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Notícias

22
nov
2005
(GERAL)
Experiência que deu certo
O governador Jorge Viana abriu, no auditório da Federação das Indústrias do Acre, o seminário internacional “Manejo Sustentável na Amazônia Brasileira”, como laboratório a Floresta Estadual do Antimary, considerada a mais bem-sucedida experiência de exploração racional múltipla da floresta em todo o Brasil, segundo o International Tropical Timber Organization (ITTO, instituição sediada no Japão que reúne 60 países com interesse no comércio da madeira extraída sem agressão ao meio ambiente).

“Manejo sempre foi tido como uma coisa que a gente não vê”, disse o governador ao relatar as dificuldades encontradas para afirmar a sustentabilidade da Floresta do Antimary em uma época de grande tensão no Estado do Acre. “A Floresta do Antimary não corre o risco de se acabar, mas, pelo contrário, está perto de se perpetrar”, completou Viana, que foi o primeiro diretor do projeto que hoje figura entre os dois mais importantes dos 500 projetos financiados pelo ITTO em todo o mundo. O presidente da Associação dos Seringueiros e da Cooperativa Extrativista do Antimary, Chico Graças, fez uma breve exposição dos avanços obtidos pela comunidade com a implantação do projeto de manejo pelo ITTO em parceria com a Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac) e organizações não-governamentais, como a SOS Amazônia: “A vida dos moradores melhorou em vários aspectos. Antes, tínhamos muitos analfabetos, mas, hoje, não há nenhum menino acima de dez anos analfabeto”, afirmou Graças.

Segundo ele, evoluiu entre os moradores a consciência conservacionista fazendo com que, por exemplo, fosse reduzido o desperdício de caça para alimentação incorporando a agricultura no sistema de subsistência da comunidade. Assim, passou-se a matar apenas um animal ao invés de dois porque os produtos da roça reforçam a alimentação. RENDA – O manejo de uso múltiplo, que persegue a coleta e comercialização racional dos produtos madeireiros e não-madeireiros, praticamente multiplicou a renda dos extrativistas do Antimary, livrando-os dos atravessadores. O escoamento da produção também foi facilitado, utilizando-se não somente o rio, mas os ramais e a aviação. Com financiamento do ITTO, os moradores puderam construir uma pista de avião, o que reduziu de dois dias para meia hora o deslocamento de pessoas doentes para Rio Branco.

Scarcello: Antimary levou manejo para quem nunca ouviu falar do tema A experiência da Floresta Estadual do Antimary é hoje exemplo mundial porque, segundo sugere o relato de Miguel Scarcello, secretário-executivo da SOS Amazônia, envolveu em projetos de manejo sustentável gente que desconhecia completamente o assunto. Além disso, sempre enfatizou, em seu bojo, a questão da “unidade de conservação” – também de modo pioneiro e inovador.

Scarcello enumerou diversos problemas enfrentados ao longo dos 12 anos de execução do projeto, iniciado oficialmente em 1992 com o decisivo apoio do ITTO através de Manoel Sobral Filho, diretor da instituição, que fora o grupo do então Laboratório de Madeiras (hoje Funtac) liderado pelo atual secretário de Planejamento, Gilberto Siqueira, foi o primeiro a apostar no projeto. “Era de alta complexidade: apenas para regularizar a situação fundiária da Floresta foram necessários dois anos”, disse Sobral Filho.

ITTO diz que recursos para o Acre são os melhor utilizados

O diretor do ITTO, Sobral Filho, lembrou, em seu pronunciamento de abertura do seminário, que em todos os eventos em que a instituição se faz presente são lembrados os mais importantes projetos do instituto, entre eles o do Antimary, um dos dois mais influentes e exemplares do mundo. “Se não o mais importante”, disse o diretor.

O ITTO investiu US$ 1,2 milhão na Floresta Estadual do Antimary na primeira fase do projeto. Sobral mencionou também que um quarto dos recursos aplicados pelo instituto no Brasil destinam-se ao Acre. “Diga-se que é o mais bem-aproveitado recurso aplicado pelo ITTO”, completou.

No primeiro ano da utilização da reserva como uso múltiplo dos recursos naturais explorados na área, a Floresta teve uma rentabilidade de US$ 1,5 milhão (R$ 4,5 milhões), chegando a uma receita com a venda de madeira, em 2003, de R$ 250 mil.

Fonte: Página 20 – 29/04/2004

Fonte:

Neuvoo Jooble