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Notícias
22
nov
2005
(GERAL)
País reduz exportação para elevar preço.
Valor das vendas externas bateu recorde no ano passado, mas preço desestimula os produtores. A indústria brasileira de compensados de pinus vai reduzir de 30% a 50% a produção voltada à exportação para tentar elevar os preços no mercado internacional, em queda por causa da sobreoferta do produto. O segmento, responsável por exportações de US$ 210,6 milhões em 2002, quer forçar a alta de pelo menos 25% nos preços em dólar para compensar as perdas com o aumento dos custos internos com insumos e a recente valorização do real.
"Com a demanda estagnada nos nossos principais mercados consumidores (Europa e Estados Unidos) e também no Brasil, a única solução é estimular o reajuste através da redução drástica das exportações nos próximos quatro meses", disse Paulo Roberto Pupo, vice-presidente do comitê de pinus da Associação Brasileira da Indústria da Madeira Processada Mecanicamente (Abimci).
Desde 1999, a cotação internacional do produto vem caindo, segundo a associação. O preço do metro cúbico do compensado de 18 mm, que chegou a US$ 250 há quatro anos, caiu a US$ 150 em 2001 e hoje está em US$ 170.
A queda nos preços foi provocada principalmente pelo aumento da produção brasileira, que gerou excesso de oferta no mercado internacional. "Isso causou um estrago nos preços. Devido aos ganhos obtidos com a desvalorização do real no passado, muitas empresas fizeram grandes investimentos para aumentar a produção sem se preocupar muito com a demanda", disse Pupo. "Em 2001, o nível de oferta já era mais do que suficiente para suprir o consumo na Europa, que é o nosso principal mercado".
Apesar disso, os US$ 210,6 milhões obtidos com a exportação de compensado de pinus no ano passado foram um recorde - um aumento de 27% ante 2001. O volume, que chegou a 606,1 mil metros cúbicos, havia crescido 30% no período. Nos primeiros quatro meses deste ano, o ritmo de exportações se manteve aquecido graças aos contratos fechados antecipadamente. O volume exportado cresceu 51% na comparação igual período do ano passado (de 318 mil metros cúbicos para 480,3 mil metros cúbicos).
O aumento da produção provocou uma corrida para obtenção de matéria-prima, o que descontrolou os preços de alguns insumos, como toras e resinas, que tiveram aumento de 15% a 20%. "Esta situação de custo é hoje a mais complicada, pois perdemos quase toda a nossa competitividade", disse Pupo.
O compensado de pinus brasileiro é exportado principalmente para Reino Unido (que compra 24,5% do total), Estados Unidos (17,9%) e Alemanha (11%). Direcionado para o setor de construção civil (pisos, paredes e tetos), concorre com os produtos norte-americanos, russos, finlandeses e canadenses.
No Brasil, o compensado é utilizado pela indústria de móveis (45%), da construção civil (34%) e de embalagens (17%), restando apenas 4% para outros segmentos.
A redução da exportação já deve provocar queda nas exportações deste mês em até 40%, segundo estimativa da Abimci. Para as empresas, somente se a cotação chegar a US$ 200 por metro cúbico nos próximos meses será possível manter os volumes de 2002. "Só poderíamos manter a trajetória de crescimento na produção se tivéssemos uma abrupta redução nos valores dos insumos e um aumento dos preços imediato", disse Pupo.
Com a entrada do verão no hemisfério norte, as negociações dos novos contratos vão ficar para após o período de férias. "É impossível discutir repasse de custos a partir de final de maio", disse Luiz Carlos Toledo de Barros, diretor superintendente da Emílio B. Gomes, fabricante de compensado de pinus.
A empresa vai reduzir a produção mensal de 4 mil metros cúbicos para 1,3 mil metros cúbicos e cortar à metade o seu quadro de 300 funcionários até que os preços voltem a subir. "O setor não se organizou para manter a remuneração no mercado externo e agora tem que se ajustar. Hoje, os custos industriais estão acima do preço de venda", disse. A empresa exporta toda a produção, principalmente para Estados Unidos e Europa.
A Angelo Camilotti, de Francisco Beltrão (PR), registrou uma redução de 15% nas receitas e suspendeu os projetos de ampliação de produção. A fábrica exporta, além de compensados de pinus, portas para Europa, Estados Unidos, Caribe e África. Antonio Rubens Camilotti, diretor da empresa, disse que a situação só é menos complicada no segmento de portas, que conseguiu abrir novos mercados na Europa com a valorização do euro. "Mesmo assim, os produtores de menor porte vão sair da exportação por causa das oscilações do câmbio". A Camilotti exporta 50% da produção de 500 mil portas por ano.
Certificação Européia prejudica
Para os produtores de compensado de pinus brasileiro, no entanto, a Europa, hoje principal compradora, pode se transformar em um mercado secundário. A adoção de novas normas técnicas pela União Européia a partir de abril deverá retrair as vendas. "A nova norma exige um nível mais elevado de resistência mecânica do produto e dificilmente as empresas brasileiras vão se enquadrar a tempo a esses padrões", disse José Luiz Dissenha, diretor da Formacomp, de União da Vitória (PR).
Apesar de entrar em vigor em abril, os contratos fechados em outubro já terão que contemplar produtos com certificação. "Isso vai criar uma barreira ao produto nacional. Com isso, é praticamente certa a queda nas exportações do setor em 2003", disse Dissenha. A empresa, que exporta para Europa e Caribe, vai reduzir a produção mensal de 4,5 mil metros cúbicos para 3,5 mil metros cúbicos.
Cristina Rios
Fonte: Gazeta
"Com a demanda estagnada nos nossos principais mercados consumidores (Europa e Estados Unidos) e também no Brasil, a única solução é estimular o reajuste através da redução drástica das exportações nos próximos quatro meses", disse Paulo Roberto Pupo, vice-presidente do comitê de pinus da Associação Brasileira da Indústria da Madeira Processada Mecanicamente (Abimci).
Desde 1999, a cotação internacional do produto vem caindo, segundo a associação. O preço do metro cúbico do compensado de 18 mm, que chegou a US$ 250 há quatro anos, caiu a US$ 150 em 2001 e hoje está em US$ 170.
A queda nos preços foi provocada principalmente pelo aumento da produção brasileira, que gerou excesso de oferta no mercado internacional. "Isso causou um estrago nos preços. Devido aos ganhos obtidos com a desvalorização do real no passado, muitas empresas fizeram grandes investimentos para aumentar a produção sem se preocupar muito com a demanda", disse Pupo. "Em 2001, o nível de oferta já era mais do que suficiente para suprir o consumo na Europa, que é o nosso principal mercado".
Apesar disso, os US$ 210,6 milhões obtidos com a exportação de compensado de pinus no ano passado foram um recorde - um aumento de 27% ante 2001. O volume, que chegou a 606,1 mil metros cúbicos, havia crescido 30% no período. Nos primeiros quatro meses deste ano, o ritmo de exportações se manteve aquecido graças aos contratos fechados antecipadamente. O volume exportado cresceu 51% na comparação igual período do ano passado (de 318 mil metros cúbicos para 480,3 mil metros cúbicos).
O aumento da produção provocou uma corrida para obtenção de matéria-prima, o que descontrolou os preços de alguns insumos, como toras e resinas, que tiveram aumento de 15% a 20%. "Esta situação de custo é hoje a mais complicada, pois perdemos quase toda a nossa competitividade", disse Pupo.
O compensado de pinus brasileiro é exportado principalmente para Reino Unido (que compra 24,5% do total), Estados Unidos (17,9%) e Alemanha (11%). Direcionado para o setor de construção civil (pisos, paredes e tetos), concorre com os produtos norte-americanos, russos, finlandeses e canadenses.
No Brasil, o compensado é utilizado pela indústria de móveis (45%), da construção civil (34%) e de embalagens (17%), restando apenas 4% para outros segmentos.
A redução da exportação já deve provocar queda nas exportações deste mês em até 40%, segundo estimativa da Abimci. Para as empresas, somente se a cotação chegar a US$ 200 por metro cúbico nos próximos meses será possível manter os volumes de 2002. "Só poderíamos manter a trajetória de crescimento na produção se tivéssemos uma abrupta redução nos valores dos insumos e um aumento dos preços imediato", disse Pupo.
Com a entrada do verão no hemisfério norte, as negociações dos novos contratos vão ficar para após o período de férias. "É impossível discutir repasse de custos a partir de final de maio", disse Luiz Carlos Toledo de Barros, diretor superintendente da Emílio B. Gomes, fabricante de compensado de pinus.
A empresa vai reduzir a produção mensal de 4 mil metros cúbicos para 1,3 mil metros cúbicos e cortar à metade o seu quadro de 300 funcionários até que os preços voltem a subir. "O setor não se organizou para manter a remuneração no mercado externo e agora tem que se ajustar. Hoje, os custos industriais estão acima do preço de venda", disse. A empresa exporta toda a produção, principalmente para Estados Unidos e Europa.
A Angelo Camilotti, de Francisco Beltrão (PR), registrou uma redução de 15% nas receitas e suspendeu os projetos de ampliação de produção. A fábrica exporta, além de compensados de pinus, portas para Europa, Estados Unidos, Caribe e África. Antonio Rubens Camilotti, diretor da empresa, disse que a situação só é menos complicada no segmento de portas, que conseguiu abrir novos mercados na Europa com a valorização do euro. "Mesmo assim, os produtores de menor porte vão sair da exportação por causa das oscilações do câmbio". A Camilotti exporta 50% da produção de 500 mil portas por ano.
Certificação Européia prejudica
Para os produtores de compensado de pinus brasileiro, no entanto, a Europa, hoje principal compradora, pode se transformar em um mercado secundário. A adoção de novas normas técnicas pela União Européia a partir de abril deverá retrair as vendas. "A nova norma exige um nível mais elevado de resistência mecânica do produto e dificilmente as empresas brasileiras vão se enquadrar a tempo a esses padrões", disse José Luiz Dissenha, diretor da Formacomp, de União da Vitória (PR).
Apesar de entrar em vigor em abril, os contratos fechados em outubro já terão que contemplar produtos com certificação. "Isso vai criar uma barreira ao produto nacional. Com isso, é praticamente certa a queda nas exportações do setor em 2003", disse Dissenha. A empresa, que exporta para Europa e Caribe, vai reduzir a produção mensal de 4,5 mil metros cúbicos para 3,5 mil metros cúbicos.
Cristina Rios
Fonte: Gazeta
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