodos alternativos de limpeza do solo para cultivo ou pastagem”, disse.
Fonte: Amazonia.org.br – 10/08/2004
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