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Notícias
22
nov
2005
(GERAL)
Renda nos pólos agroflorestais dobra
A renda semanal de mais de 80% das famílias assentadas no pólo agroflorestal Dom Moacyr saltou da média semanal de R$ 250 para cerca de R$ 500, no período de quatro anos. O pólo fica localizado no município de Bujari, a 30 quilômetros de Rio Branco, e foi um dos que serviram de laboratório para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) assumir os pólos como agentes de socialização da terra, incluindo-os em suas políticas como exemplos de reforma agrária. Nenhum assentado dos pólos que recebem assistência efetiva do poder público ganha hoje menos que três salários mínimos mensais.
“Meu marido trabalhava no Bujari e eu o ajudava. Na época ele colhia 2 mil folhas de verduras variadas. Depois de vender, dividia a metade do dinheiro com o dono”, lembrou Claudenice da Silva Nepomuceno Nascimento, que toca com o marido, Rogevânio Nascimento, um lote de 3,5 hectares na entrada do pólo. Hoje, ao invés de trabalhar para outros, ela e Rogevânio empregam um rapaz para manter em dia o serviço da horta. O casal utiliza a plasticultura para produzir hortaliças no período chuvoso do ano. A família instalou 1,5 mil metros de micras (lonas plásticas especiais para horticultura) onde produz pepino, cheiro verde e alface, além de várias outras culturas –como a de feijão, planta de difícil cultivo.
“Trata-se de um modelo criado pelo então prefeito Jorge Viana, que acabou sendo incorporado como política de reforma agrária do Incra”, disse João Batista, engenheiro agrônomo que participou da concepção dos pólos ainda na prefeitura de Rio Branco, na década de 1990. Há pólos que apresentam problemas, como o Geraldo Mesquita, no bairro do Calafate. A prefeitura deixou de prestar assistência e os assentados acabaram, em grande parte, vendendo as parcelas. Hoje, muitos dos ocupantes não são beneficiários da reforma agrária.
BAIXA EVASÃO – O caráter dos pólos permitiu a redução da evasão fundiária, fenômeno que reproduz o êxodo rural: o assentado de repente descobre que não tem aptidão para a vida na terra ou vive dramas pessoais que o impedem de se desenvolver na atividade agrícola. “Cerca de 10% dos assentados deixaram os lotes e foram embora”, disse Batista. O número é pequeno se comparado com outros assentamentos do Incra, onde 60% deixaram a terra e voltaram a viver nas periferias das cidades. Os que viviam problemas pessoais eram alcoólatras ou possuíam filhos envolvidos com drogas – uma tragédia sob todos os aspectos, mas, principalmente, pelo prisma da agricultura familiar, onde a mão-de-obra da família é fundamental para alcançar níveis de produtividade que possam trazer sustento para a casa e manter os projetos.
O pólo abriga 53 famílias, sendo 20 hortifrutigranjeiros e 33 que trabalham com sistemas agroflorestais, os safs, sistema de adensamento florestal que mistura espécies frutíferas e madeireiras. Os módulos dos safs ocupam área que varia de 6 a 8 hectares.
O Dom Moacyr mantém a memória de líderes rurais, como o ex-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetacre), João de Deus, morto em acidente de trânsito há quatro anos. A escola do pólo, que funciona até a quarta série do ensino fundamental, leva o nome do sindicalista, um dos idealizadores dos pólos no Acre. Energia chega em dez dias Assinado na metade do mês passado pela ministra Dilma Roussef, o programa Luz Para Todos será inaugurado em dez dias no pólo Dom Moacyr. Os postes já estão fincados, faltando apenas a instalação dos cabos.
As famílias aguardam a energia com ansiedade: “aqui nossa vida melhorou demais. Só falta mesmo a energia elétrica para completar”, disse Geralda Avelino de Souza, agricultora que morava com o marido e os filhos em um assentamento no Bujari, mas saiu em busca de vida melhor. Encontrou no pólo Dom Moacyr um pedaço de terra para viver e produzir.
Os agricultores utilizam motor a gasolina para bombear água até as hortas, o que demanda elevado custo. Com o Luz Para Todos, que terá tarifa social, a economia será grande, resultando na expansão dos investimentos na produção.
Além da mão-de-obra familiar, mais dois empregos
Produzir nos módulos de um pólo gera ocupação para três pessoas, em média. No Dom Moacyr, o trabalho gera pelo menos duas outras vagas além da mão-de-obra familiar. “O trabalho da horta não pára. Tem de ser feito o dia todo, o tempo todo. Às vezes, os donos precisam cuidar de outros assuntos. Então, fica o contratado trabalhando”, explicou Francejames Oliveira, extensionista da Seater que presta assistência ao pólo. James, como é conhecido, tem a missão de informar os produtores, agregando tecnologias capazes de incrementar a agricultura. Atualmente, estuda meios de combater uma praga que não deixa o fruto da gravioleira desenvolver-se.
O trabalho é árduo no pólo, mas há muitos adolescentes que não pretendem deixar o campo. Muitos estudam em Bujari, onde fazem a segunda etapa do ensino fundamental ou o ensino médio. Na semana passada, grupo de produtores ganhou do Sebrae um prêmio pela apresentação da melhor tecnologia de produção e comercialização de hortaliças no Bujari.
Fonte: Página 20 – 20/05/2004
“Meu marido trabalhava no Bujari e eu o ajudava. Na época ele colhia 2 mil folhas de verduras variadas. Depois de vender, dividia a metade do dinheiro com o dono”, lembrou Claudenice da Silva Nepomuceno Nascimento, que toca com o marido, Rogevânio Nascimento, um lote de 3,5 hectares na entrada do pólo. Hoje, ao invés de trabalhar para outros, ela e Rogevânio empregam um rapaz para manter em dia o serviço da horta. O casal utiliza a plasticultura para produzir hortaliças no período chuvoso do ano. A família instalou 1,5 mil metros de micras (lonas plásticas especiais para horticultura) onde produz pepino, cheiro verde e alface, além de várias outras culturas –como a de feijão, planta de difícil cultivo.
“Trata-se de um modelo criado pelo então prefeito Jorge Viana, que acabou sendo incorporado como política de reforma agrária do Incra”, disse João Batista, engenheiro agrônomo que participou da concepção dos pólos ainda na prefeitura de Rio Branco, na década de 1990. Há pólos que apresentam problemas, como o Geraldo Mesquita, no bairro do Calafate. A prefeitura deixou de prestar assistência e os assentados acabaram, em grande parte, vendendo as parcelas. Hoje, muitos dos ocupantes não são beneficiários da reforma agrária.
BAIXA EVASÃO – O caráter dos pólos permitiu a redução da evasão fundiária, fenômeno que reproduz o êxodo rural: o assentado de repente descobre que não tem aptidão para a vida na terra ou vive dramas pessoais que o impedem de se desenvolver na atividade agrícola. “Cerca de 10% dos assentados deixaram os lotes e foram embora”, disse Batista. O número é pequeno se comparado com outros assentamentos do Incra, onde 60% deixaram a terra e voltaram a viver nas periferias das cidades. Os que viviam problemas pessoais eram alcoólatras ou possuíam filhos envolvidos com drogas – uma tragédia sob todos os aspectos, mas, principalmente, pelo prisma da agricultura familiar, onde a mão-de-obra da família é fundamental para alcançar níveis de produtividade que possam trazer sustento para a casa e manter os projetos.
O pólo abriga 53 famílias, sendo 20 hortifrutigranjeiros e 33 que trabalham com sistemas agroflorestais, os safs, sistema de adensamento florestal que mistura espécies frutíferas e madeireiras. Os módulos dos safs ocupam área que varia de 6 a 8 hectares.
O Dom Moacyr mantém a memória de líderes rurais, como o ex-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetacre), João de Deus, morto em acidente de trânsito há quatro anos. A escola do pólo, que funciona até a quarta série do ensino fundamental, leva o nome do sindicalista, um dos idealizadores dos pólos no Acre. Energia chega em dez dias Assinado na metade do mês passado pela ministra Dilma Roussef, o programa Luz Para Todos será inaugurado em dez dias no pólo Dom Moacyr. Os postes já estão fincados, faltando apenas a instalação dos cabos.
As famílias aguardam a energia com ansiedade: “aqui nossa vida melhorou demais. Só falta mesmo a energia elétrica para completar”, disse Geralda Avelino de Souza, agricultora que morava com o marido e os filhos em um assentamento no Bujari, mas saiu em busca de vida melhor. Encontrou no pólo Dom Moacyr um pedaço de terra para viver e produzir.
Os agricultores utilizam motor a gasolina para bombear água até as hortas, o que demanda elevado custo. Com o Luz Para Todos, que terá tarifa social, a economia será grande, resultando na expansão dos investimentos na produção.
Além da mão-de-obra familiar, mais dois empregos
Produzir nos módulos de um pólo gera ocupação para três pessoas, em média. No Dom Moacyr, o trabalho gera pelo menos duas outras vagas além da mão-de-obra familiar. “O trabalho da horta não pára. Tem de ser feito o dia todo, o tempo todo. Às vezes, os donos precisam cuidar de outros assuntos. Então, fica o contratado trabalhando”, explicou Francejames Oliveira, extensionista da Seater que presta assistência ao pólo. James, como é conhecido, tem a missão de informar os produtores, agregando tecnologias capazes de incrementar a agricultura. Atualmente, estuda meios de combater uma praga que não deixa o fruto da gravioleira desenvolver-se.
O trabalho é árduo no pólo, mas há muitos adolescentes que não pretendem deixar o campo. Muitos estudam em Bujari, onde fazem a segunda etapa do ensino fundamental ou o ensino médio. Na semana passada, grupo de produtores ganhou do Sebrae um prêmio pela apresentação da melhor tecnologia de produção e comercialização de hortaliças no Bujari.
Fonte: Página 20 – 20/05/2004
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