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Notícias
22
nov
2005
(GERAL)
Instituições ambientais realizam megaoperação na fronteira AC/AM/RO
A densa nuvem de fumaça que já nas primeiras horas da manhã da última quarta-feira cobria a BR-364, sentido Rio Branco/Porto Velho, era o prenúncio do que seria encontrado pelos cerca de trinta homens que participam da Operação Taiató, coordenada pelas gerências do Ibama do Acre, Amazonas e Rondônia na região e que conta com o apoio do Incra, das polícias Militar e Civil do Amazonas, dos Ministérios Públicos Federal e Estadual, do Ministério do Trabalho e do Sistema de Proteção da Amazônia. A operação faz parte do Plano Nacional de Combate ao Desmatamento e à Queimada, lançado em maio deste ano pela ministra do Meio Ambiente, senadora Marina Silva.
A Taiató está sendo realizada há uma semana na área de fronteira interestadual e deve se estender até o fim de novembro ou início de dezembro deste ano, dependendo do começo do período chuvoso amazônico. Segundo o gerente do Ibama no Acre, Anselmo Forneck, nesse primeiro momento quatro grandes ramais serão fiscalizados - Jequitibá, Baianos, Mendes Júnior e Mococa. Três equipes se dividem em visitas por terra às fazendas.
“Na próxima semana teremos apoio aéreo e se verificarmos a necessidade do uso de barcos e de uma fiscalização maior nas margens dos rios, vamos entrar com a operação por água”, explica.
Quase 100% das propriedades apresentam irregularidades Segundo o analista ambiental do Ibama do Amazonas, Jair Schmitt, quase a totalidade das propriedades da região apresenta irregularidades. Daí a necessidade da convocação de todos os proprietários até a sede do posto do Ibama na Vila Extrema, para averiguação.
“Primeiramente estamos notificando e conhecendo a realidade do local, depois vamos lavrar os autos de infração”, explica.
Entre as principais irregularidades encontradas até o momento está o desmatamento em áreas de preservação, como margens de rios e igarapés, e o desmatamento seletivo (retirada de madeira ilegal, mas que utiliza o critério tamanho e preço da madeira, no qual o infrator não faz a derrubada total da floresta, possibilitando assim o não registro do desmatamento pelos satélites do Sistema de Vigilância da Amazônia o Sivam, tornando quase impossível a descoberta da infração, a não ser in loco).
Grande desmatamento é descoberto pelas equipes
Na ultima terça-feira, dia 3, uma equipe à paisana verificou indícios de irregularidades no quilômetro 42 do ramal Jequitibá, localizado na Vista Alegre do Abunã, cerca de 100 quilômetros da Vila Extrema.
Uma estrada vicinal, aberta recentemente na mata, estava camuflada com árvores, galhos e folhas. A equipe retornou ao posto e uma nova visita ao local foi agendada para a quarta-feira. Oito carros do Ibama, escoltados por policiais munidos de FAO - fuzil usado pelo Exército Brasileiro -, dirigiram-se até o lugar.
O som das motosserras rasga o silêncio da floresta. Eram os fiscais abrindo caminho para o comboio. Logo no início da estrada, um acampamento de médio porte foi encontrado. No lugar, motores de luz, de água e muita madeira serrada. Prova de que por trás do desmate há alguém com poder aquisitivo, provavelmente um grande madeireiro ou fazendeiro.
Numa busca rápida nos arredores do acampamento os fiscais puderam encontrar facões, motosserras e outros instrumentos utilizados em derrubadas. Segundo Anselmo Forneck, pelos indícios deixados, no lugar havia cerca de 30 a 40 trabalhadores, todos vivendo em condições subumanas.
Procurador acredita na existência de trabalho escravo
Segundo o procurador do Ministério Publico do Trabalho do Amazonas, Faustino Pimenta, tudo leva a crer que esses trabalhadores estariam no local trabalhando para pagar dívidas contraídas no ato do contrato, o que caracteriza trabalho escravo.
Páginas de cadernos de anotações encontradas no local, onde constavam nomes e valores correspondentes, dão suporte aos indícios. Para o procurador, infelizmente não é possível tomar nenhuma providência sem que o trabalhador tenha sido encontrado.
Segundo ele, os alojamentos, a água utilizada, a falta de equipamento de segurança, de banheiros e os alimentos encontrados - muitos vencidos - mostram indícios de outras irregularidades.
Fiscais destroem acampamentos e apreendem materiais Outros dois equipamentos de médio porte também foram encontrados ao longo da estrada aberta pelos infratores. Em um deles vários tambores de óleo diesel e gasolina foram encontrados e apreendidos pelo Ibama.
Num dos acampamentos, panelas ainda quentes mostravam que os trabalhadores ainda estavam por perto. Em seguida, um grito e muita correria. Os fiscais descobriram a presença de pessoas na mata. Cartuchos de 28 encontrados no local indicam que podem estar armadas.
Os fiscais se embrenham na floresta na tentativa de alcançar os trabalhadores, mas é impossível.
Durante a perseguição, a equipe encontra o carreador - estrada por onde a madeira é retirada. Os vestígios mostram que muitas árvores passaram por ali e que tratores de esteira foram utilizados na retirada.
Mais adiante, as toras de madeira começam a aparecer dentro de pequenas clareiras. São troncos de gigantescas castanheiras - cuja derrubada é terminantemente proibida pela legislação ambiental -, cumaru, pau-roxo, cedro, jatobá, massaranduba, louro, ipê, entre outras espécies. São cerca de 60 toras, algo em torno de 200 metros cúbicos de madeira pronta para ser transportada para serrarias da região. Segundo o chefe da operação, analista ambiental do Ibama do Amazonas Adilson Cordeiro, infelizmente não foi possível encontrar pessoas no local, o que facilitaria a descoberta do proprietário da derrubada, mas o Ibama irá realizar um trabalho de investigação na tentativa de chegar até o infrator. Na região amazônica, a dificuldade dessa localização se dá porque na maioria das vezes as terras são griladas, pertencendo de direito à União.
Operação “pente fino” deverá ser montada
Dentro da operação Taiató, um “pente fino” deverá fiscalizar serrarias da Vista Alegre do Abunã, na tentativa de encontrar a madeira que foi retirada desse desmate.
Os fiscais irão fazer inspeções industriais e levantamento de pátio, medindo e checando as madeiras estocadas, além da verificação e comparação com as notas fiscais de compra e venda delas. Dessa forma é possível saber quem comprou madeira ilegal e de quem.
Fiscais recebem denúncias de desmate ilegal em outra fazenda
Segundo o chefe da operação, Adilson Cordeiro, as equipes também vão fiscalizar uma denúncia de desmate ilegal numa grande área de terra também no ramal Jequitibá - dessa vez em uma fazenda.
De acordo com a denuncia recebida, o fazendeiro estaria fazendo uma derrubada, há 14 quilômetros da sede, de 500 alqueires, sendo que, ainda espalhados dentro dessa propriedade, outros dez lotes, também de 500 alqueires cada, estariam sendo desmatados.
Para Adilson, existe evidências de muito trabalho na região. É uma área complicada, onde vários ilícitos ambientais estão sendo realizados. Segundo o gerente do Ibama no Acre, Anselmo Forneck, a ação conjunta envolvendo os Estados do Acre, Amazonas e Rondônia é de vital importância. Para o gerente, os problemas ambientais não podem ser resolvidos por apenas um órgão, mas por uma ação conjunta de todos. “Sozinhos não temos estrutura nem pessoal para atender as demandas. Operações como essa são de vital importância para a resolução dos problemas ambientais”, defende.
Fiscais transitam pelo corredor aberto pelos madeireiros para o transporte das toras
Outras ações estão sendo organizadas O gerente do Ibama no Acre garante que, além da operação Taiató, outras estão sendo estudadas para esse período de verão. Uma delas deve ter início nos próximos dias, a Jurupari, que atenderá os municí-pios de Feijó, Tarauacá, Ipixuna, Guajará, Envira e Eirunepé, também coibindo os ilícitos ambientais, principalmente o desmatamento e as queimadas.
Fonte: Página 20 – 06/08/2004
A Taiató está sendo realizada há uma semana na área de fronteira interestadual e deve se estender até o fim de novembro ou início de dezembro deste ano, dependendo do começo do período chuvoso amazônico. Segundo o gerente do Ibama no Acre, Anselmo Forneck, nesse primeiro momento quatro grandes ramais serão fiscalizados - Jequitibá, Baianos, Mendes Júnior e Mococa. Três equipes se dividem em visitas por terra às fazendas.
“Na próxima semana teremos apoio aéreo e se verificarmos a necessidade do uso de barcos e de uma fiscalização maior nas margens dos rios, vamos entrar com a operação por água”, explica.
Quase 100% das propriedades apresentam irregularidades Segundo o analista ambiental do Ibama do Amazonas, Jair Schmitt, quase a totalidade das propriedades da região apresenta irregularidades. Daí a necessidade da convocação de todos os proprietários até a sede do posto do Ibama na Vila Extrema, para averiguação.
“Primeiramente estamos notificando e conhecendo a realidade do local, depois vamos lavrar os autos de infração”, explica.
Entre as principais irregularidades encontradas até o momento está o desmatamento em áreas de preservação, como margens de rios e igarapés, e o desmatamento seletivo (retirada de madeira ilegal, mas que utiliza o critério tamanho e preço da madeira, no qual o infrator não faz a derrubada total da floresta, possibilitando assim o não registro do desmatamento pelos satélites do Sistema de Vigilância da Amazônia o Sivam, tornando quase impossível a descoberta da infração, a não ser in loco).
Grande desmatamento é descoberto pelas equipes
Na ultima terça-feira, dia 3, uma equipe à paisana verificou indícios de irregularidades no quilômetro 42 do ramal Jequitibá, localizado na Vista Alegre do Abunã, cerca de 100 quilômetros da Vila Extrema.
Uma estrada vicinal, aberta recentemente na mata, estava camuflada com árvores, galhos e folhas. A equipe retornou ao posto e uma nova visita ao local foi agendada para a quarta-feira. Oito carros do Ibama, escoltados por policiais munidos de FAO - fuzil usado pelo Exército Brasileiro -, dirigiram-se até o lugar.
O som das motosserras rasga o silêncio da floresta. Eram os fiscais abrindo caminho para o comboio. Logo no início da estrada, um acampamento de médio porte foi encontrado. No lugar, motores de luz, de água e muita madeira serrada. Prova de que por trás do desmate há alguém com poder aquisitivo, provavelmente um grande madeireiro ou fazendeiro.
Numa busca rápida nos arredores do acampamento os fiscais puderam encontrar facões, motosserras e outros instrumentos utilizados em derrubadas. Segundo Anselmo Forneck, pelos indícios deixados, no lugar havia cerca de 30 a 40 trabalhadores, todos vivendo em condições subumanas.
Procurador acredita na existência de trabalho escravo
Segundo o procurador do Ministério Publico do Trabalho do Amazonas, Faustino Pimenta, tudo leva a crer que esses trabalhadores estariam no local trabalhando para pagar dívidas contraídas no ato do contrato, o que caracteriza trabalho escravo.
Páginas de cadernos de anotações encontradas no local, onde constavam nomes e valores correspondentes, dão suporte aos indícios. Para o procurador, infelizmente não é possível tomar nenhuma providência sem que o trabalhador tenha sido encontrado.
Segundo ele, os alojamentos, a água utilizada, a falta de equipamento de segurança, de banheiros e os alimentos encontrados - muitos vencidos - mostram indícios de outras irregularidades.
Fiscais destroem acampamentos e apreendem materiais Outros dois equipamentos de médio porte também foram encontrados ao longo da estrada aberta pelos infratores. Em um deles vários tambores de óleo diesel e gasolina foram encontrados e apreendidos pelo Ibama.
Num dos acampamentos, panelas ainda quentes mostravam que os trabalhadores ainda estavam por perto. Em seguida, um grito e muita correria. Os fiscais descobriram a presença de pessoas na mata. Cartuchos de 28 encontrados no local indicam que podem estar armadas.
Os fiscais se embrenham na floresta na tentativa de alcançar os trabalhadores, mas é impossível.
Durante a perseguição, a equipe encontra o carreador - estrada por onde a madeira é retirada. Os vestígios mostram que muitas árvores passaram por ali e que tratores de esteira foram utilizados na retirada.
Mais adiante, as toras de madeira começam a aparecer dentro de pequenas clareiras. São troncos de gigantescas castanheiras - cuja derrubada é terminantemente proibida pela legislação ambiental -, cumaru, pau-roxo, cedro, jatobá, massaranduba, louro, ipê, entre outras espécies. São cerca de 60 toras, algo em torno de 200 metros cúbicos de madeira pronta para ser transportada para serrarias da região. Segundo o chefe da operação, analista ambiental do Ibama do Amazonas Adilson Cordeiro, infelizmente não foi possível encontrar pessoas no local, o que facilitaria a descoberta do proprietário da derrubada, mas o Ibama irá realizar um trabalho de investigação na tentativa de chegar até o infrator. Na região amazônica, a dificuldade dessa localização se dá porque na maioria das vezes as terras são griladas, pertencendo de direito à União.
Operação “pente fino” deverá ser montada
Dentro da operação Taiató, um “pente fino” deverá fiscalizar serrarias da Vista Alegre do Abunã, na tentativa de encontrar a madeira que foi retirada desse desmate.
Os fiscais irão fazer inspeções industriais e levantamento de pátio, medindo e checando as madeiras estocadas, além da verificação e comparação com as notas fiscais de compra e venda delas. Dessa forma é possível saber quem comprou madeira ilegal e de quem.
Fiscais recebem denúncias de desmate ilegal em outra fazenda
Segundo o chefe da operação, Adilson Cordeiro, as equipes também vão fiscalizar uma denúncia de desmate ilegal numa grande área de terra também no ramal Jequitibá - dessa vez em uma fazenda.
De acordo com a denuncia recebida, o fazendeiro estaria fazendo uma derrubada, há 14 quilômetros da sede, de 500 alqueires, sendo que, ainda espalhados dentro dessa propriedade, outros dez lotes, também de 500 alqueires cada, estariam sendo desmatados.
Para Adilson, existe evidências de muito trabalho na região. É uma área complicada, onde vários ilícitos ambientais estão sendo realizados. Segundo o gerente do Ibama no Acre, Anselmo Forneck, a ação conjunta envolvendo os Estados do Acre, Amazonas e Rondônia é de vital importância. Para o gerente, os problemas ambientais não podem ser resolvidos por apenas um órgão, mas por uma ação conjunta de todos. “Sozinhos não temos estrutura nem pessoal para atender as demandas. Operações como essa são de vital importância para a resolução dos problemas ambientais”, defende.
Fiscais transitam pelo corredor aberto pelos madeireiros para o transporte das toras
Outras ações estão sendo organizadas O gerente do Ibama no Acre garante que, além da operação Taiató, outras estão sendo estudadas para esse período de verão. Uma delas deve ter início nos próximos dias, a Jurupari, que atenderá os municí-pios de Feijó, Tarauacá, Ipixuna, Guajará, Envira e Eirunepé, também coibindo os ilícitos ambientais, principalmente o desmatamento e as queimadas.
Fonte: Página 20 – 06/08/2004
Fonte:
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