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Notícias
22
nov
2005
(GERAL)
Solo acreano dá sinais de desertificação
Assim como algumas regiões de Rondônia onde se constata o processo de desertificação, o Estado do Acre também segue o mesmo ritmo com o desmatamento para o surgimento de grandes fazendas que trabalham com a pecuária. Em Pimenta Bueno, a 560 km de Porto Velho, há trechos onde só crescem arbustos e mato. Se o desmatamento não for reduzido, alertam especialistas, em dez anos essas áreas constituirão um verdadeiro deserto. Segundo o pesquisador da Embrapa, Judson Valentin, a demanda internacional por carne bovina poderá acelerar o ritmo de desmatamento da Amazônia Legal.
Resultados gerais divulgados por um relatório do governo do Estado, em 2000, mostraram que parte da região sudeste do Acre vem sendo modificada há algumas décadas por um processo de ocupação iniciado por desmatamentos e atividades agropecuárias. Ainda segundo o relatório, a derrubada da floresta e a queima da vegetação por atividades humanas foram as grandes transformadoras das paisagens acreanas e continuam a crescer muito nos últimos anos.
O objetivo principal do estudo foi de elaborar um Índice de Degradação (ID) que fosse capaz de aferir o atual estágio de degradação ambiental em que se encontram os 22 municípios do Estado do Acre, procurando, também, agrupá-los em clusters para verificar características semelhantes entre eles. Os resultados indicam que o Estado do Acre possui um ID médio de 30,74%, possuindo como ID´s mínimos os municípios de Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima com ID igual a zero e Manoel Urbano com um ID de 1,80%. A análise de cluster mostrou que determinadas regiões possuem um bom estado de conservação ambiental, no entanto, também deixou claro que alguns indicadores de degradação apresentam valores extremamente elevados.
Resultados do levantamento mostraram que desflorestamento vem aumentando no Estado, a uma taxa média de 0,35% ao ano, sendo que no período de 1994/95 esta taxa chegou a 0,86%. As regionais do Alto e Baixo Acre foram as que apresentaram os maiores índices de desflorestamentos e queimadas, pela existência de uma alta correlação entre a expansão da pecuária e o desflorestamento. Tal resultado pode ser justificado pelo fato de estas regionais possuírem a maior quantidade de projetos de colonização, assentamento e agroextrativista em relação às demais, uma vez que detém, conjuntamente, 54,83% das áreas do Estado destinadas a esta finalidade.
Com relação à capacidade de famílias, estas duas regionais representam 61,32% da capacidade total destes projetos. De acordo com os resultados do relatório final do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), realizado em 2000, as regionais do Alto e Baixo Acre apresentam maiores índices de desflorestamento e queimadas em virtude do maior ponto de concentração dos projetos de assentamentos, grandes fazendas, estradas e centros urbanos.
Apesar de apresentar índices de degradação relativamente baixos em alguns casos, isto não significa que a situação do Acre seja cômoda, pelo contrário, é muito preocupante, dado que, por ser um Estado relativamente novo e pouco desenvolvido, alguns municípios possuem um ID que ultrapassaram o valor de 60%. Portanto, fica evidente, que o processo de desenvolvimento do estado do Acre, que se concentrou nas regionais do Baixo e Alto Acre, trouxeram grandes danos ambientais ao Estado.
Uso de tecnologia reduz desmatamento A disseminação de tecnologias já disponíveis e em uso por pequena parcela de pequenos, médios e grandes produtores em seus sistemas de produção pecuários pode contribuir para evitar o desmatamento de até 75,7 milhões de hectares de floresta nativa na Amazônia Legal até 2020. Por outro lado, se forem mantidas as tendências dos últimos cinco anos, a área desmatada na região pode chegar a 21,53% no mesmo período. Hoje, esta taxa está em 13%, o que dá a dimensão do impacto num futuro próximo. Esses cenários foram apresentados pelo pesquisador Judson Valentin, em seminário realizado na semana passada, na sede da Embrapa, em Brasília.
Com base na análise preliminar, a Embrapa pretende elaborar uma proposta de pesquisa interdisciplinar e interinstitucional para auxiliar na busca de soluções para o problema do avanço da pecuária extensiva e do crescente desmatamento da Amazônia. A ação mais incisiva da pesquisa, segundo Judson Valentin, passa pela realização de um novo senso agropecuário em conjunto com o zoneamento das áreas já desmatadas. O Brasil possui um eficiente sistema de monitoramento anual dos desmatamentos e queimadas na Amazônia Legal, "falta criar um Sistema de Monitoramento do Uso das Áreas Desmatadas", propõe o pesquisador. Para ele, o cruzamento das informações socioeconômicas e ambientais possibilitará um planejamento mais efetivo pelos governos municipais, estaduais e federal.
Produtores assimilam práticas sustentáveis
De acordo com Luiz Cláudio, chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa, a recuperação de áreas degradas é uma nova realidade. Com apoio de técnicos e pesquisadores, aos poucos, os produtores estão percebendo que nem sempre a derrubada e a queima são as saídas mais eficientes. O fogo, segundo ele, transforma em fumaça nutrientes, como nitrogênio, potássio e fósforo e toneladas de carbono são lançadas na atmosfera. "As queimadas constantes esgotam a capacidade da terra, e o produtor é obrigado a fazer novas derrubadas num ciclo sem fim", avalia.
O pesquisador revela que essa tradição pode ser quebrada se o produtor souber que existem alternativas ao uso do fogo, como a correção dos solos, enriquecimento e proteção de sua camada fértil com plantas leguminosas, manejo adequado, recuperação de matas ciliares, uso de sistemas de plantio direto e controle biológico. Cláudio explica que o Projeto Reca é um bom exemplo. "Depois de anos padecendo com a baixa produtividade da terra, as cerca de 300 famílias de Vila Califórnia (RO) perceberam que o padrão sulista de produção era incompatível com o da Amazônia", frisa.
Gado e reflorestamento
Outra mudança de perspectiva é o fato dos pecuaristas passarem a investir no plantio de árvores, algo inimaginável há alguns anos. No Acre, segundo o pesquisador, mais de 50 mil mudas de espécies florestais nativas estão sendo cultivadas em diversas propriedades. A iniciativa faz parte de um projeto de arborização de pastagens, incentivado pelo governo do Estado, Embrapa Acre e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, atendendo a uma demanda dos próprios produtores.
Pesquisas mostraram que o sombreamento nas horas mais quentes do dia reduz o estresse térmico e aumenta a produtividade de leite e carne. Além disso, explica Luiz Cláudio, as árvores enriquecem o ecossistema das pastagens com a ciclagem de nutrientes e aumentam a diversidade de fauna e flora. "Num ambiente mais rico, caem as incidências de pragas e de doenças, e o produtor economiza recursos". De acordo com as projeções, até 2006, os pastos estarão comportando cerca de um milhão de árvores, o que mudará completamente a paisagem local.
Fonte: Amazonia.org.br – 11/05/2004
Resultados gerais divulgados por um relatório do governo do Estado, em 2000, mostraram que parte da região sudeste do Acre vem sendo modificada há algumas décadas por um processo de ocupação iniciado por desmatamentos e atividades agropecuárias. Ainda segundo o relatório, a derrubada da floresta e a queima da vegetação por atividades humanas foram as grandes transformadoras das paisagens acreanas e continuam a crescer muito nos últimos anos.
O objetivo principal do estudo foi de elaborar um Índice de Degradação (ID) que fosse capaz de aferir o atual estágio de degradação ambiental em que se encontram os 22 municípios do Estado do Acre, procurando, também, agrupá-los em clusters para verificar características semelhantes entre eles. Os resultados indicam que o Estado do Acre possui um ID médio de 30,74%, possuindo como ID´s mínimos os municípios de Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima com ID igual a zero e Manoel Urbano com um ID de 1,80%. A análise de cluster mostrou que determinadas regiões possuem um bom estado de conservação ambiental, no entanto, também deixou claro que alguns indicadores de degradação apresentam valores extremamente elevados.
Resultados do levantamento mostraram que desflorestamento vem aumentando no Estado, a uma taxa média de 0,35% ao ano, sendo que no período de 1994/95 esta taxa chegou a 0,86%. As regionais do Alto e Baixo Acre foram as que apresentaram os maiores índices de desflorestamentos e queimadas, pela existência de uma alta correlação entre a expansão da pecuária e o desflorestamento. Tal resultado pode ser justificado pelo fato de estas regionais possuírem a maior quantidade de projetos de colonização, assentamento e agroextrativista em relação às demais, uma vez que detém, conjuntamente, 54,83% das áreas do Estado destinadas a esta finalidade.
Com relação à capacidade de famílias, estas duas regionais representam 61,32% da capacidade total destes projetos. De acordo com os resultados do relatório final do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), realizado em 2000, as regionais do Alto e Baixo Acre apresentam maiores índices de desflorestamento e queimadas em virtude do maior ponto de concentração dos projetos de assentamentos, grandes fazendas, estradas e centros urbanos.
Apesar de apresentar índices de degradação relativamente baixos em alguns casos, isto não significa que a situação do Acre seja cômoda, pelo contrário, é muito preocupante, dado que, por ser um Estado relativamente novo e pouco desenvolvido, alguns municípios possuem um ID que ultrapassaram o valor de 60%. Portanto, fica evidente, que o processo de desenvolvimento do estado do Acre, que se concentrou nas regionais do Baixo e Alto Acre, trouxeram grandes danos ambientais ao Estado.
Uso de tecnologia reduz desmatamento A disseminação de tecnologias já disponíveis e em uso por pequena parcela de pequenos, médios e grandes produtores em seus sistemas de produção pecuários pode contribuir para evitar o desmatamento de até 75,7 milhões de hectares de floresta nativa na Amazônia Legal até 2020. Por outro lado, se forem mantidas as tendências dos últimos cinco anos, a área desmatada na região pode chegar a 21,53% no mesmo período. Hoje, esta taxa está em 13%, o que dá a dimensão do impacto num futuro próximo. Esses cenários foram apresentados pelo pesquisador Judson Valentin, em seminário realizado na semana passada, na sede da Embrapa, em Brasília.
Com base na análise preliminar, a Embrapa pretende elaborar uma proposta de pesquisa interdisciplinar e interinstitucional para auxiliar na busca de soluções para o problema do avanço da pecuária extensiva e do crescente desmatamento da Amazônia. A ação mais incisiva da pesquisa, segundo Judson Valentin, passa pela realização de um novo senso agropecuário em conjunto com o zoneamento das áreas já desmatadas. O Brasil possui um eficiente sistema de monitoramento anual dos desmatamentos e queimadas na Amazônia Legal, "falta criar um Sistema de Monitoramento do Uso das Áreas Desmatadas", propõe o pesquisador. Para ele, o cruzamento das informações socioeconômicas e ambientais possibilitará um planejamento mais efetivo pelos governos municipais, estaduais e federal.
Produtores assimilam práticas sustentáveis
De acordo com Luiz Cláudio, chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa, a recuperação de áreas degradas é uma nova realidade. Com apoio de técnicos e pesquisadores, aos poucos, os produtores estão percebendo que nem sempre a derrubada e a queima são as saídas mais eficientes. O fogo, segundo ele, transforma em fumaça nutrientes, como nitrogênio, potássio e fósforo e toneladas de carbono são lançadas na atmosfera. "As queimadas constantes esgotam a capacidade da terra, e o produtor é obrigado a fazer novas derrubadas num ciclo sem fim", avalia.
O pesquisador revela que essa tradição pode ser quebrada se o produtor souber que existem alternativas ao uso do fogo, como a correção dos solos, enriquecimento e proteção de sua camada fértil com plantas leguminosas, manejo adequado, recuperação de matas ciliares, uso de sistemas de plantio direto e controle biológico. Cláudio explica que o Projeto Reca é um bom exemplo. "Depois de anos padecendo com a baixa produtividade da terra, as cerca de 300 famílias de Vila Califórnia (RO) perceberam que o padrão sulista de produção era incompatível com o da Amazônia", frisa.
Gado e reflorestamento
Outra mudança de perspectiva é o fato dos pecuaristas passarem a investir no plantio de árvores, algo inimaginável há alguns anos. No Acre, segundo o pesquisador, mais de 50 mil mudas de espécies florestais nativas estão sendo cultivadas em diversas propriedades. A iniciativa faz parte de um projeto de arborização de pastagens, incentivado pelo governo do Estado, Embrapa Acre e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, atendendo a uma demanda dos próprios produtores.
Pesquisas mostraram que o sombreamento nas horas mais quentes do dia reduz o estresse térmico e aumenta a produtividade de leite e carne. Além disso, explica Luiz Cláudio, as árvores enriquecem o ecossistema das pastagens com a ciclagem de nutrientes e aumentam a diversidade de fauna e flora. "Num ambiente mais rico, caem as incidências de pragas e de doenças, e o produtor economiza recursos". De acordo com as projeções, até 2006, os pastos estarão comportando cerca de um milhão de árvores, o que mudará completamente a paisagem local.
Fonte: Amazonia.org.br – 11/05/2004
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