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Notícias

22
nov
2005
(GERAL)
Reciclagem salvou 1,5 mi de árvores no RS
Um dos programas pioneiros de coleta seletiva e reciclagem de lixo no país está de aniversário, contabilizando números positivos e planejando avanços no Rio Grande do Sul. Segundo cálculos de técnicos da prefeitura da capital gaúcha, cerca de 1,5 milhão de árvores deixaram de ser cortadas para a fabricação de papel devido ao serviço de coleta seletiva de lixo, que completou 14 anos de implantação na semana passada, dia 7.

Esse número corresponde ao total da população da cidade (1.360.590 habitantes, segundo o Censo do IBGE de 2000). Desde que o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) iniciou a coleta seletiva, também foi evitada a extração de 2.660 toneladas de bauxita - minério usado para a produção de latas de alumínio. Esses dados colaboram para que o Brasil seja considerado líder mundial na reciclagem de latas.

Com a coleta seletiva são beneficiados, diretamente, 700 trabalhadores nas 12 unidades de triagem existentes na capital gaúcha. Cada um deles recebe um salário de R$ 260. E esses números devem aumentar nos próximos meses, quando serão construídas a Central Municipal de Comercialização de Resíduos Recicláveis, no Porto Seco, e a Usina de Reciclagem de Material Plástico no Parque Industrial da Restinga.

O financiamento para a construção da nova central de comercialização de resíduos recicláveis já está garantido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), conforme contrato assinado com o DMLU. As duas novas unidades devem gerar mais 42 postos de trabalho diretos.

A partir da coleta seletiva porta a porta, implantada nos 150 bairros de Porto Alegre, cerca de 60 toneladas de lixo seco são distribuídas diariamente entre as 12 unidades de reciclagem, criadas a partir da organização de setores mais pobres da população, excluídos mesmo da economia informal.

Programa iniciou em 1990

A implantação da coleta seletiva em Porto Alegre iniciou em 1990, no bairro Bom Fim. O programa foi sendo progressivamente ampliado até agosto de 1996, quando todos os bairros da cidade passaram a ser atendidos pelo sistema.

Nas unidades de reciclagem, organizadas em associações de recicladores, os materiais são separados, beneficiados, armazenados e comercializados. O produto da venda é revertido para os cerca de 700 trabalhadores envolvidos no processo e suas famílias.

Desde o início da implantação do serviço de coleta seletiva, a Prefeitura de Porto Alegre implantou um programa de divulgação junto à população, que consistiu na distribuição de folhetos com instruções sobre como fazer a separação do lixo, além da difusão de mensagens com o uso de carros de som.

Além disso, foram realizados eventos festivos de caráter conscientizador nas comunidades, com a participação de grupos de teatro. Também foi implantado um programa de Educação Ambiental, voltado principalmente para as escolas da cidade, mas atendendo também empresas, hospitais, e repartições públicas.

A primeira entidade de reciclagem criada foi a Associação de Mulheres Papeleiras e Trabalhadoras em Geral , durante o primeiro semestre de 1990 . Organizada pela Igreja Nossa Senhora dos Navegantes - que construiu um Galpão na Ilha Grande dos Marinheiros para abrigar a área de reciclagem e forneceu equipamentos - essa associação recebeu, até o final de 1991, todo o lixo seco reciclado pela população em Porto Alegre.

Apenas 63% dos lares brasileiros tem coleta de lixo

A geração de resíduos sólidos é um dos grandes problemas enfrentados pelo poder público no Brasil, principalmente em nível municipal. Mais de 250 mil toneladas desses resíduos são produzidos diariamente no país. No entanto, segundo dados oficiais, apenas 63% dos domicílios contam com coleta regular de lixo.

A coleta seletiva atinge um índice muito pequeno da população. A parte que não conta com esse serviço, muitas vezes é levada a queimar seu lixo ou jogá-lo ao lado de habitações, áreas públicas, terrenos baldios, encostas e cursos de água, contaminando o ambiente e comprometendo a qualidade da saúde humana como um todo.

Do total de resíduos coletados, o governo federal estima que hoje cerca de 76% são colocados a céu aberto. O restante é destinado a aterros (controlados, 13%; ou sanitários, 10%), usinas de compostagem (0,9%), incineradores (0,1%) e uma parcela ínfima é recuperada em centrais de reciclagem, como ocorre em Porto Alegre e em algumas outras cidades do país.

A experiência bem-sucedida de Porto Alegre começa, agora, a ser aplicada em outros municípios da Região Metropolitana da capital, com a implantação de unidades de reciclagem e de tratamento de resíduos sólidos.

Recuperação do Guaíba

Depois de equacionar o problema do recolhimento e reciclagem de lixo, Porto Alegre parte agora para uma nova fase na questão do tratamento de esgotos, através do Programa Integrado Socioambiental, que pretende ampliar de 27% para 77% o índice de tratamento de esgotos da cidade.

Atingir esse objetivo é uma condição fundamental para recuperar gradativamente a balneabilidade das praias do Lago Guaíba (ou rio, como ainda preferem alguns), proteger suas nascentes e recuperar arroios da zona sul da capital.

Além de ações e obras nas áreas de saneamento, drenagem e gestão ambiental, o programa também prevê obras de proteção contra cheias e o reassentamento de famílias que, atualmente, vivem em áreas de risco nos bairros Cristal, Cavalhada e Serrarria.

O investimento estimado é de US$ 115 milhões, num prazo de sete anos. O Programa Integrado Socioambiental é resultado das discussões do III Congresso da Cidade, ocorrido em 2000 e que elegeu o tratamento de esgotos como uma das prioridades dessa década para Porto Alegre.

Fonte: Celulose Online – 12/07/2004

Fonte:

Jooble Neuvoo

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