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Notícias

22
nov
2005
(GERAL)
Estudo aponta madeiras resistentes para o manejo
A exploração da floresta na Amazônia com base em técnicas de manejo racional ganha, cada vez mais, base científica para orientar os investimentos privados no setor florestal, de modo a atender às exigências crescentes da certificação ambiental, condição para a conquista ou a manutenção do mercado externo. A engenheira florestal do Banco da Amazônia (Basa) Dulce Helena Martins Costa, mestre em Ciências Florestais pela antiga Faculdade de Ciências Agrárias do Pará (atual Universidade Federal Rural da Amazônia - Ufra), estudou a dinâmica florística e o crescimento de uma área de floresta de terra firme na Floresta Nacional (Flona) do Tapajós, em Santarém, no oeste paraense, após a colheita de madeira.

O inventário florestal que se seguiu ao corte das árvores, informou Dulce Costa, constatou que algumas espécies desapareceram, por apresentarem poucos indivíduos na área, enquanto outras se multiplicaram, pelo seu maior número e por suas características de maior resistência às adversidades. Entre essas espécies resistentes, há algumas de maior valor comercial, como a melancieira, a sucupira (vermelha e preta), o amarelão, a copaíba, o cumaru, a fava bolacha e a de rosca, o jutaí (açu e mirim) e o angelim.

O trabalho da técnica do Basa, que engloba o período de 1981 a 1997, antecipa resultados de uma pesquisa ainda em andamento, pois o tempo previsto para a recuperação da área de 64 hectares de floresta é de 30 anos. Até 2011, quando estará terminado o prazo para a recomposição florística, técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), integrantes de uma equipe que pesquisa o manejo florestal, poderão avaliar passo a passo a recuperação da floresta, cuja intensidade de exploração, naqueles 64 hectares, foi elevada, explica Dulce Costa. De acordo com as normas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), de cada hectare de floresta podem ser retirados 45 metros cúbicos de madeira.

"Esse estudo precisa ter continuidade para avaliarmos como se dá a recuperação da floresta e quando ela poderá ser explorada novamente", explica Dulce Costa, para quem a pesquisa científica sobre manejo florestal avançou bastante nos últimos anos, mas ainda não o suficiente.

"Deve haver mais integração entre empresas e pesquisadores", sugere a engenheira florestal do Basa, diante da exigência cada vez maior por certificação dos produtos florestais, ou seja, da comprovação, aos compradores, da origem sustentável da madeira. Além disso, a legislação ambiental em vigor funciona no sentido de impedir o corte raso e a eliminação da floresta para o plantio de pastagens ou outros cultivos, pela exigência da manutenção de uma reserva florestal em 80% da área dessas propriedades.

A manutenção da reserva legal, no entanto, explica Dulce Costa, não impede que a área de floresta seja manejada e que esta possa se tornar uma alternativa econômica para o proprietário. As iniciativas nesse sentido, no entanto, exigem investimentos em máquinas e infra-estrutura, como a abertura de estradas nas áreas de floresta, pelas quais a madeira será retirada sem a derrubada dos outros indivíduos, ainda jovens, pois "é no corte e na retirada da madeira que se dá o maior impacto da exploração", explica a engenheira florestal, que ressalta ainda a necessidade de investimento em treinamento e capacitação para a atividade.

Fonte: O Liberal

Fonte:

Neuvoo Jooble